Na edição número 68 de AND denunciamos a caótica situação dos bairros Jardim Romano e Pantanal, na zona Leste de São Paulo (várzea do rio Tietê), que ficaram submersos durante dois longos meses. Até hoje, os moradores que perderam tudo continuam lutando para que os gerenciamentos estadual e municipal se responsabilizem pelas suas perdas humanas e materiais. 1r3if
Ruas e casas romadas pela água no Jardim Margarida, São Paulo 5t1o3g
A única medida paliativa tomada pelos (des)governos foi a concessão de uma bolsa aluguel (três parcelas de 300 reais) às vítimas. Os poucos moradores que aceitaram as propostas dos gerenciamentos de turno, ao voltarem ao local encontraram suas casas derrubadas, e ficaram sem ter onde morar. Outros decidiram não aceitar a bolsa aluguel e exigem uma nova casa como indenização pelos danos sofridos. 1qh5i
A construção de um dique deu solução provisória às inundações no Jardim Romano. Uma das margens do rio foi elevada em 5 metros e, até o momento, não houve enchentes. Porém, nos bairros ao redor e na outra margem do rio, como nos anos anteriores, voltou a se sentir o reflexo do descaso dos governos.
Com a contenção do Jardim Romano, as águas voltaram com maior intensidade, inundando rapidamente as outras regiões, que também ficaram alagadas nas enchentes do ano ado, mas não foram contempladas com a construção do dique.
No jardim Margarida, o Córrego Tijuco Preto não consegue desaguar mais no rio Tietê e as águas barrentas invadiram as casas.
— Ano ado, vieram aqui oferecer 2 mil reais e o aluguel social, e nós não queremos. Nós queremos uma casa pela outra, aqui no bairro mesmo. Eles nos deixam nessa situação, por que querem nos tirar daqui para fazer o parque Linear. Se limem e canalizassem o córrego, resolviam o problema, mas a prefeitura não o faz. Eu não quero ficar debaixo da ponte. Estão nos abandonando, mas quando é pra votar eles nos enxergam, mandam cartas e lembram da periferia. Somos pobres e não temos para onde ir. Se todos tivessem condições, não estariam morando aqui. Queremos outra casa, mas que seja descente — protesta dona Jolina, moradora da região.
Jardim Margarida, 16 de janeiro de 2011 6v4v47
Na Vila Itaim, na esquina das ruas Forquilha com Manuel Duarte Ferro, moradores tiveram de construir uma ponte improvisada sobre as ruas para chegarem em casa. Segundo a moradora Luciana, a situação se agravou porque, além do dique, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) derrama as águas retiradas por bombas do reservatório do próprio dique e derrama de volta no rio, fazendo com que os bairros vizinhos fiquem alagados.
— Priorizaram o jardim Romano, porque lá tem CEU (Centro Educacional Unificado), os prédios da caixa e a área construtora Tenda. Empurraram o problema para nós. A prefeitura não dá solução para nossos terrenos, que são particulares, mas nós não podemos construir nada, porque agora eles falam que vão tirar todos daqui, então não sabemos o que vai acontecer — afirma dona Luciana.
— No ano ado, foram tiradas muitas famílias da região através do aluguel social, mas nós não saímos para que a prefeitura não derrubasse nossas casas, depois que parou a chuva, ninguém mexeu com mais nada, eles falaram que assim que secasse, entrariam em contato para fazer cadastro para apartamentos e estamos esperando até hoje, sem nenhum parecer, agora com a nova enchente não aparece ninguém, tem umas 100 famílias aqui nesta situação — protesta veementemente Manuel Duarte Ferro, também morador da região.
Na outra margem do Tietê a situação é ainda pior. No extremo do município de Guarulhos, o bairro Vila Any está completamente submerso. A estrada do Itaim, às margens do rio Tietê, ficou debaixo d’água e, por se tratar de uma região de favela, a prefeitura (do PT) sequer se manifestou.