Operários da empresa açucareira de Xinavane se rebelaram no dia 23 de fevereiro contra sua situação precária de emprego. O monopólio açucareiro em Moçambique, controlado pela sul-africana Tongaat Hulett, emprega 5 mil trabalhadores e era alvo de protestos desde o mês de janeiro. 155v14
Os trabalhadores, em manifestação junto à comunidade local, atacaram a fábrica e a sede da empresa. As massas incendiaram casas de gerentes da fábrica e incendiaram um posto policial do distrito de Xinavane, assim como em cinco viaturas, na capital do país, Maputo. Um policial ficou ferido.
Os trabalhadores da empresa estão em greve contra salários atrasados, contra os seus baixos salários, suas péssimas condições de trabalho e contra a contratação de diversos setores de trabalhadores, principalmente de trabalhadores estrangeiros, sob condições piores ainda e recebendo piores salários. A empresa Tongaat Hullet, uma das maiores do país em produção de açúcar, é de propriedade sul-africana, e recebe investimento direto do velho Estado moçambicano e também de países estrangeiros.
No dia 23/02 ocorreu uma grande manifestação realizada pelos operários e, diante da detenção de mais de 10 trabalhadores, entre homens e mulheres, pelas forças de repressão moçambicanas, os grevistas e o povo da localidade fecharam vias, queimaram o posto policial responsável pelas prisões, e as casas dos gerentes da fábrica. Um manifestante segurava um cartaz escrito: “Queremos nossos irmãos de volta!”, exigindo a soltura dos trabalhadores.
Ao todo, foram nove edifícios (entre casas e construções de propriedade da empresa) queimados, assim como cinco viaturas e um posto policial. Os edifícios também foram pichados.
Operários moçambicanos durante manifestação no dia 23 de fevereiro. Foto: Reprodução.
Viaturas queimadas em Xinavane. Foto: Reprodução.