Pescadores artesanais de Lábrea, no Amazonas, denunciam ameaças de agentes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental (ICMbio), ocorrida entre os dias 6 e 8 de maio, no Rio Purus. wh6b
O grupo de pescadores foi abordado pelos agentes durante uma atividade de pesca. Os repressores federais revistaram os pescadores e os barcos e, depois de não terem encontrado nada errado, ameaçaram apreender e até mesmo queimar as embarcações.
Os três pescadores, Márcio dos Santos, Valdeli Valente de Souza e Antônio Raimundo, gastaram R$ 5 mil para conseguir fazer a viagem com quatro barcos. A ideia era ficar 15 dias na região, mas graças ao Ibama e ao ICMbio o período de trabalho durou somente dois dias. O resultado foi um prejuízo de quase R$ 10 mil.
Márcio diz que essa prática é recorrente por parte do Ibama, o que prejudica muito o trabalho. “Minha família sempre viveu da pesca, desde os mais antigos até os dias de hoje. Quando a gente sai para pescar a abordagem diz que ali não pode, na outra área também não. Eles vão nos jogando de um canto para o outro e atrapalhando o nosso trabalho, mas as despesas continuam”, disse ele, ao AM1.
Dos 15 dias planejados de ficar na região para o trabalho, o grupo ficou 2, o que gerou um prejuízo de quase R$10 mil para Márcio.
Abuso das autoridades não é caso isolado 6g4q26
Casos como esses tem sido cada vez mais recorrentes. Elifrank Gomes de Albuquerque, de 39 anos, trabalha na compra dos pescados e na entrega de gelo nas regiões. Ao ancorar na comunidade de Realeza, onde morou por muitos anos, ele foi abordado pelo Ibama e recebeu dois dias para sair do local.
A ação dos agentes rendeu um prejuízo de R$ 5 mil ao pescador que, impedido de trabalhar, questionou como iria sustentar sua família. Nisso que as autoridades o mandaram “procurar emprego na cidade” e disseram que “ninguém tem nada a ver com sua despesa”.
Segundo Francisca Batista, presidente da Associação e do Sindicato dos Pescadores de Lábrea, as instituições recebem vários relatos de revolta dos trabalhadores sobre as abordagens violentas dos agentes.
“Nós temos que ser tratados como seres humanos, não como como animais. A gente tem que ter nossa nossa dignidade respeitada, e infelizmente não é assim.”, pontuou Batista.