Após o assassinato de um morador pela Polícia Militar, a população de Olímpia se levantou em revolta ateando fogo em carros e ônibus na madrugada de 18 de julho. Pelo menos 15 ônibus e cerca de dez automóveis do pátio da Ciretran foram incendiados. Durante os incêndios registrados no Distrito Industrial e no bairro Santa Ifigênia também foram montadas barricadas em vários pontos nas ruas da cidade. 3y202e
André Modesto
População incendeia ônibus em revolta por morte de jovem
De acordo com o Corpo de Bombeiros, a rebelião ocorreu simultaneamente em diversas regiões da cidade. No pátio da empresa de ônibus Bontur foram incendiados 14 veículos, entre eles, 12 ônibus, um caminhão e um veículo sem identificação que a polícia suspeita ser uma caminhonete cinza. Um ônibus rural que estava estacionado na rua também foi incendiado no bairro Harmonia.
Os manifestantes também atearam fogo em dois banheiros químicos que eram disponibilizados pela prefeitura à população, durante a realização da Feira Livre no bairro Santa Ifigênia. A explosiva rebelião desencadeou-se após o velório da vítima. Familiares e amigos, revoltados, puxaram os protestos e as ações.
A vítima em questão foi Everson Luis Nunes Pereira, de 38 anos, que morreu nas mãos de um PM de 33 anos, no dia 15 de julho. O PM é acusado de matar a tiros o eletricista durante uma briga no interior de uma boate.
Everson chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ele era casado e deixou seis filhos. Irmão do eletricista, Evandro Pereira garante que ele não tinha problema com o policial e tudo teria acontecido após um esbarrão na boate. “O que me contaram foi que, sem querer, meu irmão deixou cair um pouco de cerveja no chão e respingou no pé da namorada do policial. Ele ficou bravo e começou uma briga que terminou com meu irmão morto. Foi um motivo besta”, lamenta.
Rebelião repudia assassinato
No começo de julho, em Poá (SP), dois ônibus foram incendiados e apedrejados após o assassinato da jovem de 20 anos Brenda Lima de Oliveira por um PM, no Jardim São José, na tarde de 2 de julho. O ato de revolta ocorreu poucas horas depois do crime, durante uma manifestação organizada pelos moradores do bairro. A mulher teria sido morta pelo PM após ele ter confundido a vítima com uma pessoa que supostamente estava lhe ameaçando.
O namorado de Brenda também foi alvejado. O casal estaria ando de moto na frente da casa do policial quando o incidente ocorreu. O rapaz de 19 anos foi atingido nas costas, mas sobreviveu.
O responsável pelo crime, um policial militar de 21 anos, afirmou que atirou da varanda de sua casa porque estava sendo ameaçado. Ele informou que o casal rondava o imóvel da família desde quando uma operação policial havia sido feita em um condomínio próximo.
A tia da vítima, em entrevista ao monopólio da imprensa, afirmou que no dia o casal havia ido comprar um lanche e, na volta, entraram na rua do policial para ver uma casa que queriam alugar para morar juntos. “Esse infeliz, eu não sei de onde ele tirou essa ideia, de que os dois tinham ameaçado ele. Como acha que foi eles da varanda de uma casa? Por que não desceu e não abordou a moto? Ele não estava nem de serviço. Ele estava na varanda, ouviu barulho de moto. Falou que achava que era o casal que estava ameaçando”, desabafa a tia.