No último dia 25 de maio, o presidente da República Luiz Inácio visitou o Município de Guarulhos em comício na entrega das faixas marginais da Rodovia Dutra e foi recebido por uma manifestação de estudantes da UniFeSP (Universidade Federal de São Paulo) que intervieram para condenar os cortes de verbas da Educação e exigir a recomposição orçamentária das faculdades federais. Há também demandas locais, como a reforma do CAzão (o espaço do Centro Acadêmico do campus) e a ampliação no funcionamento do restaurante universitário, porém, segundo pronunciamento da reitora, a verba de todos os campi é suficiente para funcionar até setembro apenas. 4e5p1z
O protesto bradou ainda contra o arcabouço fiscal, o “novo” ensino médio (NEM), e a Polícia Militar e em defesa da resistência nacional palestina. A universidade está desde o dia 18 de março numa greve que envolve alunos, professores, e demais funcionários contra o sucateamento, e o campus de Guarulhos tem funcionado como um espaço para debates políticos e assembleias estudantis.
No dia anterior, os estudantes ocuparam o Prédio do Arco, dentro do campus, para sair em ato pela manhã. À tarde e à noite, produziram faixas e cartazes, amarraram bandeiras da Palestina pelo lugar, e realizaram atividades de confraternização. A concentração começou às 8h, e foram distribuídos para os alunos do cursinho que chegavam panfletos denunciando os cortes e outros ataques, como o NEM.
A manifestação começou por volta das 9h, fechando a Avenida Juscelino Kubitschek (principal via do Bairro dos Pimentas) até entrar na Dutra e seguir em direção ao comício no Sakamoto. A panfletagem apresentou também para os moradores e trabalhadores da região o problema do desmonte da educação pública, que ameaça as escolas e faculdades públicas com privatização e fechamento.
Ao se aproximar do comício, completamente afastado da população local e reservado para apoiadores, os estudantes, que caminhavam por uma via marginal ainda não aberta ao tráfego, foram barrados por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da segurança do PT. Nenhum deles conseguia dar uma justificativa, e, intimidados pela massa estudantil, combinaram-se num contingente de cerca de 30 indivíduos.
A manifestação avançou pelo acostamento da Dutra. Na entrada, seguranças avaliavam o conteúdo das faixas e bandeiras dos participantes. Num claro exemplo de censura, eles reprovaram a faixa da FIL (Frente Independente de Luta contra o NEM) com o dizer “Nem aceitar, nem ajustar! Revogar o NEM já!“, e a bandeira dos pedagogos da ExNEPe (Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia).
Os estudantes não desistiram, e brigaram, apontando o comportamento autoritário e típico de fascistas. Além disso, a atitude contrariava a fala do próprio Luiz Inácio de que as pessoas deviam sim criticar seu governo. Querendo novamente assustar, os seguranças chamaram PRFs em uniforme camuflado, mas novamente falharam e se viram obrigados a dar agem.
A partir daí, os estudantes deram luta por conquistar uma posição vantajosa na multidão, com o intuito de fazer visível sua causa. Já em frente às câmeras que registravam o evento para monopólios de imprensa como a Record, eles taparam o campo de visão em duas ocasiões com suas faixas de “Cadê a verba da Educação, presidente?” e “Barrar os cortes de verba com greve de ocupação!“.
Em diversas ocasiões, os estudantes foram reprimidos por seguranças e bate-paus, que tentavam tomar suas faixas e impedir seu trajeto, mas sua força, combinada à dos servidores do SiNaSeFE (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional, e Tecnológica), era maior e eles lançavam palavras de ordem como “Do arcabouço, eu abro mão! Quero dinheiro pra saúde e educação!“, “Não tem conserto, não tem remédio! Revoga já o “novo” ensino médio!“, e “É criminoso, é imoral não negociar com a greve federal!”
Sem poder ignorar, Luiz Inácio se pronunciou: “Que maravilha que é garantir o direito democrático das pessoas lutarem, das pessoas reivindicarem”, como se ele houvesse dado sequer uma palavra sobre, por exemplo, o caso mais recente de repressão dentro da ALESP (Assembleia Legislativa do Estado de SP) e como se sua própria equipe não houvesse perseguido os manifestantes no comício. Além disso, o palavreado bonito não respondia às demandas já antigas e foram os estudantes que precisaram entregar uma carta pontuando-as.
Ao fim do evento, uma massa de outros universitários, secundaristas, professores, servidores, e apoiadores que foram ao comício protestar seguiu puxando palavras de ordem, enquanto atendia a uma comitiva de imprensa o vice-presidente Geraldo Alckmin, que, no seu tempo de governador de São Paulo, ordenava a PM a agredir professores e estudantes que lutavam por salário digno e contra o fechamento das escolas.