A Frente Polisario realizou entre os dias 13 e 23 de janeiro o seu XVI Congresso, realizado em um campo de refugiados saarauís em Dakhla, na Argélia. O evento político teve como consigna “intensificar a luta armada para expulsar o ocupante e impor a soberania”. O Exército de Libertação do Povo Saarauí (ELPS), força armada da Frente Polisario, saudou o Congresso com ataques ao exército invasor do Marrocos. v6i29
Ao fim do Congresso, a Frente Polisario afirmou “apoiar incondicionalmente” a proposição da direção reeleita de retomar a luta armada contra os invasores. O XVI Congresso foi o primeiro evento deste tipo realizado pela Frente Polisario desde o fim do cessar-fogo com o exército marroquino, no dia 13 de novembro de 2020.
Mais de 2 mil delegados e delegadas estiveram presentes no evento. De acordo com o Serviço de Imprensa do Saara (SIS), o congresso “ratificou a adesão do povo saarauí à opção da resistência e à escalada da luta de libertação até a conquista da soberania sobre todo o território nacional”.
O congresso foi responsável também por reeleger Brahim Ghali como presidente da República Árabe Saarauí Democrática e como Secretário-Geral da Frente Polisario. Após assumir, Ghali afirmou que o povo saarauí está decidido a continuar sua luta e reforçou a “vontade de se sacrificar pela causa nacional”.
EXÉRCITO DE LIBERTAÇÃO DO POVO SAARAUÍ ATINGE POSTOS INIMIGOS
O SIS comunicou no dia 21/01 que o ELPS realizou múltiplos ataques às unidades invasoras do exército marroquino em forma de saudação à realização do XVI Congresso.
De acordo com os informes militares, os combatentes da Resistência Nacional saarauí realizaram no dia 21/01 um bombardeio em unidades do exército marroquino no setor de al-Farsía. No mesmo dia, a artilharia do ELPS atingiu unidades em diferentes regiões do setor de al-Mabes. Um dia antes, tropas invasoras do exército marroquino haviam sido atacadas também no setor de al-Mabes. O número real de feridos e mortos não foi divulgado.
A Frente Polisario foi formada no ano de 1973 para combater a ocupação imperialista da Espanha (que ocupou o país entre 1884 até 1975) no Saara Ocidental. Em 1975, a Espanha retirou suas tropas do país e firmou um acordo com a Mauritânia e o Marrocos para continuar a dominação no país. O acordo proposto pela Espanha dividiu o Saara Ocidental em duas partes: a sul, sujeita ao domínio mauritano, e a norte, ocupada pelo Marrocos. Além disso, o acordo deixou intocado o o do imperialismo espanhol aos recursos naturais do Saara Ocidental. Em 1979, a Mauritânia assinou um acordo com a Frente Polisario e retirou suas tropas do país. O Marrocos, por sua vez, expandiu o domínio pelo território saarauí e tornou-se, assim, o principal alvo da Resistência Nacional.
Em 1991, as duas forças declararam um cessar-fogo em preparação para um referendo que aconteceria no ano seguinte. O referendo nunca aconteceu e o Marrocos segue até hoje a perpetuar a ocupação do Saara Ocidental e a subjugação de seu povo. Em 2020, a Frente Polisario – que nunca se desorganizou nem desarmou seus combatentes – decretou que ingressaria novamente na luta armada e voltou a realizar ações contra os invasores.
Imagem em destaque: Exército de Libertação do Povo Saarauí em desfile. Foto: Farouk Batiche/AFP