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Moradores de Uzhhorod preparam coquetéis Molotov para defender a cidade. Foto: Serhii Hudak
Na Ucrânia, desde a invasão russa ao país no dia 24 de fevereiro, as massas populares do país têm resistido militarmente à invasão do imperialismo russo. Como parte da Resistência Nacional, e apesar da marcha acelerada à capitulação e traição nacional do governo de Zelensky, milhares estão em filas para receber armas, patrulhando as ruas e construindo barricadas. Nas regiões em que não há guerra deflagrada, além da organização de milícias, ucranianos estão organizando mutirões para montar coquetéis molotov em ritmo fabril.
Em um vídeo da News 360 Tv, dezenas de cidadãos ucranianos, desde homens em idade militar até idosos e idosas, montavam coquetéis molotov para enviar às cidades invadidas ou acossadas pelo imperialismo russo, como Lviv e Kiev.
Eles confeccionavam as bombas a partir de panos doados dos quais eram feitos retalhos, enquanto outros enchiam as garrafas com líquido inflamável. Um dos homens que montava a bomba afirmou: “Não deveria ter nenhum derramamento de sangue, mas o que estão fazendo agora vai além da guerra, é terror de guerra.”. O homem prosseguiu: “Nós ou seremos vitoriosos, ou será um colapso total, capitulação. A capitulação não é aceitável. Depois da capitulação eles terão de enfrentar guerra partizan [de guerrilhas]. Não há jeito de eles vencerem. Eles só poderão vencer se destruírem todos nós, e isso não é possível!”.
Na região de Brovary, próximo de Kiev, e que já se encontra majoritariamente ocupada pelo invasor russo, a população local forma milícias civis para defender a estrada para Kiev contra o Exército inimigo. Um civil que faz parte da resistência afirmou ao monopólio de imprensa 24: “Somos civis da defesa territorial, não estamos preparados para lutar contra tanques, mas nós iremos combater as tropas terrestres”. Outro ucraniano que tomou parte na Resistência acrescentou: “Nós temos calibre 26 5.45 Kalashnikovs, mas não há o suficiente para todo mundo”.
Uma idosa da região declarou: “Nós não temos medo. Eu sei que estou sendo defendida. Nós não temos medo, eu não tenho medo de morrer. Eu sinto muito pelos meus filhos, pelos meus netos. Não tenho medo de nada”.
Em Energodar, cidade onde fica a maior usina atômica da Europa, as massas locais e trabalhadores da usina construíram barricadas com caminhões e sacos de areia, bloqueando as estradas. Centenas de cidadãos se encontram nas barricadas para impedir o avanço russo.
Na capital, Kiev, centenas de homens e mulheres ucranianos e também estrangeiros fizeram filas para receber armas e combater a invasão. Em entrevista ao New York Times, um civil que esperava na fila para receber armas relatou: “O povo está nos apoiando, estão nos encorajando. Eu não vi ninguém nervoso sobre o fato de termos armas. Pelo contrário, quanto mais os ucranianos se armarem agora, melhor o nosso povo vai dormir”.
Uma civil que também esperava na fila disse: “Quando eu ouvi as explosões decidi que eu estava pronta. Sou uma mulher adulta, sou saudável, é a minha responsabilidade.”
Nas cidades já ocupadas pelo imperialismo russo, mas que ainda há população ucraniana, os protestos são diários e multitudinários.
Todas as massas ucranianas estão mobilizadas contra o invasor de alguma forma. Durante a guerra de agressão, os operários metalúrgicos têm dedicado sua produção a construir armadilhas anti-tanques. Os trabalhadores da saúde se voluntariam para praticar a profissão em meio ao conflito armado. Homens, mulheres e até crianças fabricam incansavelmente coquetéis molotov e enchem sacos de areia para serem utilizados como barricadas anti-míssel. Mesmo as igrejas têm servido como locais onde voluntários e idosos cozinham aos que estão na frente de batalha: o padre responsável por uma igreja próxima de Kiev, que coordena o trabalho voluntário dos cidadãos, afirmou que seus “vizinhos [Rússia], e também outras nações, não querem ver a verdade de que, em tempos difíceis, os ucranianos são muito capazes de se organizar. Eles o fazem com honestidade, coragem e boas intenções, isso é algo que você não pode combater e não pode derrotar, porque você teria que destruir muitos, ou todos, e isso é impossível”.
Uma pesquisa recente do Instituto Internacional de Sociologia de Kiev constatou que mais de um terço dos ucranianos estão dispostos a pegar em armas para defender a Nação contra o invasor russo. Isso seria o equivalente a cerca de 15 milhões de pessoas, dos 44 milhões de habitantes ucranianos.
Uma invasão imperialista
Em documento intitulado Nossa posição contra a guerra imperialista de agressão do imperialismo russo contra a Ucrânia, a Revista Internacional Comunista, guiada pelo marxismo-leninismo-maoismo, analisou a guerra na Ucrânia como “uma guerra de agressão injusta, a agressão criminosa de uma superpotência atômica contra um país oprimido”.
Apontando para a complexidade da situação, a revista destaca que “com a invasão do imperialismo russo à Ucrânia, a contradição nação-imperialismo converteu-se na principal contradição dentro da Ucrânia. Portanto, é possível que as diferentes classes deste país, exceto um pequeno número de traidores, podem unir-se temporariamente em uma guerra nacional contra o imperialismo. A complexa situação entre as (super)potências imperialistas, as nações oprimidas e os podres regimes dos vendedores da pátria, em combinação com a extensa propaganda das distintas partes involucradas, que se vem dando desde anos, produzem a possibilidade de fazer-nos perder a orientação. Devemos cuidar-nos disto e enfatizar claramente o caráter de classe e a principal contradição sem perder de vista a terceira contradição, a dizer, a da contenda imperialista”. E, sobre esta contenda, afirma: “Esta guerra de agressão do imperialismo russo contra a Ucrânia é o resultado da disputa hegemônica com o imperialismo ianque sob décadas de cerco à Rússia por parte do imperialismo ianque, com seus ‘aliados’ na OTAN e seus constantes intentos de destruir as capacidades nucleares russas. Essa é a outra contradição que se expressa no desenvolvimento atual, é a contradição interimperialista”.
A revista ainda destaca que a guerra atual, injusta e criminosa porque visa subjugar a nação ucraniana (inclusive negando sua condição nacional, como fez Putin), é por sua vez resultado dos manejos do imperialismo ianque e das demais potências imperialistas da Europa, que fustigaram a Rússia, com a confabulação de Zelensky, como parte da estratégia ianque de neutralizar a capacidade nuclear da Rússia e neutralizá-la enquanto superpotência imperialista.
“Desejamos e apoiamos, ante tudo, a derrota do criminoso invasor imperialista russo. Ao mesmo tempo, deslindamos com o regime lacaio dos imperialistas ianques – nenhum apoio ao regime de Zelensky. Ademais, rechaçamos consequentemente toda ingerência ou intervenção direta ou indireta das demais potências imperialistas”, destaca a revista.
“O povo ucraniano deve, pode e se libertará com seus próprios esforços, suor e sangue com o apoio franco e ir do proletariado internacional e os povos do mundo. Para isto, nossa classe na Ucrânia deve reconstituir seu Partido Comunista como Partido Comunista marxista-leninista-maoista, militarizado, herdeiro do grande e glorioso PCUS, o partido de Lenin e Stalin. Só um partido assim – oposto e contrário a todos os partidos burgueses! – pode conduzir realmente à vitória a luta de libertação nacional como parte da luta pela revolução socialista (contrarrestauração) e levar ante à justiça do povo os criminosos manchados com o sangue da classe e do povo. Nossa solidariedade é com o povo ucraniano e sua resistência. Seu armamento é correto, necessário e importante. Devem formar seus próprios destacamentos militares. Defendemos a amizade fraternal dos povos ucraniano e russo contra os chauvinistas grão-russos. Os povos ucraniano e russo são irmãos e como tais foram os vencedores do fascismo alemão e os construtores do socialismo sob a direção do camarada Stalin. Nossa classe, tanto na Rússia como na Ucrânia, tem a tarefa de dirigir a revolução socialista proletária como contrarrestauração através da guerra popular. Porém o proletariado e o povo ucraniano têm uma tarefa como nação oprimida, esta é libertar-se do jugo do imperialismo, agora a aplastar aos invasores imperialistas russos”, conclui.