Na edição ada do AND, apontamos como o dinheiro que o povo paga em impostos vai cevar uma gama de burocratas de alto coturno instalada nas instituições deste velho Estado. Para dar a aparência de que o povo é quem decide sobre os rumos da República, as classes dominantes locais e o imperialismo impõe em nosso país um sistema político baseado numa farsa eleitoral, que serve para renovar a casta burocrática a cada dois anos. 41o4w
As pesquisas de opinião e a votação são utilizadas para pregar ao povo a ideia de que ele é quem decide o futuro do país e, ao mesmo tempo, pregar a ideia de que ele tem a culpa pela eleição de corruptos. Tentando enganar o povo pelo aspecto aparente do fenômeno e escondendo a sua essência, as classes dominantes e seus instrumentos de dominação, entre eles o monopólio dos meios de comunicação, tentam jogar toda a responsabilidade quanto ao futuro do país nas costas do “eleitor”.
Cachorro grande
No Brasil, na farsa eleitoral patrocinada pelo capitalismo burocrático, o que menos conta é o eleitor. Isto devido a nossa condição de país semicolonial e semifeudal subjugado ao imperialismo, principalmente ianque, cujo capitalismo burocrático que nele se impulsiona drena os recursos e a produção nacional para o leito imperialista.
O compromisso dos candidatos é com quem banca suas candidaturas
Na verdade, a eleição é jogo para “cachorro grande”. A definição da eleição é conduzida pelos monopólios de comunicação, pelos bancos, pelas empreiteiras, pelo “agronegócio” e pela Embaixada do USA, na defesa de suas transnacionais que aqui operam.
Os recursos do chamado fundo partidário, dinheiro do povo que vai irrigar o bolso dos chefes partidários, é só o “cafezinho” diante da massa de recurso movimentada pelas campanhas travestida de doações explícitas ou ocultas (chamadas de “caixa 2”).
Mas estes recursos não são aplicados à toa. Para saber em quem investir, os patrocinadores promovem, por meio das chamadas entidades de classe dos banqueiros e empresários, as sabatinas que também são promovidas pelos meios de comunicação.
Também compõem este quadro de definidor, cumprindo um importante papel, as pesquisas de opinião realizadas pelos monopólios de imprensa, pelos partidos e, também, pelos patrocinadores. Estas são chaves para a enganação de parte das massas, pois servem para alinhar o discurso do candidato às ilusões que o “eleitor” sonha ser o atendimento de seus reais interesses. Já os candidatos têm plena consciência de que não cumprirão nada de suas promessas.
Dentre as pesquisas, as mais ousadas são as chamadas pesquisas qualitativas que entram mais profundamente em aspectos subjetivos na relação com o eleitor. É importante notar que em tais sabatinas o que vale mais é enquadrar o candidato nos interesses dos monopólios do que, propriamente, se inteirar de seu programa. Por seu turno, os candidatos, no afã de receberem o apoio e a grana destes, expõem por inteiro sua submissão à política de subjugação nacional ao mercado, leia-se imperialismo.
‘Arrochando na mentira’
De acordo com o velho adágio que diz que “quem paga a banda escolhe a música”, o verdadeiro compromisso dos candidatos será com aqueles que “apostaram” em suas candidaturas.
Os candidatos sabem que não cumprirão nenhuma das promessas
Nos palanques, eles continuarão “arrochando na mentira”, como diz o famoso humorista paraibano Jessiê Quirino. Os velhos chavões, repetidos de eleição para eleição, de que se eleitos lutarão pela defesa da saúde, da educação, da segurança e pelos transportes e “blá, blá, blá”. Tudo em vão.
Este “caô”, este “mais, mais, mais”, este “coré-coré” já é por demais conhecido pelo nosso povo. E este já vem dando mostra de seu repúdio a toda esta bandalheira nas últimas eleições: votando nulo, em branco ou se abstendo de comparecer às urnas, tudo para não coonestar esta farsa, fruto de um processo espúrio.
Muito mais do que em eleições, os trabalhadores do campo e da cidade apostam em sua mobilização, em sua politização e em sua organização para, efetivamente, mudar o país. Mudança que só poderá acontecer através de uma Revolução Democrática, Agrária e Anti-imperialista, conduzida por um partido autenticamente revolucionário.
Como cantava Belchior: “Você não sente nem vê/ Mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo/ Que uma nova mudança em breve vai acontecer/ E o ado é uma roupa que não nos serve mais”.