O povo de Londrina fez uma grande manifestação no dia 17 de fevereiro em resposta à execução, pela Polícia Militar, dos jovens Wender Natan da Costa Bento, de 20 anos, e Kelvin William de Oliveira, 15. Os manifestantes, revoltados com a barbárie policial, trancaram dezenas de vias por horas com barricadas em chamas, incendiaram um ônibus, fizeram a empresa Transporte Coletivo Grande Londrina (TCGL) interromper o serviço de transporte por um dia e apedrejaram um carro do monopólio de imprensa. A coleta de lixo também foi temporariamente suspensa. 522b1d
Uma equipe de reportagem do jornal A Nova Democracia (AND) acompanhou de perto os protestos na zona oeste da cidade, próximo ao sinaleiro de Bratac. Os protestos também ocorreram na Av. Guilherme de Almeida, na zona sul, em vários pontos da zona norte, na BR 369, na zona leste, e na cidade vizinha de Cambé. Focos menores foram: Vista Bela, Maria Cecília, Barcelona, Santo André, Jardim Marabá, Vila Rica, Jardim Santiago, São Jorge, Pantanal e Morro do Macaco.
A manifestação na zona oeste durou duas horas, durante as quais os mais de 300 manifestantes continuaram a protestar apesar das tentativas da PM de acabar com a revolta. Antes mesmo da manifestação, a PM realizou batidas policiais nas casas de moradores para confiscar pneus e outros objetos usados em barricadas.
Durante o protesto, os moradores em fúria usaram rojões e fogos de artifício para expressar a revolta. Eles também gritaram palavras de ordem como: Justiça!, Não foi confronto, foi execução!, Se a justiça não chegar! Londrina vai parar! e Chega de matança! Não matem nossas crianças!.
A PM mobilizou as Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam) para reprimir o povo. Os policiais ficaram perto de jornalistas do monopólio de imprensa, que não ousaram se aproximar das massas em luta.
Durante o protesto, a mãe de Kelvin, Sirlene, denunciou o assassinato do filho, as arbitrariedades da PM e as violações de direitos nos bairros de periferia. Na zona sul, um repórter do jornal AND apurou a denúncia de uma moradora, que relatou a agressão de policiais a uma mulher grávida, que foi presa.
Familiares exibem certificado e carteira de trabalho dos jovens , contrariando a narrativa da polícia de que ele seria um “criminoso de alta periculosidade”
O reacionário e bolsonarista prefeito de Londrina, Tiago Amaral – que, como noticiou o jornal AND, teve como uma de suas primeiras políticas instituídas o aumento de salário do vice-prefeito e de seus secretários – publicou um vídeo no Instagram nomeado “O caos não vai se instalar em Londrina”, classificando os atos como “vandalismo e terror” e afirmou que “não serão aceitos”. A Folha de Londrina reportou também um reforço policial vindo da capital do Estado, Curitiba, para reforçar a tropa na cidade e tentar conter os protestos.
Genocídio do povo
Essa rebelião e onda de protestos vêm de muita indignação acumulada do povo pobre revoltado com a morte de seus filhos, parentes e amigos e a falta de qualquer medida a respeito para se fazer justiça por meio desse Velho Estado. Infelizmente, não é uma realidade restrita a Londrina. O jornal AND noticiou que, no ano ado, no Estado do Paraná, as forças de “segurança” teriam matado 525 pessoas , sendo uma porção significativa delas na cidade de Londrina.