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Manifestantes carregam faixas denunciando a violência. Foto: Banco de Dados AND
No dia 7 de novembro, moradores da Comunidade Portelinha de Curitiba fecharam uma das principais vias da região em repúdio à execução do jovem Eduardo Felipe, 17 anos, morto a tiros pela Polícia Militar (PM) na noite do sábado, 06/11.
Segundo relatos dos moradores, por volta das 21 horas no sábado o Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) iniciou uma operação na Comunidade. A movimentação chamou atenção da população. Durante toda a noite, muitos ficaram alertos para a atuação dos militares. Alguns moradores foram coagidos pela polícia a entrarem em suas casas e permanecerem lá.
Os moradores relatam ainda que pouco após o Bope solicitar reforço da PM, foi possível ouvir aproximadamente 15 tiros seguidos. Preocupados com a situação, os moradores começaram a mandar mensagens uns para os outros para certificarem-se de que estava tudo bem. Minutos depois, perceberam que a pessoa da qual não tiveram resposta foi do jovem Eduardo, conhecido como Zé na comunidade.
Buscando saber o que ocorreu, os moradores dirigiram-se ao local dos tiros mas foram barrados pela policia. Questionados pela população, os militares responderam: “se quiserem saber alguma coisa, vão no Instituto Médico Legal (IML)”.
De acordo com a polícia, a morte do rapaz resultou de um confronto. Porém, tal discurso é amplamente contestado pelos moradores, que questionam: “Que conflito é esse que ele só leva tiro nas costas? E pra que tanto tiro assim?”.
Os moradores afirmaram tanto em entrevista quanto em palavras de ordem que “não foi confronto!”. Eles também gritavam: “O que a polícia é? Assassina!”. É consenso entre os moradores de que não se trata de um caso isolado, mas sim recorrente na comunidade.
Marca de tiro no local do assassinato Foto: Reprodução
Apesar do assassinato ter acontecido por volta das 23 horas, o corpo só foi retirado do local ás 2 horas da madrugada. Durante esse período houve uma grande circulação da polícia, com mais de 20 viaturas e inclusive a presença de comandantes da corporação.
Logo após a retirada das tropas da comunidade, os moradores indignados foram às ruas em forma de protesto, mas foram orientados pelo presidente da associação de moradores a voltar para suas casas e realizarem o ato no outro dia pois ainda era de madrugada e ninguém veria o protesto, correndo ainda o risco de maior repressão por parte da polícia.
Moradores bloqueiam a rua com barricada em chamas. Foto: Guilherme Araki|@arakigdb
COMUNIDADE SEGUE LUTANDO POR JUSTIÇA
Diante da injustiça, os moradores marcaram outro ato no dia 09/11, um dia após o enterro do jovem. A manifestação contou com aproximadamente 150 pessoas, que carregavam faixas denunciando todo a política genocida do velho Estado contra o povo pobre. O ato deu sequência à mobilização que dias antes havia bloqueado as ruas com barricadas de pneus em chamas.
Durante a manifestação os presentes fizeram falas denunciando a truculência policial na comunidade. Eles também exigiram o fim da violência e da injustiça contra os moradores. Em homenagem ao “Zé”, os manifestantes cantaram a música “Eu só quero é ser feliz”.
Durante todo o período da concentração, as forças policiais mantiveram uma ostensiva vigilância, acompanhando toda a manifestação no objetivo de intimidar os manifestantes, que se mantiveram firmes e entoaram palavras de ordem dando continuidade ao ato.
Em entrevista ao AND, moradores afirmam que não irão se calar e continuarão lutando até conquistarem justiça. “Eles podem vir com as armas, nós vamos com pedras”, disse um dos presentes.
Manifestantes carregam faixas. Foto: Banco de Dados AND
Manifestantes carregam faixas. Foto: Banco de Dados AND