Um evento sobre a criminalização da luta camponesa no México e no Brasil reuniu em torno de 40 pessoas em um auditório da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), na noite do dia 30 de março. O evento foi organizado pelo Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos (Cebraspo) e teve como pontos principais os ataques a camponeses e acampamentos da Liga dos Camponeses Pobres (L), em Rondônia, e os despejos, sequestros e assassinatos de camponeses e indígenas que rondam a construção do Corredor Interoceánico do Istmo de Tehuantepec (Ciit), no México. 3b2y4r
A atividade foi iniciada às 18h, quando o vídeo de uma manifestação em frente ao Consulado do México, no Rio de Janeiro, foi exibido para os presentes. Por todo o auditório, cartazes com fotos de manifestações da L, no Brasil, e da Corrente do Povo – Sol Vermelho (-SV), no México, davam o tom de solidariedade com a luta camponesa nacional e internacional.
Após a exibição do vídeo, a professora Dra. Maria de Fátima Siliansky, presidente do Cebraspo, apresentou o tema do evento e os palestrantes. Estavam na mesa de debate Felipe Nicolaul, presidente da Associação Brasileira de Advogados do Povo (Abrapo) e Maurício Campos, ativista social. Ambos os palestrantes denunciaram a criminalização da luta camponesa no México no Brasil e como os megaprojetos do imperialismo acompanham o aprofundamento da militarização nesses países.
Sobre a situação do Brasil, foram denunciados sobretudo os assassinatos dos camponeses Raniel Laurindo e Rodrigo Hawerroth, torturados e executados durante uma operação contra o acampamento Tiago Campin dos Santos, em janeiro, e a prisão da liderança e ativistas da Frente Nacional de Lutas – Campo e Cidade. Acerca do México, o debate centrou-se na denúncia ao megaprojeto imperialista do Ciit e os sucessivos despejos, desaparecimentos forçados e assassinatos que rondam as construções do megaprojeto.
Uma série de intervenções sobre o tema seguiu a exposição da mesa. Estudantes e trabalhadores presentes no evento demonstraram a indignação com o Ciit e outros megaprojetos do imperialismo na América Latina e a consequente militarização e a criminalização da luta camponesa que os acompanha. Questionamentos sobre o megaprojeto e a situação do México foram respondidos pelos palestrantes. Após duas rodadas de intervenções, o debate foi encerrado pelos palestrantes com falas finais que centraram-se em torno da denúncia da crescente atuação golpista dos militares brasileiros nos últimos anos, rememorando o golpe militar que ocorreu nos dias de 31 de março e 1° de abril de 1964.