RR: Tropa de choque do Bope executa duas ações violentas contra comunidades indígenas em 15 dias 6i56d

RR: Tropa de choque do Bope executa duas ações violentas contra comunidades indígenas em 15 dias 6i56d

Em apenas 15 dias policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) realizaram dois covardes ataques contra moradores de duas comunidades na Terra Indígena (TI) Pium e Raposa Serra do Sol, ambas localizadas no estado de Roraima (RR). As ações truculentas realizadas pelo Bope feriram mais de 10 indígenas e destruiu cerca de 15 casas por meio de incêndios criminosos.  i3c7

Outros ataques recentes foram repelidos pelos povos que vivem nestas TIs. Junto aos povos indígenas de RR, eles enfrentam uma grande escalada de ações reacionárias que tem como objetivo espoliar os territórios indígenas. Estas ações são promovidas pelo latifúndio, as grandes mineradoras que promovem o garimpo, e por monopólios imperialistas, todos estes em conluio com o velho Estado que age através de aparatos como a polícia e o judiciário.

A ação reacionária do Bope na TI Pium

No dia 1 de dezembro, 17 agentes do Bope realizaram uma truculenta ação de despejo na TI Pium, localizada na região de Tabaio, município de Alto Alegre (RR). Durante a ação, policiais feriram dois jovens e incendiaram cerca de 15 casas. A ordem de despejo que beneficia os latifundiários Caio Roncon Modotti e Juliana Roncon Modotti (que alegam ser proprietários das terras indígenas) foi emitida pela juíza Sissi Marlene Dietrich Schwantes.

Bope invade TI Pium e ataca indígenas. Foto: Conselho Indígena de Roraima (CIR)

O judiciário do estado de RR autorizou explicitamente o uso da força policial contra a comunidade durante o despejo. 

Por volta das 6h as tropas policiais iniciaram a ação de despejo contra aproximadamente 118 famílias indígenas. No momento do ataque, os indígenas preparavam seu café da manhã e iriam dar início a mais um dia árduo de trabalho na terra.

Os indígenas foram atacados pelos policiais com tiros de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. No local haviam mulheres e crianças, dois jovens foram feridos.

Assista o vídeo: 

Os supostos proprietários

Os indígenas relataram que no mês de abril, dois latifundiários da família Modotti ordenaram aos funcionários a devastar as terras da comunidade onde era cultivada ervas medicinais para realização de plantio de soja.

A TI Pium foi homologada há mais de 30 anos. Os latifundiários alegam ser donos da terra desde 1991, no mesmo ano em que a TI foi demarcada, porém dizem que só “perceberam” a ocupação dos indígenas nas terras em maio deste ano.

Contudo, estes latifundiários não são os únicos interessados na TI. Segundo relatado pela comunidade em maio, Leonardo Penna Firme Tortarolo, filho de Espólio de Edgardo Luis Tortarolo, alegando ser “herdeiro” de 343,7 hectares, tentou realizar o georreferenciamento do imóvel. A ação foi impedida pela comunidade indígena.

Ação violenta do Bope contra povo Macuxi na TI Raposa Serra do Sol

No dia 16 de novembro – cerca de 15 dias antes do ataque à TI Pium – policiais do Bope realizaram uma ação truculenta com armas de fogo, tiros de bala de borracha e bombas de gás lacrimogêneo contra indígenas do povo Macuxi na TI Raposa Serra do Sol, localizada no nordeste do estado de Roraima. Durante a ação, dez pessoas ficaram feridas, entre elas haviam idosos e mulheres.

Segundo as denúncias, os policiais chegaram atirando contra os indígenas na comunidade. Uma das vítimas foi submetida a uma cirurgia para retirar a munição que ficou alojada em seu peito após o ataque. Outra foi atingida na perna e ficou com dificuldade de caminhar.

Indígena da Terra Raposa Serra do Sol atingido por disparos da polícia em 16 de novembro. Foto: CIR

A justificativa dos reacionários para ação violenta praticada pelo Bope foi impedir o monitoramento das terras organizado pelos próprios indígenas. De acordo com os Macuxis, esse monitoramento de foi organizado há muitos anos para impedir a invasão de pessoas não indígenas devido ao aumento do garimpo ilegal, citando o agravamento da situação precária na TI dos Yanomani que ocorre diante da negligência e conivência do velho Estado. Além disso, visava evitar a entrada de bebida alcoólica na comunidade.

A TI Raposo Serra do Sol é uma das maiores Terras Indígenas do país. Homologada em 2005, possui cerca de 1,7 milhão de hectares onde vivem mais de 20 mil indígenas. 

Assista o vídeo:

A luta pela terra em Roraima se intensifica 

O estado de Roraima tem sido alvo das mais recentes tentativas de saqueio pelas classes dominantes.

Segundo o Relatório de Violência Contra os Povos Indígenas no Brasil – Dados de 2020, publicado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no ano de 2021, em meio aos conflitos territoriais, 66 indígenas foram assassinados no estado de RR. Dentre estes estão dois jovens assassinados a tiros em uma pista de pouso, por garimpeiros que invadiram a TI Yanomami.

O governo militar de Bolsonaro e generais tem sido amplamente denunciado por suas investidas contra os povos indígenas. Durante uma visita realizada por Bolsonaro ao estado de RR em 2019 a TI Raposa Terra do Sol, ele apontou o que verdadeiramente vislumbra os reacionários com as invasões aos territórios indígenas no estado: “Em Roraima, tem R$ 3 trilhões embaixo da terra”, disse ele.

Os ataques por parte dos aparatos de repressão do velho Estado apresentam números também alarmantes:

O encarceramento da população indígena é a terceira maior do país. De acordo com o relatório, “entre 2018 e 2020, a quantidade de indígenas privados de liberdade no estado de Roraima aumentou em impressionantes 574%”, ando de um total de 27 para 182.

O Exército brasileiro distribuiu 66 mil comprimidos de cloroquina, de 150 mg, em comunidades indígenas no estado de Roraima, especialmente na TI Yanomami. O medicamento supostamente destinado a combater a Covid-19 não tem comprovação científica.

Além disso, conforme denunciou o AND, armamentos de controle exclusivo pelo Exército e de uso foram utilizados por garimpeiros ligados ao narcotráfico. Os artefatos, que somente podem ser adquiridos pelas Forças Armadas ou pelas forças de repressão oficiais, são usados pelos grupos paramilitares que atacaram desde maio de 2021 por um longo período quatro comunidades Yanomami localizadas na região Palimiu em Roraima.

Houve ainda no estado números recordes de devastação das terras indígenas pelos invasores e avanço sobre povos indígenas isolados.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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