A população de Pirapora do Bom Jesus, região metropolitana de São Paulo, está realizando hoje (20/05) uma ativa mobilização contra a instalação de um mega-aterro sanitário na cidade. O protesto faz parte de uma jornada de lutas dos moradores para deter a iniciativa que pode transformar a cidade em uma verdadeira exposição de lixo à céu aberto. De acordo com a justiça burguesa, hoje é o último dia para impedir legalmente a construção dos lixões. 3u4o63
Há meses, a população de Pirapora do Bom Jesus é alvo de uma ação criminosa orquestrada pela prefeitura em conluio com os interesses obscuros de empresários locais. Os projetos da instalação de três aterros sanitários, dois deles em uma Área de Proteção Permanente (APP) do município, configuram gravíssimo crime contra a saúde das massas populares e o patrimônio natural.
Como já noticiado pelo AND, o despejo de lixo ganhou notoriedade no começo de abril, quando vários caminhões carregados com entulho aram a ter autorização para circular pela cidade com o objetivo de descarregar cerca de 7 mil toneladas de resíduos sólidos por dia.
Oriundo de toda a região metropolitana – exceto da própria cidade -, o amontoado de lixo destinado ao descarte em Pirapora é 541 vezes maior do que o volume de resíduos gerado pelo município, que soma apenas 12,89 toneladas diárias.
A empreitada dos aterros planeja converter a pequena Pirapora, de 18 mil habitantes, na “cidade-lixão” do estado de São Paulo, prevendo o recebimento de ao menos 93.240.000 toneladas de lixo ao longo dos 40 anos de operação.
Desde o dia 30 de abril, a nefasta iniciativa, primeiramente conduzida pela empresa Ecoparque Pirapora Ambiental S.A com autorização da prefeitura, conta também com a adesão de uma nova empreiteira: a Silcon Ambiental S.A, que entrou com licença para a construção de um terceiro aterro sanitário, ampliando ainda mais o destrutivo “mega-aterro”, como ficou conhecido.
Esta ampliação, que eleva o mega-aterro para a “Classe 1” (sinalização de alto risco definida pela Companhia Ambiental do Estado/CETESB), permite que o descarte de resíduos altamente inflamáveis, corrosivos, tóxicos e patogênicos seja realizado deliberadamente nos aterros, o que pode acarretar na contaminação geral da cidade e na devastação do meio natural.
Ao descobrir a tramitação silenciosa dos projetos do mega-aterro, a população de Pirapora do Bom Jesus rapidamente se mobilizou contra os mesmos. O resultado da luta popular travada por centenas de moradores dentro e fora da Câmara Municipal, no dia 15 de abril, foi a proposta de um projeto de lei que previa barrar este tipo de empreendimento no município. Para tornar-se lei oficialmente, era necessário o aval do prefeito.
Nesta segunda-feira (19 de maio) tornou-se público que o prefeito Gregório Maglio (MDB), aliando-se aos interesses escusos dos magnatas envolvidos no caso, vetou o projeto de lei arduamente conquistado pela manifestação popular. Tal canetada evidencia o desgaste do “digníssimo” em justificar a implantação arbitrária e criminosa do mega-aterro.
Por vezes, quando procurado, o prefeito apostou em tentativas vexatórias de “tranquilizar” a população, afirmando que os projetos seriam “positivos” para a cidade, como também acusava as denúncias de serem “fake news de perdedores”, mas sempre sem trazer provas ou quaisquer fundamentos.
A partir de sua última ação, fica claro que a prefeitura tomou mesmo o lado dos magnatas e dos demais inimigos do povo, que se beneficiam financeiramente da perpetuação do crime ambiental e do ataque aos direitos elementares das massas.
Muitos políticos da cidade permaneceram silenciosos em relação à violação. Dos 9 vereadores, apenas três manifestaram-se contra o mega-aterro. As lideranças religiosas, que costumam ter muito prestígio na “Cidade da Fé Viva” (como é conhecida Pirapora), temeram se posicionar por medo de intimidação ou represália por parte dos figurões da prefeitura.