No dia 15 de maio, manifestantes reuniram-se em frente a sede da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) para protestar em defesa da água e contra a privatização da estatal. A concentração para o ato foi na entrada do edifício, na região central da capital carioca. O protesto marcou mais um episódio da luta pela água, que ganha ares cada vez mais combativos. 69191d
O ato foi convocado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saneamento e Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Sintsama-RJ), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Rede Vigilância, e teve a participação de diversas entidades sociais. Carros de som, megafones, bandeiras, panfletos e cartazes foram utilizados pelos manifestantes para chamar atenção à luta contra a privatização da Cedae.
Denúncias contra o governo estadual 6n351z
Os manifestantes denunciaram a baixíssima qualidade dos serviços de saneamento básico e água ofertados no Rio e culpabilizaram o governador reacionário Cláudio Castro (PL-RJ), que vendeu os serviços da Cedae para a iniciativa privada. A empresa Águas do Rio detém concessão dos serviços públicos leiloados pelo governo estadual em 2021. Desde então, a população tem percebido um constante declínio na qualidade da prestação.
Também protestaram contra o elevado preço da conta de água, que em muitos lugares chega a superar a conta de luz, mesmo com a decadência na prestação do serviço. Em muitos casos, este alterna entre a insuficiência e a completa inexistência, o que se reflete pela diminuição da distribuição, frequentes faltas de água e atrasos de reabastecimento. Há relatos de casos em que a água, de péssima qualidade, apresenta coloração barrenta nas torneiras e sinais de estar imprópria para uso, aumentando os riscos sanitários para a população.
Carlos Alberto Bezerra, morador de Vigário Geral, relatou ao correspondente local de AND que a Águas do Rio está com a conta muito cara. “Todos nós estamos reclamando, de todas as comunidades, que a água está um absurdo!”, e encerrou dizendo: “Queremos Águas do Rio fora!”. Carlos já havia sido entrevistado em outra manifestação contra a privatização da água, também coberta por AND.
Tereza, moradora de uma ocupação em Vigário Geral, relatou ao AND que a Águas do Rio chegou lá quebrando as calçadas, e também nos conta: “Chegamos a pagar três contas de água absurdas! Não podemos mais pagar, porque a maioria [dos ocupantes] são bolsistas, não trabalham, e eles exigem esse pagamento. Agora a água chegou a R$ 30 mil e nós não temos como pagar. Não tem condições de se pagar esse preço exorbitante”, disse ela. Destacou também que há a luta pela taxa zero, principalmente nas comunidades de Vigário Geral: “Todos nós sabemos que água é vida”, e concluiu o relato enfatizando a importância da união entre as comunidades e seus líderes na luta pela água.
Mesmo com as crescentes denúncias de queda na qualidade do serviço, insuficiência e atrasos no reabastecimento, dentre outras, o governo do Rio ainda pretende continuar o processo de privatização da Cedae, tudo para servir os interesses da iniciativa privada que terá exorbitantes lucros às custas da população, que sofre com o serviço precarizado. Recentemente, foi também registrado um gasto injustificado de R$ 1,7 milhão em carros blindados sob o pretexto de “proteger os interesses” da empresa.
Tudo isso é parte de um quadro geral de sucateamento dos serviços públicos e essenciais à população, que são crescentemente vendidos para bilionários e magnatas do setor privado, cujo lucro advém da carestia das massas populares – nisso consiste, em grande medida, precisamente os objetivos exploratórios da iniciativa privada impulsionada pelas aspirações privatistas do governo estadual.