SC: Filme acha manuscritos raros (Parte 2) 464w1n

Visita ao Rio itapocu (início do Caminho do Peabiru em SC; suas águas aparecem ao fundo, na foz antiga em Barra Velha). Da esquerda para a direita: Alexandre Peres de Pinho (diretor de fotografia do filme), pesquisadora/consultora Rosana Bond; Carolina Borges (diretora geral do filme) e Fábio K. Nunes (consultor que achou os manuscritos). Foto: Banco de Dados AND

SC: Filme acha manuscritos raros (Parte 2) 464w1n

Uma produtora cinematográfica de Florianópolis (SC), a Arrebol Produções, acaba de localizar manuscritos dos anos 1500, pouco divulgados, que irão subsidiar um filme sobre Mencía Calderón de Sanabria, uma personagem espanhola histórica quase desconhecida no Brasil. 3q6p6l

Foi ela que, chefiando três navios, trouxe na década de 1550 as primeiras mulheres europeias para povoar o território colonial da Espanha no cone sul, que englobava os atuais Paraguai, Argentina e os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

PELO PEABIRU

No Atlântico, o navio de Mencía foi atacado por piratas. E chegando em terra brasileira,ela viveu outras peripécias devido a acidentes e à hostilidade portuguesa, antes de conseguir andar cerca de 1.000 km entre o litoral catarinense e a capital paraguaia, Assunção, onde teria que assumir o posto de governadora, a primeira na história do continente.

Mencía e suas (aproximadamente) 40 donzelas casadoras usaram o Caminho do Peabiru, milenar e longa trilha indígena que unia o Atlântico ao Pacífico (sobre isto ler os livros digitais História do Caminho de Peabiru volumes 1, 2 e Extra, de Rosana Bond, através do site da Amazon).

O Peabiru começava pelo Rio Itapocu, navegando-o em canoas e/ou andando sobre suas margens, conforme a tradição indígena guarani.

Esta informação é confirmada por papéis originais, sem restar dúvida alguma. Apesar disso, um grupo de empresários e políticos das cidades catarinenses de Garuva e ville vêm propagandeando o erro de que a rota ava por tais pontos.

O NETO E A MORTE

Entre os manuscritos, alguns deles esclarecem duas dúvidas de historiadores sul-americanos e espanhóis, que já duram séculos.

A primeira é sobre o verdadeiro lugar de nascimento do neto de Mencía no Brasil. Pensava-se que acontecera em São Francisco do Sul (SC). Mas um dos manuscritos mudou a informação: o garoto, na realidade, nasceu em Laguna (SC), cerca de 250 km mais ao sul, no litoral, lugar chamado na época de Mbiaçá ou Biaçá ou Viaçá.

O bebê, batizado como Fernando Trejo y Sanabria, virou uma figura famosa na idade adulta: foi bispo de Tucumán (Argentina) e fundador da Universidade Nacional de Córdoba, a mais antiga do país vizinho e hoje sua segunda maior.

Os documentos também solucionaram outra questão: Mencía não faleceu em Assunção (capital do Paraguai) em 1593 e sim no povoado boliviano de Santa Cruz La Vieja (hoje sítio arqueológico), no mesmo ano.

O Parque Histórico e Arqueológico Santa Cruz La Vieja se localiza a 3 km da pequena cidade de San José de Chiquitos, no leste da Bolívia, numa Área Protegida de 17.080 hectares.

La Vieja foi fundada em 1561.

UM “DETETIVE” DA HISTÓRIA

Fábio Krawulski Nunes, que encontrou os manuscritos digitalizados em arquivos de Sevilha (Espanha) e Buenos Aires (Argentina), é paulistano mas há muito vive em Jaraguá do Sul (SC). Tem 44 anos e formou-se em Turismo.

Há 17 anos ele se dedica a pesquisar fontes primárias/originais principalmente dos séculos XVI e XVII e tem descoberto conteúdos excelentes sobre o ado de SC, notadamente do vale do Rio Itapocu, incluindo sua fase colonial castelhana. O Itapocu localiza-se no norte de SC, banhando várias cidades, entre elas Jaraguá do Sul, Guaramirim e Corupá.

Reportagens publicadas sobre seus trabalhos informam que Fábio é “pesquisador autodidata da historiografia quinhentista (Aleixo Garcia, Álvar N. Cabeza de Vaca, Mencía Calderón de Sanabria, entre outros personagens históricos) e arqueologia no vale do Itapocu.”

Publicou vários artigos/estudos na versão impressa do Jornal do Vale do Itapocu a partir de 2009. Alguns deles: “História sobre a extração de ouro e pedras preciosas no Vale do rio Itapocu”; “Os afrodescendentes e sua história no Vale do Itapocu”; “Documentos relacionados com o rio Itapocu a partir do século XVI/ Peabiru – 16 Partes”; “Rio Itapocu nos tempos da cartografia antiga – Século XVI – 8 Partes”;“Anton /Antônio Maller Junior, um entomologista que levou o nome da antiga Hansa Humboldt /atual Corupá para o mundo.”

Lançou oficialmente, em 2014, o documentário em vídeo “Redescobrindo o Itapocu” (disponível no Youtube).

Possui atualmente dois blogs: 

www.arqueologiavaledoitapocu.blogspot.com.br e www.peabirucatarinense.blogspot.com.br.

Imagem em destaque: Visita ao Rio itapocu (início do Caminho do Peabiru em SC; suas águas aparecem ao fundo, na foz antiga em Barra Velha). Da esquerda para a direita: Alexandre Peres de Pinho (diretor de fotografia do filme), pesquisadora/consultora Rosana Bond; Carolina Borges (diretora geral do filme) e Fábio K. Nunes (consultor que achou os manuscritos). Foto: Banco de Dados AND

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