No início da tarde de 08 de dezembro, estudantes ocuparam o segundo andar do bloco de Psicologia do campus Prédio Histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na Praça Santos Andrade. A ocupação ocorre em repúdio aos recentes bloqueios orçamentários promovidos pelo governo militar genocida de Bolsonaro e pelo Ministério da Educação (MEC) contra as universidades e institutos federais. Além disso, os estudantes exigem a abertura do RU Central durante o recesso acadêmico, a contratação de professores para o curso de Psicologia, o aumento de bolsas em valor e disponibilidade, dentre outras demandas. 4y6sf
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A ocupação foi resultante de uma combativa manifestação que contou com cerca de 50 discentes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Após concentração no pátio do campus Reitoria, os estudantes marcharam em direção à Praça Santos Andrade portados de bandeiras, cartazes e faixas com as consignas Se o MEC recuou, nós vamos avançar! Devolvam toda a verba!, Psicologia em estado de mobilização, Abaixo ao EaD, dentre outras.
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Ao chegarem na Praça, os manifestantes adentraram o Prédio Histórico entoando palavras de ordem à plenos pulmões, tais como Contratação já, contratação já, sem professor não dá pra estudar!, Para barrar a privatização, greve geral, greve geral de ocupação! e Ocupar e resistir! Concomitantemente, subiram as escadarias e ocuparam o 2º andar do bloco de Psicologia.
Em assembleia, os estudantes deliberaram suas responsabilidades em diferentes comissões e aprovaram um estatuto para a ocupação. Durante a tarde, houve atividades como leituras, cinedebate e confecção de faixas. À noite, foi estentida uma enorme faixa com a consigna Psicologia ocupada à frente do Prédio Histórico.
Leia a nota veiculada pela Frente Estudantil Contra a EaD:
BARRAR O CORTE DE VERBAS E GARANTIR A CONTRATAÇÃO DE PROFESSORES COM GREVE DE OCUPAÇÃO!
Os estudantes de Psicologia têm lutado arduamente nas últimas semanas para garantir a contratação de professores em seu departamento. O baixo número de docentes acarreta problemas como a grade horária completamente alheia à realidade dos estudantes que precisam trabalhar e alta sobrecarga dos docentes já contratados, por exemplo. Após várias tentativas de resolver o problema com a coordenação e departamento, os estudantes se alçaram a luta combativa e vão mais uma vez às ruas exigir seus direitos!
Além disso, no dia 28/11, o governo federal anunciou mais um criminoso corte de verbas de 1 bilhão de reais do MEC, o que representa nas universidades e institutos federais de todo o pais um corte de R$366 milhões! É o quinto corte orçamentário de 2022 realizado pelo ministério da Economia com o objetivo de cumprir o teto de gastos da união. Esse é o pior cenário orçamentário que educação pública já teve!
O corte afeta no pagamento das contas de água, luz, funcionários terceirizados, e principalmente os 200 mil bolsistas de projetos como PIBID, PIBIC, IC. São 14 mil residentes de medicina que trabalham para o serviço de saúde pública e 100 mil bolsistas de mestrado e doutorado que não receberão as verbas de dezembro. Essa política vem sendo aplicada na universidade pública sucessivamente ao longo dos anos e segue a lógica de SUCATEAR para PRIVATIZAR. As universidades do país correm o risco de fechar se não houver a verba necessária para manter suas atividades. Os pesquisadores do nosso país, que dedicam a vida para desenvolver a ciência a serviço da nossa nação estão sem o aos seus salários. Boa parte desses bolsistas dependem da verba para pagar suas contas diárias!
Isso justifica a tentativa da reitoria em fechar todos os Restaurantes Universitários de uma só vez a partir do dia 16/12 em meio ao calendário letivo para “melhorias”, oferecendo um auxilio miserável que nem mesmo conseguirão cumprir, pois não haverá verba. Tiram o direito dos estudantes à permanência estudantil enquanto o governo federal continua sugando as universidades públicas e precarizando ainda mais o nosso ensino. A reitoria acaba por ser conivente com a roubalheira. Aparentemente usam jargões em defesa da educação, mas não fazem mais do que gerir a crise e pedir paciência dos estudantes.
Em meio a todos esses ataques e correndo o risco de ter nossa UNIVERSIDADE FECHADA os estudantes apontam a saída para a situação: greve geral de ocupação! A história nos comprova que, somente lutando firmemente é que podemos conquistar o direito à universidade pública e gratuita.
Assim como nos mostrou as ocupações na UNIR em 2011, ocupações secundaristas de 2015 e 2016, ocupação do bandejão da UERJ em 2017, e mais recentemente em nossa universidade com a ocupação do RU em 2021 e a ocupação do prédio Bigarella no início de 2022, a única saída é a combatividade do movimento estudantil!
Essas ocupações apontam o caminho aos estudantes e professores de que somente a luta intransigente e radical é capaz de mudar a situação. Sem ilusões com qualquer governo, mantemos o compromisso com a educação pública ocupando os espaços que são nossos por direito! Além das ocupações garantirem nossos direitos, elevam a combatividade do Movimento Estudantil e a pressão pelo retorno das verbas orçamentárias das universidades.
Por isso, nós, estudantes da UFPR decidimos OCUPAR O PRÉDIO DA SANTOS ANDRADE! Se não nos garantem as verbas, os professores, e a permanência estudantil, que façamos por nossas próprias mãos e ocupemos a Universidade que é nossa, que é do povo!
Nossas reivindicações são: 1) Pela reversão dos cortes e aumento do orçamento da educação; 2) Abertura do RU Central mesmo no período de férias letivas; 3) Contratação de 3 professores para o departamento de Psicologia; 4) Aumento em valor e número das bolsas do curso de Psicologia. 5) Contra a curricularização da extensão; 6) Por uma supervisão docente na Delfos.
Ocupar e Resistir!
Frente Estudantil Contra a EaD
Dezembro de 2022.