Na manhã do dia 17 de fevereiro, cerca de 200 pessoas fizeram um protesto no entorno do estádio do Maracanã, zona Norte do Rio de Janeiro, contra o fechamento do complexo aquático Júlio Delamare. Os aparelhos do complexo são usados por 10 mil pessoas, entre atletas, idosos e deficientes físicos, que fazem aulas de natação, hidroginástica e hidroterapia gratuitamente. Depois de nove meses fechadas, as piscinas foram reabertas permanentemente em dezembro. Apenas dois meses depois, o gerente estadual Sérgio Cabral voltou atrás e anunciou um novo encerramento das atividades até agosto para a realização de uma suposta reforma. Muitos dos usuários vêm de outros municípios devido à escassez de aparelhos esportivos em suas cidades de origem. 46p5d
— A gente só quer o espaço. O deficiente físico quer o espaço, o idoso quer o espaço, o atleta quer o espaço. Meu filho é deficiente e está com 32 anos. Ele faz natação aqui desde os 13. E não se encontra espaço como esse no Rio que atenda às necessidades de um autista como o meu filho. Como você chega para um deficiente e diz que ele vai ficar sem atividade por quase seis meses? Eles queriam acabar com o complexo e nós lutamos para conseguir manter as piscinas funcionando. Esse governador quer destruir o Rio de Janeiro, destruir o Maracanã. Ele se acha o dono da cidade — protesta a aposentada Maria Regina dos Santos, de 64 anos.
— Porque eles deixaram o Júlio Delamare fechado durante quase um ano, reabriram as inscrições e agora estão querendo voltar atrás? Eles pediram novos atestados e todo mundo cumpriu a exigência em dezembro e janeiro. Muita gente teve que gastar dinheiro, idosos e deficientes tiveram que enfrentar filas, todo esse esforço à toa. Sem contar que, antigamente, o uso de touca era liberado, podíamos usar qualquer touca de qualquer cor. Dessa vez eles exigiram toucas de cores diferentes para cada modalidade. Para quê? Para chegar em fevereiro e fechar a piscina? Fora Cabral! E leva o Paes junto com você! — protesta outra usuária das piscinas do Maracanã que preferiu não se identificar.
— Os deficientes precisam desse espaço. Aqui eles contam com profissionais altamente qualificados para atender pessoas com necessidades especiais. Isso não é lazer, é saúde, é fisioterapia para os nossos filhos, que já sofrem com seus problemas físicos. Mas, infelizmente, nós estamos diante de um governo que só está preocupado com a Copa do Mundo, com as Olimpíadas, com o turismo. E os cariocas que se danem. Isso é um crime contra os idosos e deficientes que precisam do Júlio Delamare, que é um anexo. Isso não é um complexo de estádio de futebol com shopping e estacionamento. É um complexo esportivo público, para a utilização do povo que precisa e não tem condições de pagar um serviço como esse — diz a dona de casa, Andréia de Albuquerque, de 56 anos.
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