O governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, confirmou que vai manter Guilherme Derrite como chefe da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo e realizar, em 2025, uma nova edição da Operação Verão, como foi chamada a segunda edição da Operação Escudo. A última operação, feita em 2024, acabou com um saldo de 56 civis assassinados pela Polícia Militar (PM). 345n33
Havia uma incerteza se Derrite seria mantido no cargo por conta da escalada de violência policial que ocorreu em São Paulo nos últimos dias. Na semana ada, PMs foram flagrados jogando um homem de cima de uma ponte. No mesmo período, a averiguação de registros de uma câmera da loja Oxxo mostrou que o PM que assassinou Gabriel Renan da Silva Soares no dia 3 de novembro executou o jovem com 11 tiros pelas costas.
Os preparativos para a nova escalada da repressão já começaram, com a promessa de novas bases da Polícia Militar para a região da Baixada Santista. Ao mesmo tempo, para tentar diminuir o rechaço popular ao seu governo, Tarcísio anunciou medidas cosméticas de fiscalização da ação de militares. Uma delas é o aumento de 10,2 mil câmeras policiais para 15 mil. Moradores de favelas denunciam que as câmeras não servem para reduzir a violência, uma vez que os policiais desligam os aparelhos ou cometem covardias mesmo sob registro.
Outra medida é o uso de câmeras mais tecnológicas, que podem ser acionadas à distância pelos comandos das tropas. Nada fica garantido, uma vez que os comandantes também estão envolvidos nos crimes contra o povo. Detalhe é que, em fevereiro, Tarcísio e Derrite trocaram mais da metade do coronelato da PM paulista e o subcomando da corporação. Os promovidos eram, em maioria, oriundos do batalhão Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e conhecidos pela postura “linha dura”.
O governo também prometeu anunciar treinamentos com armas não-letais e de atuação em diferentes tipos de abordagem, o que não deve resolver o problema. São vários os casos em que policiais cometeram crimes sem o uso de armas letais, como na tentativa de assassinato do homem arremessado de cima da ponte e no caso do massacre de Paraisópolis – nele, a PM matou 9 jovens sufocados com bombas de gás em uma viela.
A Polícia Civil, por sua vez, vai ter uma corregedoria dentro da Secretaria de Segurança Pública. A ideia do governo é ter uma suposta “independência” nas investigações dos crimes, e a Polícia Civil foi escolhida porque, segundo o governo, está mais infiltrada pelo crime do que a PM. Dentro da SSP, a corregedoria vai ficar submetida a um nome escolhido por Derrite.
As massas continuam descrentes que o Estado solucionará o problema da violência policial, condenam a ação das polícias por meio de protestos de rua e exigem a saída de Tarcisio de Freitas e Guilherme Derrite do governo, como feito no grande protesto que tomou a capital paulista no dia 6/12.