Rio: UPP impõe fim de ano de terror aos moradores do Jacarezinho 2o2y1q

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Rio: UPP impõe fim de ano de terror aos moradores do Jacarezinho 2o2y1q

Imagens das agressões policiais contidas nos vídeos de AND. 325o6p

No dia 6 de janeiro, a equipe de reportagem de AND foi à favela do Jacarezinho, na zona Norte do Rio, apurar denúncias de moradores de que PMs da Unidade de Polícia Pacificadora — que completa um ano esse mês — estariam ameaçando, torturando e prendendo arbitrariamente no local. No salão de beleza da cabeleireira Ângela Ferreira do Carmo nossa equipe anotou inúmeras denúncias, entre elas, as ameaças e intimidações de policiais contra seu filho, que o forçaram a deixar a favela. Por questões de segurança, preferimos não divulgar o nome do filho de dona Ângela. 3r1h13

Um dia ele foi abordado por policiais que perguntaram coisas para ele que ele não sabia ou não queria responder por medo. Aí, os policiais pegaram uma quantidade de drogas e disseram que iam colocar na conta dele. Ele ficou nervoso, reagiu e acabou levando uma surra. Levaram ele para a delegacia e o acusaram de desacato e resistência. O delegado se negou a registrar ocorrência contra os policiais, mesmo vendo o estado do meu filho. Ele não pôde nem ir para o IML fazer exame de corpo de delito. Ele ficou todo arrebentado, com o olho roxo, sem conseguir andar direito — denuncia.

De lá para cá, a gente não tem sossego. Tenho vários boletins de ocorrência que mostram uma perseguição ao meu filho. Eles não podem ver o menino que inventam um motivo e levam ele preso. Temos testemunhas que já ouviram diversas vezes os policiais dizerem que vão jogar meu filho no chão e vão matar. Nós tivemos que tirar ele daqui, mas eles dizem que sabem onde ele está e que vão lá pegar ele. No plantão desses policiais, eles param aqui e perguntam pelo meu filho, chamam para a briga e falam que vão fazer e acontecer. Nós só queremos paz. Nós não podemos nos calar porque nós vimos o que aconteceu com o Amarildo lá na Rocinha. Ou o que aconteceu com esse menino recentemente em Manguinhos — compara dona Ângela fazendo referência ao caso do assassinato do jovem Paulo Roberto Pinho de Menezes, de 18 anos, por policiais em outubro do ano ado. O crime também foi noticiado por AND.

Outros moradores denunciaram arbitrariedades cometidas por policiais da UPP no final de ano no Jacarezinho. Com medo de falar, as pessoas foram além e trouxeram seus celulares com imagens de flagrantes desses abusos. Os vídeos foram divulgados no canal do You Tube e no blog da redação de AND e já somam 15 mil os. A identidade dos autores também será preservada por questões de segurança.

Em um dos vídeos, PMs estão no meio de um tumulto envolvendo um jovem franzino e duas senhoras. No meio da confusão, um policial saca a sua arma e faz vários disparos para o alto causando correria no beco. Em outro vídeo, PMs arrastam um jovem que estava em uma bicicleta lhe aplicando uma gravata enquanto outro policial aponta a arma diretamente para o que seria uma familiar do rapaz. Diante dos protestos dos moradores, o PM atira uma bomba de efeito moral e em seguida corre fazendo ameaças aos parentes do jovem detido, que ficaram acuados dentro de um bar. No último dos vídeos, PMs atiram fogos de artifício contra moradores que gritam “Aqui não! Tem crianças e deficientes aqui!”.

Eles acham que todo mundo que mora na favela é bandido. Se a gente protesta, dizem que é porque bandido mandou a gente protestar. A favela é o lugar onde mais tem coisa errada e onde o povo menos pode falar dos problemas. Eu fico revoltada, indignada. A população se manifesta porque está cansada de tapa no peito, tapa na cara. Outro dia, pegaram o meu genro no beco e deram porrada nele, deram tiro para o alto, agrediram todo mundo. Isso tem que acabar. Eu estou aqui falando porque acho que alguém tem que colocar para fora o que está acontecendo aqui dentro da comunidade. A gente precisa de ajuda. Estamos vivendo em uma ditadura — disse dona Ângela.

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