Prisão de ex-militar bicheiro revela envolvimento de policiais em grupo de extermínio e contravenção 405m34

Seis policiais militares e civis foram presos em envolvimento com grupo de extermínio e contravenção. Outros policiais eram envolvidos em "esquemas" do grupo.
Ex-militar e bicheiro, "Capitão Guimarães". Foto: Sheila Guimarães

Prisão de ex-militar bicheiro revela envolvimento de policiais em grupo de extermínio e contravenção 405m34

Seis policiais militares e civis foram presos em envolvimento com grupo de extermínio e contravenção. Outros policiais eram envolvidos em "esquemas" do grupo.

As prisões do ex-capitão do Exército e bicheiro Ailton Guimarães Jorge (o “Capitão Guimarães”) e outras 12 pessoas no dia 1° de setembro, no Rio de Janeiro, revelaram a participação massiva de policiais militares (PMs) e civis em grupos de extermínio, em casos de contravenção e em “esquemas” de corrupção chefiados por Ailton. A revelação se soma à longa lista de casos de envolvimento dos agentes de repressão com grupos desse tipo. 4057z

Guimarães é acusado de chefiar uma quadrilha voltada à homicídios (os conhecidos “grupos de extermínio”) e jogos de azar com atividade em Niterói, Ilha do Governador, São Gonçalo e até mesmo em cidades do Espírito Santo. As atividades de Guimarães são antigas. O bicheiro foi investigado pela primeira vez em 1971, quando ainda era capitão do Exército e membro do Departamento de Operações de Informações do regime militar. Na época, ele foi inocentado da acusação, mas foi investigado e preso novamente em 1974, três anos depois. Desde então, Guimarães já foi preso mais cinco vezes por diversas acusações, dentre elas outros esquemas que envolveram policiais, inclusive federais.

Dos 13 alvos das prisões preventivas contra o grupo de Ailton no dia 01/09, seis eram policiais. Pelo menos três deles foram presos em flagrante. Uma dupla de policiais militares foi presa logo no início da manhã, interceptada na ponte Rio-Niterói em um carro com R$ 130 mil em espécie. O destino do veículo era a casa de Marcel Rios Werneck, genro de Guimarães e apontado como tesoureiro da quadrilha. Mais tarde, um policial civil foi preso enquanto transportava dinheiro da Região dos Lagos para Niterói. 

Além dos seis policiais presos, um outro policial civil integrante do grupo já havia sido preso em dezembro do ano ado, quando uma outra operação mirou o grupo de Guimarães após o assassinato do pastor Fábio Sardinha, supostamente assassinato pela corja do ex-militar após ter desviado dinheiro do bando. O policial era Alzino Carvalho de Souza, descrito como “personagem essencial da quadrilha” e atualmente preso. Apesar da prisão, Alzino ainda não foi expulso da corporação e continua na folha de pagamento. Somente entre janeiro e junho deste ano, o policial recebeu cerca de R$ 59,8 mil em salários. 

‘Esquemas’ 4oq5a

Além da participação direta no grupo de Guimarães, policiais civis foram acusados de participar de “esquemas” de corrupção com o bando na Ilha do Governador. A acusação partiu de um ex-integrante da própria quadrilha. Segundo ele, a atuação baseava-se no pagamento de policiais e outras pessoas para se apresentarem na delegacia como apontadores do jogo do bicho. A intenção era gerar boletins de ocorrência em relação à prática e, assim, criar dados sobre o “combate à contravenção” no bairro. Ainda segundo o ex-integrante, a prática era feita “porque ia ficar estranho não ter ocorrência do jogo do bicho na Ilha do Governador”.

O escândalo do caso forçou o próprio Ministério Público a itir que o grupo cultivava uma “relação umbilical de corrupção com agentes de segurança [policiais]”. Contudo, tal tipo de relação dos grupos de extermínio e contravenção com policiais militares, civis e federais não é exclusividade de Guimarães. 

Somente esse ano, outros dois casos escandalosos no Rio de Janeiro deixaram claro o envolvimento de PMs na chefia de grupos de extermínio. Em um dos casos, o policial acusado como cabecilha do bando ainda trabalhava na corporação e era responsável pelo recrutamento de outros policiais. Nesse cenário de generalização do envolvimento de policiais e demais agentes da repressão com esses bandos, comprova-se cada vez mais que não há exceção: a prática vai desde as bases e comandos das PMs até as polícias civil, federal e, como o próprio Guimarães comprova, as próprias Forças Armadas.

A consequência desse envolvimento são várias, entre elas o domínio completo de territórios por parte dessas forças armadas reacionárias (no caso concreto, de policiais). Uma vez consumado o controle territorial, as massas trabalhadoras são submetidas a opressão brutal, não sendo raros os casos de assassinatos, sequestros e desaparecimentos forçados dos que não se adequarem às regras impostas – que am desde pagamento de taxas até a proibição de determinadas atividades de lazer pelos moradores. 

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