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Garis realizam protesto no centro do Rio de Janeiro. Foto: Felipe Grinberg
Desde o dia 28 de março, garis que trabalham para a Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro (Comlurb) estão em greve. Os trabalhadores lutam por um justo reajuste salarial e por outros direitos que estão sendo negados pelo prefeito reacionário Eduardo Paes (PSD).
Mesmo antes de iniciarem a paralisação, os trabalhadores já vinham fazendo atos em frente a sedes de órgãos do velho Estado e protestando em importantes vias expressas, como o fechamento da avenida Brasil, no dia 23 de março.
Os garis exigem um reajuste de 25% nos salários e no ticket alimentação, a conclusão do Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS) e a implantação do Adicional de Insalubridade para os Agentes de Preparo de Alimentos (APAs). Os trabalhadores já estão há três anos sem reajuste, mesmo com a alta inflação.
“Não houve nenhum momento na história da Comlurb onde ela apresentou uma proposta boa. Todas foram conquistadas em luta, com os trabalhadores se manifestando, protestando e fazendo greve. A mais recente, quando tivemos um bom aumento, foi em 2014. Naquela época, a empresa também apresentou uma proposta muito ruim, de 3%”, afirmou o gari André Balbina, que acabou sendo perseguido e demitido pela Comlurb após participar ativamente da histórica greve de 2014.
Com a greve dos garis, o lixo está se acumulando por toda a cidade, causando infestação de animais como ratos e baratas e trazendo o risco de doenças para a população. Mesmo assim, o prefeito reacionário Eduardo Paes se recusa a atender a demanda dos trabalhadores. Ao contrário, contratou empresas privadas para fazer o serviço, fato que causou a revolta dos garis pois o município tem dinheiro para contratar empresas terceirizadas mas não para pagar um salário digno aos servidores que fazem parte do quadro de serviços essenciais.
No dia 1º de abril, devido à forte chuva que atingiu a cidade do Rio de Janeiro, o Sindicato dos empregados de empresas de asseio e conservação do município do Rio de Janeiro (Siemaco-Rio) decidiu suspender a greve para ajudar a população, contudo frisam que a greve não está encerrada, e definiram que a paralisação seguirá a partir do dia 4 de abril se o prefeito Eduardo Paes continuar se negando a atender as demandas dos trabalhadores da limpeza urbana. Porém essa suspensão causou indignação nos trabalhadores da Comlurb, que já haviam votado pela manutenção da greve em uma assembleia realizada no dia 31/03.
Histórica greve dos garis em 2014
Os garis da cidade do Rio de Janeiro realizaram uma greve histórica em 2014, na qual conseguiram derrotar o prefeito Eduardo Paes – o mesmo que agora se apresenta como irredutível na negociação. Os trabalhadores garantiram suas demandas depois de muita luta e repressão.
Os servidores também venceram o sindicato pelego que buscava um acordo com a prefeitura para barrar a greve e os oportunistas que apregoavam que não era uma boa ideia uma greve no ano da farra Fifa (Copa de 2014) e durante o carnaval.
Os garis realizaram dois grandes protestos pelas ruas do centro do Rio na véspera e no sábado de carnaval, sendo brutalmente reprimidos pela Polícia Militar que utilizou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo contra os trabalhadores.
Mesmo diante da repressão de reacionários e oportunistas, os garis conseguiram o apoio da população carioca e seguiram com os protestos durante os dias de festa na Sapucaí.
O monopólio da imprensa, também cumpriu seu papel reacionário e serviu de porta-voz da prefeitura do Rio e do carrasco Eduardo Paes. Por meio destes veículos foram espalhadas diferentes mentiras sobre os trabalhadores em greve, em uma medida que buscava isolar os garis das demais massas populares. Paes chegou a chamar os trabalhadores de “bandidos” e “delinquentes”, por meio de uma reportagem que saiu no monopólio O Globo.
O gerente municipal, provando mais uma vez a sua sanha reacionária, chegou a colocar seguranças privados e a tropa de Choque da PM para escoltar os caminhões de lixo, de maneira a intimidar e amedrontar os trabalhadores.
Nos oito dias de greve, milhares de garis cruzaram os braços e fizeram manifestações diárias, durante todo o dia, reforçando o apoio da população ao movimento. As montanhas de lixo cresciam, enquanto a prefeitura, a Comlurb e o sindicato insistiam em dizer que a greve era fruto da ação de uma minoria. Eduardo Paes reforçou sua posição antigreve e elevou o número de demissões para 1.100. Pela justeza da luta, a população apoiou massivamente a luta dos trabalhadores.
Encurralados, os representantes do velho Estado foram forçados a ceder e concordaram em atender às reivindicações da categoria. Foram conquistados piso salarial de R$ 1.100 (226 acima do oferecido inicialmente pela prefeitura) e o aumento no valor do ticket refeição de 12 para 20 reais por dia.
Com isso, a greve dos garis se mostrou um dos maiores exemplos de luta classista, independente e combativa da história recente do Rio de Janeiro e um exemplo a ser seguido pelos trabalhadores do Brasil e do mundo que anseiam lutar contra a carestia e a emancipação do proletariado para além das lutas burocráticas impostas pelos sindicatos pelegos.