Um protesto realizado no dia 10 de setembro por camponeses da comunidade de Curralinho, na região do Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas, paralisou as atividades da Norflor Empreendimentos Agrícolas (Norte Minas Florestal), um monopólio de monocultura de eucalipto e exploração mineral, em Josenópolis. 6p5w30
Os geraizeiros, camponeses de comunidades tradicionais que vivem nos campos gerais do norte do estado de Minas Gerais, denunciam que a Norflor vem a anos invadindo suas terras com a conivência do judiciário que reluta em reconhecer a identidade da comunidade beneficiando assim os grileiros. Além das invasões, o latifúndio contamina o solo e as nascentes d’água, além de implementar obras com maquinário pesado na área. As denúncias são dos camponeses organizados pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
Geraizeiros protestam contra mineração. Foto: Mab
A ocupação dos territórios tradicionais e a resistência dos geraizeiros
A região no Norte de Minas invadida por monopólios de eucalipto é território de 73 comunidades tradicionais geraizeiras que estão ali há ao menos 150 anos, entre os municípios de Grão Mogol, Padre Carvalho e Josenópolis.
A grilagem das terras para o plantio de eucalipto foi altamente impulsionada após, em conluio com o latifúndio, o governo federal criar a partir da década de 70, programas de estímulo à monocultura no local como a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e a extinta Fundação Rural Mineira de Colonização e Desenvolvimento Agrário (Ruralminas). Estas ações ignoraram a existência das comunidades tradicionais e terras foram griladas à revelia dos que ali viviam.
Leia também: Eucalipto: O reflorestamento do capital financeiro 3w1v27
Mapa das empresas de eucalipto Norflor Empreendimentos Agrícolas e Rio Rancho Agropecuária sobre o território geraizeiro. Foto: Camila Pavanelli
A Norflor adquiriu a área que hoje reivindica através da Bagatelle Imobiliária Ltda. e do Grupo “Newton Cardoso”, outros monopólios que tem como sócios Newton Cardoso e Newton Cardoso Jr., conhecidos latifundiários e parlamentares que impulsionaram a apropriação das terras e são denunciados por grilagem. Ao todo o latifúndio ocupa 34 mil hectares, diversas destas terras sobrepostas em territórios tradicionais.
Em outubro de 2017, os geraizeiros ocuparam parte de seus territórios invadidos e formaram o Acampamento Alvimar Ribeiro dos Santos que resistiu a diversas tentativas de despejo.