Na manhã dessa quarta-feira (14/05), trabalhadores da Casal (Companhia de Saneamento de Alagoas) realizaram uma paralisação em protesto contra a privatização da empresa. O protesto teve concentração em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. O ato contou também com a presença de movimentos sociais e lideranças sindicais. As principais pautas da mobilização foram: o reconhecimento da água como um direito do povo, a redução das tarifas abusivas e denúncias sobre a constante falta de água em diferentes bairros de Maceió. 23363q
Está em andamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS), por meio do governo do Estado de Alagoas, um projeto para entregar ao capital privado o restante dos serviços de água que ainda permanecem sob o controle público, por meio da venda da Casal.
O governo do Estado vendeu o Sistema Catolé Cardoso através da Casal para a mineradora Braskem por R$ 108,9 milhões. O ofício enviado pelo Sindicato dos Urbanitários de Alagoas para a Casal solicitando esclarecimentos do acordo firmado entre a Casal e a Braskem, não foi respondido. O ofício solicitou perguntas sobre o acordo, em relação ao pagamento, se o valor pago seria garantido para a construção de um novo sistema de distribuição de água e o que a Braskem fará com o sistema Catolé-Cardoso. Perguntas essas que não foram respondidas.
O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas defende que serviços essenciais, em geral, se mantenham sob o controle do Estado e vem alertando para as graves consequências da privatização desses setores.
Durante o ato, os trabalhadores da Casal, com movimentos sociais e sindicatos, repudiaram veementemente a entrega do patrimônio público ao capital privado. “Estamos aqui protestando para denunciar a privatização total da água em nosso estado. Hoje estamos vendo as consequências disso, falta de água nas periferias e água com baixa pressão. Agora o estado está com esse projeto, querendo privatizar a nossa água. Eles vão vender nossa companhia de distribuição de água para pequenos grupos econômicos”, relatou um trabalhador da Casal revoltado.
Trabalhadores da Casal afirmaram que o governo do Estado não mostrou transparência em relação à venda da companhia de água.
Em entrevista ao correspondente local do AND, trabalhadores da Casal relataram seu total repúdio à privatização da empresa. “Eu, como funcionário da Casal, repudio totalmente essa entrega que o governo do Estado está fazendo. Vender uma empresa pública significa entregar à iniciativa privada que não tem compromisso com a população, com as pessoas que mais precisam. A iniciativa privada só visa o lucro. Atualmente, vemos hoje uma deficiência na questão da distribuição de água, nos três blocos que pertenciam à Casal (Bloco A, B e C) que foram vendidos. Com a privatização, não vemos melhorias, nem ao longo e nem a médio prazo. E mais uma vez o governo quer vender o que resta da Casal. Estamos aqui para repudiar esse descaso aqui no nosso estado”, disse um outro trabalhador da Casal.
O Sindicato dos Urbanitários de Alagoas espera ser recebido pelo governador Paulo Dantas (MDB), visando, mais uma vez, discutir esse processo de privatização da Casal que está em andamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, por encomenda do governo do Estado de Alagoas, para que uma outra solução seja encontrada que não seja a entrega do patrimônio do povo para a iniciativa privada.