Modus operandi: Policial Militar foragido chefiava grupo de extermínio na Baixada Fluminense 2b4j

Rafael do Nascimento Dutra, PM suspeito de chefiar grupo de extermínio. Foto: Reprodução

Modus operandi: Policial Militar foragido chefiava grupo de extermínio na Baixada Fluminense 2b4j

O policial militar (PM) da ativa Rafael Nascimento Dutra é investigado por coordenar um grupo de extermínio de Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense (RJ). Atualmente, o militar está foragido, mas dois outros integrantes do grupo foram presos. O bando é suspeito de envolvimento em assassinatos, desaparecimentos, jogos de azar e comercialização de cigarros, no entanto a investigação recente só foi iniciada após uma série de assassinatos de milicianos, policiais e agentes penais em diferentes bairros do Rio de Janeiro.  464073

A operação foi iniciada no dia 18 de julho e faz parte de uma investigação da Polícia Civil para capturar os envolvidos nos assassinatos de Marco Antônio Figueiredo, vulgo “Marquinho Catiri” e Alexsandro José da Silva, chamado “Sandrinho”, ambos milicianos da zona oeste e zona norte do RJ. Ambas as regiões da cidade são de forte atuação dos grupos paramilitares, que atuam com próximo vínculo com as polícias em atividades que vão desde a extorsão até grilagem e assassinatos.  

As suspeitas são de que o bando de Nascimento Dutra tenha assassinado os milicianos por disputas entre as corjas. Figueiredo e Silva foram mortos na mesma ocasião, fuzilados quando saíam de uma academia na comunidade do Guarda, em Del Castilho, zona norte do RJ. Ambos estavam sendo monitorados há mais de um ano por drones e por um GPS, que consta na memória com o endereço de um depósito de bebidas pertencente a Rafael Nascimento Dutra. 

Um integrante do grupo já foi alvo de mandado de busca e apreensão e preso em flagrante. O elemento foi encontrado com munições, calibres 7.62 e 557 e carregadores, além de rádios comunicadores e carros blindados. Além disso, apreensões na casa e no depósito de bebidas do policial Rafael Nascimento Dutra encontraram munições de fuzil, um colete e uma placa balística. 

Além de Marco Antonio Figueiredo, o grupo está envolvido também nas mortes do policial civil João Joel de Araujo, morto em maio de 2022 em Guaratiba, zona oeste do RJ, e do policial penal Bruno Kilier, morto em 8 de junho de 2023. Outras prováveis vítimas do grupo são Tiago Barbosa, executado em uma BMW X 6 na Via Light, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, e Fernando Marcos Ferreira Ribeiro, morto na Tijuca, zona norte do RJ. As motivações ainda são investigadas, mas Barbosa era envolvido com a comercialização de cigarros e Ferreira Ribeiro possuía histórico com jogos de azar. 

O primeiro integrante do grupo de Dutra foi preso em dezembro do ano ado, em São Paulo, enquanto tentava fugir do país. O homem foi identificado como George Garcia de Souza Alcovias. O segundo suspeito de integrar o bando, José Ricardo Gomes Simões, foi preso em março deste ano, na Barra da Tijuca. 

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As mortes que levaram às prisões dos integrantes do grupo são apenas uma parcela mais escandalosa (e geralmente relacionadas a policiais ou milicianos) dos crimes cometidos pelo bando. Há, ainda, a suspeita do envolvimento em desaparecimentos e outros assassinatos, crimes que abundam o histórico dos grupos de extermínio brasileiros, profissionais na matança de jovens de bairros pobres e indivíduos ou grupos políticos, mas que não são considerados prestigiosos o suficiente para serem investigados pela polícia. 

Apesar disso, as investigações que revelam esses bandos, principalmente em casos de disputa com outros paramilitares matadores de aluguel, demonstram o nível de generalização dos grupos de extermínio e seu envolvimento estreito com as polícias, sobretudo a PM, verdadeira base de concentração e propagação desses grupos por meio das práticas de matança e torturas aplicadas cotidianamente contra as massas e treinamentos e cursos da mais nefasta e reacionária ideologia entre as fileiras da corporação. 

Os exemplos são abundantes e antigos. Daqui a dois dias, farão exatos 30 anos da Chacina da Candelária, evento macabro da história do RJ, em que oito meninos de rua foram executados por policiais militares de um grupo de extermínio. Já nas décadas de 1980-90, enquanto escrevia seu livro sobre a atuação nefasta das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) e seu vínculo com grupos de extermínios, o jornalista Caco Barcellos também foi ameaçado, intimidado e perseguido por policiais militares. Já em tempos mais recentes, a vereadora Marielle Franco foi covardemente executada por matadores de um amplo grupo de extermínio do RJ, com ligações entre policiais militares, policiais civis e até militares do Exército


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