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Trabalhador da Starbucks. Foto: Starbucks.
Trabalhadores da Starbucks, uma franquia de lojas de café, de Buffalo, Nova Iorque, estão em meio à uma campanha para formar um sindicato, mesmo após repressão da empresa contra a iniciativa. Os trabalhadores se mobilizaram durante a pandemia contra a superexploração, que se manifesta há muito tempo através dos baixíssimos salários (com os quais os trabalhadores não conseguem pagar seus aluguéis e comida) e a falta de trabalhadores nas lojas, fazendo com que todos sejam sobrecarregados sem ganhar mais por isso.
O sindicato, que terá o nome “Trabalhadores da Starbucks Unidos”, já atua através das reivindicações dos trabalhadores antes mesmo de ser oficializado. Dias antes, os trabalhadores organizados haviam apresentado petições de empregados em três lojas da área solicitando ao Conselho Nacional de Relações Trabalhistas a realização de eleições sobre representação sindical. Eles propam uma votação em duas semanas.
No USA, outros trabalhadores têm se mobilizado intensamente, organizando sindicatos independentes defendendo seus direitos já conquistados através de dura luta e reivindicando outros. No Alabama, por exemplo, houve uma grandiosa votação por construir um sindicato em um armazém da Amazon, trabalhadores da Google formaram um sindicato e desenvolvedores de jogos online lutam por formar os seus.
Starbucks poderia ‘resolver esta ou aquela questão, mas sempre há coisas novas surgindo’
De acordo com os trabalhadores da Starbucks de Buffalo, a única maneira de serem resolvidos os problemas trabalhistas que constantemente se manifestam nas lojas locais é com um sindicato.
A atual mobilização é a mais extensa campanha sindical já realizada contra a empresa, que não conta com nenhum sindicato para suas cerca de 8 mil lojas pelo país.
Os trabalhadores estão planejando realizar eleições loja por loja, cada uma com cerca de 20 a 30 trabalhadores. Pelo menos 30% dos trabalhadores elegíveis devem cartões do sindicato para se qualificarem para uma votação de sindicalização. O sindicato disse que a maioria dos trabalhadores tinham assinado cartões em cada uma de suas lojas solicitando uma votação, indicando a justeza da iniciativa de organizar os trabalhadores para lutar por seus direitos.
Em meio às atividades de organização do sindicato, os trabalhadores foram perseguidos pela empresa. Os que tomaram a iniciativa no processo eram constantemente ignorados ou rechaçados pelos gerentes, além de terem suas conversas com colegas espionadas e serem submetidos a reuniões intimidatórias.
Eles relatam, ainda, que a pandemia aprofundou problemas antigos, como o sobretrabalho consequente à falta de trabalhadores, os baixos salários, da dificuldade de cumprir as metas fixadas pela empresa, além de impor regularmente novas e mais elaboradas bebidas para que os trabalhadores preparem, exigindo ainda mais tempo e explorando-os ainda mais.
Além disso, trabalhadores que estão há mais tempo não ganham nenhum tipo de aumento ou segurança empregatícia por anos de trabalho na empresa. Ganhando sempre o mesmo desde que iniciam o trabalho.
Trabalhadores da Amazon exigem fim da superexploração!
Antes da luta dos trabalhadores da Starbucks tomar corpo, outras importantes lutas foram travadas, como é o caso dos trabalhadores da Amazon, um monopólio do comércio de eletrônicos e outros objetos, cujo dono, Jeff Bezos, é o homem mais rico do mundo.
Até abril, trabalhadores lutavam pela sindicalização frente à superexploração da empresa, que impõe aos trabalhadores longuíssimas horas de trabalho (10 horas ou mais), metas de desempenho impossíveis de serem cumpridas, o que faz com que os trabalhadores não possam sair das suas funções para ir ao banheiro ou beber água, assim como o monitoramento eletrônico para mostrar a velocidade em que eles trabalham.
A votação, apesar de ter dado resultado contra a sindicalização mediante a diversas ameaças veladas do monopólio imperialista contra o processo, gerou centenas de novas consultas sobre sindicalização de outros trabalhadores da Amazon em todo o país. Foi a primeira eleição sindical em um armazém da Amazon desde 2014, realizada por um grupo de técnicos em Delaware.
Os trabalhadores foram submetidos a “sessões de informação” e torrentes de mensagens de textos da empresa enviados aos seus celulares para os dissuadir de formarem um sindicato. Foi considerada a luta trabalhista mais importante em décadas, sendo que a Amazon se tornou o segundo maior empregador privado dos USA, com mais de 800 mil funcionários.
São centenas os relatos de ambulâncias sendo chamadas aos armazéns da Amazon. São casos comuns o fato de mulheres grávidas ficarem cerca de 10 horas em pé pegando itens, agachando, empurrando carrinhos pesados caminhando quilômetros ao total de um dia. Esta situação leva mesmo a abortos espontâneos que ocorrem dentro das fábricas.
Trabalhadores da Google e da indústria dos jogos se mobilizam pelos seus direitos
Mais cedo naquele ano, em janeiro, mais de 400 engenheiros e outros trabalhadores do Google formaram um sindicato. Os funcionários da Google exigiam aumento salarial e rechaçavam os casos de assédio.
Toda a organização do sindicato teve de ser feita secretamente, para burlar a repressão do monopólio imperialista. A indústria de tecnologia há muito reprime as tentativas dos trabalhadores de se organizarem.
Além disso, desenvolvedores de jogos pressionaram tanto a empresa Activision Blizzard com denúncias e protestos que o monopólio de jogos, um dos maiores do mundo, chegou a ser processado pelo estado da Califórnia. A empresa foi acusada legalmente de discriminação no local de trabalho, pagando menos mulheres por trabalhos iguais aos dos homens e sendo submetidas constantemente a assédio sexual na empresa.
Em geral, são antigas as tentativas de sindicalização no setor de desenvolvimento de jogos, pela exploração dos trabalhadores, com trabalho aos fins de semana para consertar problemas nos jogos e especialmente pela pressão desumana em torno das datas de entrega dos jogos.