Segundo denunciou a Associação Brasileira dos Advogados do Povo Gabriel Pimenta (Abrapo), no dia 28 de janeiro policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Divisas e Fronteiras (BPFron) torturaram e assam covardemente dois camponeses e feriram outros três. A ação foi perpetrada durante uma operação de reintegração de posse na sede da fazenda NorBrasil, localizada em Nova Mutum-Paraná (RO), recentemente ocupada por camponeses nas últimas semanas. Os camponeses assassinados são Raniel Barbosa Laurindo, de 24 anos, e Rodrigo Hawerroth, de 34. Outros três camponeses ficaram feridos durante a chacina. 6n5r5d
A fim de justificar a chacina macabra, a Polícia Militar (PM) de Rondônia e a imprensa latifundiária do estado afirmam que os camponeses portavam armas de grosso calibre e que houve “troca de tiros”. Segundo informações da Abrapo, no entanto, a verdade é que os camponeses foram torturados e executados.
Ainda segundo a Abrapo, o monopólio de imprensa “omitiu que a região faz parte de uma das diversas áreas griladas pelo latifundiário Antônio Martins dos Santos, conhecido como Galo Velho, investigado pelas polícias civil e federal, em conjunto com o Ministério Público, pelo financiamento de pistoleiros na região para a grilagem de terra e expulsão de camponeses”.
Desde que foi ocupada, a área tem sido palco de constantes ataques de policiais e pistoleiros contra as famílias camponesas em busca de um pedaço de terra. Na semana anterior à chacina, uma caminhonete não identificada disparou contra mulheres e crianças no mesmo local e foi expulsa pelas famílias moradoras da Área Tiago Campin dos Santos (assista no vídeo).
A área é a mesma onde, em novembro de 2021, grupos armados do latifúndio atuaram ampla e impunemente contra as mais de 800 famílias da Área Revolucionária Tiago Campin dos Santos, que ocupou as terras da empresa do “Galo Velho”, em Nova Mutum-Paraná, e seguem nela. Na ocasião, mais de 3 mil tropas das forças policiais, sob direção política das Forças Armadas reacionárias, e combinadas com as tropas mercenárias investigadas, foram mobilizadas para reprimir os camponeses.
O pretenso dono, “Galo Velho”, está sendo investigado por pagar diária para grupos paramilitares cometer abusos e execuções sumárias usando armamento e viaturas oficiais das forças policiais nas área da fazenda NorBrasil. O grupo, composto por policiais e pistoleiros, ainda lavava dinheiro e fraudava processos judiciais de desapropriação de terras. A partir do afastamento do sigilo bancário dos investigados pelo MP foi possível identificar movimentações financeiras superiores a R$ 445 milhões, sendo efetivamente comprovado o pagamento de valores aos servidores contratados para a função de bando paramilitar particular do latifúndio.
A redação de AND seguirá mobilizada e trará, a qualquer momento, novas informações.
Imagem de destaque: Camponeses assassinados. Foto: Reprodução