O presidente ultrarreacionário do Estados Unidos (EUA), Donald Trump, voltou a citar tarifas contra o Canadá, a China e o México, e ameaçou taxar o Brasil, em um discurso ao Congresso ianque ontem (4/3). 2m2i6p
Trump disse que o Brasil é um dos países que sempre “usaram tarifas contra os EUA”. Ele também citou a Índia, a Coreia do Sul e a União Europeia e ameaçou lançar “tarifas recíprocas” aos citados até o dia 2 de abril.
Novas tarifas de 25% serão impostas aos produtos canadenses e mexicano e uma taxa extra de 10% será aplicada às importações chinesas a partir do dia 11 de maço. Com o adicional, as empresas chinesas terão que pagar uma taxa de 20% para os EUA.
As tarifas são aplicadas no valor percentual sobre o preço de cada produto. Ou seja, se a China exportar um item de R$ 25 mil para os EUA com uma tarifa de 20%, a empresa terá que pagar um valor de R$ 5 mil por produto.
Absolutismo presidencialista 1h5226
Trump está justificando a imposição das tarifas como uma questão de “segurança nacional” ao atrelar a cobrança aos problemas da imigração ilegal e da crise da droga fentanil no EUA. O ultrarreacionário diz que o Canadá e o México deixam entrar uma grande quantidade de imigrantes ilegais no país e o México e a China fazem vista grossa quanto ao envio de fentanil para o EUA.
Essa relação é uma justificativa para que Trump, ao tratar as tarifas como uma questão de “segurança nacional”, possa aprová-las de maneira unilateral, atropelando o Congresso. É uma forma de Trump concentrar as decisões ainda mais no Executivo, como expressão do crescente absolutismo presidencialista observado no EUA.
Ao mesmo tempo, Trump consegue impor tarifas e outras formas de subjugação a alguns dos países afetados. O México, além de sofrer a taxação, sofreu com a militarização das fronteiras.
Manobra econômica 1zw36
As tarifas de Trump afetam não somente o México, a China e o Canadá, mas outros países que usam o México e o Canadá como plataformas de exportação, a exemplo de várias potências imperialistas europeias.
O intuito de Donald Trump é forçar, com a maior pressão econômica a partir de uma posição de força, novos acordos econômicos com os países afetados, seja diretamente ou indiretamente.
No caso das potências imperialistas europeias, Trump quer, através das pressões, estabelecer relações bilaterais entre o EUA e os países do velho continente de modo a atropelar as relações da União Europeia, coalizão imperialista hegemonizada pela Alemanha. Isso foi observado até mesmo por analistas burgueses como Jesús A. Núñez Villaverde.
“Da perspectiva da União Europeia (UE), essa perspectiva anuncia problemas. Por um lado, porque podemos ver que, com todo seu poder econômico e tecnológico, ele buscará dividir e enfraquecer os Vinte e Sete, fortalecendo as relações bilaterais com cada um deles em detrimento de Bruxelas.”, disse ele, no texto “Trump no Código Imperial”, publicado no portal Real Instituto El Cano.
Villaverde pontua que a ideia de Trump é potenciar a fragmentação já existente na União Europeia através de relações de cortejo com alguns imperialistas, como o húngaro Viktor Orbán e a italiana Giorgia Meoloni, e punição a outros.
A organização revolucionária Movimento Popular Peru (MPP) reforçou, em publicação recente, que esses de fato são os planos do imperialismo norte-americano, e que também há uma convergência objetiva do governo Trump com setores da extrema-direita em outros países, como pode ser visto na intervenção de Elon Musk na “política alemã apoiando o candidato da AfD”.
O MPP pontua, contudo, que os planos de Trump não são resultado de “convicções do magnata”, e sim planos do imperialismo norte-americano atualmente personificados no mandatário.