Na semana de 9 de dezembro, 10 trabalhadores foram resgatados em condição de trabalho servil numa apanha de frangos no município de Arvorezinha, na região do Vale do Taquari (RS). A operação foi realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), acompanhado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e Polícia Rodoviária Federal, em uma empresa terceirizada que fornece os frangos à unidade da JBS de o Fundo, norte do RS. 6z3m2
Os trabalhadores de 21 a 33 anos, um argentino, um gaúcho e oito nordestinos, viviam em condições insalubres: dormiam em colchões no chão, não tinham alimentação adequada ou o a água e avam longas horas trabalhando além do limite. A fiscalização ainda constou não pagamento de salários e verbas trabalhistas, aliciamento e endividamento.
Este não é o primeiro caso envolvendo a JBS. Em 2023, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados (Sindaves) denunciou a empresa de manter trabalhadores terceirizados em condições degradantes e 15 indígenas em situação de trabalho servil em Sidrolândia, Mato Grosso do Sul (MS). O histórico de violações trabalhistas e trabalho servil remonta até 2010, envolvendo sempre fornecedores ou empresas terceirizadas. No ano de 2013, por exemplo, um fazendeiro, fornecedor de gado, mantinha há dez anos o trabalhador Eduardo Joaquim sob trabalho forçado, isolado, sem o à água ou moradia adequada, em Dourados, MS. O monopólio reage do mesmo modo aos casos: cortam contrato com o fornecedor, afirmam que exigem o cumprimento das leis e que não possuem responsabilidade acerca do fato.
Rio Grande do Sul segue em alta dos casos de trabalho servil 506n1i
Segundo levantamento do MTE, contando o caso de Arvorezinha em 2024, foram 91 trabalhadores resgatados, uma queda de 74% em comparação a 2023 com 348 resgates, e 41% a 2022 com 156. Apesar disso, na série histórica, os casos continuam em alta desde 2018 quando não houve registro algum, o corrente ano inclusive supera 2013 quando 44 trabalhadores foram resgatados.
O ano de 2023 contabilizou sozinho 207 trabalhadores resgatados em Bento Gonçalves, região da Serra. Os trabalhadores entre 18 e 27 anos, vindos em maioria da Bahia, encontravam-se em condições degradantes, trabalhavam das 5h até as 20h sem pausas, alimentavam-se de comida estragada, sofrendo espancamentos, ameaças e agressões com spray de pimenta e choques elétricos. A empresa Fênix Serviços istrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA fornecia a mão de obra às vinícolas Aurora, Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. O Pedro Augusto de Oliveira Santana chegou a ser preso, mas pagou 40 mil reais em fiança e pode responder pelo crime em liberdade.