Punição para os torturadores: os que buscam a justiça e os que buscam o engodo 286g27

/93/06a.jpg

Punição para os torturadores: os que buscam a justiça e os que buscam o engodo 286g27

Enquanto a Comissão da meia verdade caminha a os lentos, o Ministério Público Federal segue processando criminalmente os torturadores da gerência militar. O clamor pela punição cresce e incomoda. No último dia 19 de julho, a sede do Grupo Tortura Nunca Mais (GTNM), no Rio de Janeiro, foi invadida e saqueada. w3m6h

Grupo de trabalho do Araguaia realiza busca de ossadas no Pará 5o91i

Segundo Victória Grabois, presidente do GTNM, o Grupo recebeu uma ligação anônima no dia 11 de julho: 2h27v

Era uma voz masculina, pausada e disse à nossa secretária “isso vai acabar, nós vamos voltar”.

Victória relatou à nossa reportagem que no dia 19 de julho, quando chegou à sede, uma das militantes do GTNM percebeu que o local havia sido invadido. Os arquivos foram revirados e tudo estava desordenado. Após um primeiro levantamento, descobriram que R$1.577,37, fichas de pacientes do projeto de saúde mental e notas fiscais haviam sido subtraídas. A ocorrência foi registrada na delegacia e a perícia esteve no local no mesmo dia. Os peritos foram unânimes em afirmar que a sede não havia sido arrombada e que, portanto, quem entrou possuía as chaves ou equipamentos modernos para abrir as portas sem que isso fosse notado.

Mas essa não é a primera vez que o GTNM sofre esse tipo de ameaça. Em 27 anos de atuação, o Grupo recebeu várias ameaças escritas, por telefone e em outra ocasião a sede foi “roubada”. Para Vitória tudo não a de tentativas de intimidação:

— Tem gente que diz “se fosse político, haveriam acabado com a sede do Grupo”. Mas eles são mais espertos do que a gente imagina. Eles levam dinheiro para a polícia ter duas linhas de investigação. Mas isso é para nos amedrontar.

As tentativas de amendrotamento acabam, como sempre, frustradas. O GTNM continua firme na luta pela abertura dos arquivos e punição dos torturadores:

— A nossa posição está incomodando porque eles não querem que sejam investigados os crimes da ditadura, querem que a Comissão termine só com um relatório, e isso não basta. O que aconteceu tem tudo a ver com essa nossa posição crítica, com nossos 27 anos de trabalho, com a sentença do Araguaia, que nós estamos brigando pelo cumprimento e que o governo não cumpriu nada.

Comissão para gringo ver 5i1o32

Dois meses após a nomeação dos integrantes da “Comissão da Verdade”, ela ainda não a de uma Comissão para gringo ver. Até meados de julho, mesmo com as reuniões quinzenais, não havia regimento interno, metodologia de trabalho, assessores e somente o autor do livro “Memórias de uma Guerra Suja”, Cláudio Guerra, havia sido ouvido. A Comissão acumulava arquivos, na verdade, transferidos de outras organizações e órgãos governamentais que já haviam trabalhado sobre o caso.

Os membros do Grupo Tortura Nunca Mais se reuniram recentemente com cinco dos sete membros da Comissão, em São Paulo. O GTNM teceu críticas à atuação da Comissão, principalmente de dois de seus membros, José Carlos Dias e Gilson Dipp, por haverem dado declarações afirmando que “investigariam os dois lados”. Dias afirmou ter sido mal interpretado e Dipp defendeu suas posições, argumentando que “era um democrata”.

O GTNM também solicitou que as reuniões da Comissão fossem públicas e que todos os arquivos fossem abertos à sociedade. Segundo a presidente do Grupo, depois dessa reunião, ficou decidido que os depoimentos poderão ser acompanhados por jornalistas e que haverá reuniões estaduais entre a Comissão da Verdade e os familiares de mortos e desaparecidos, em cada estado da federação.

Araguaia m6721

Em meados de julho, o governo federal anunciou com pompa e circunstância a retomada do Grupo de Trabalho do Araguaia (GTA), que busca os corpos e ossadas na região onde ocorreu a Guerrilha do Araguaia, na década de 70, no sul do Pará.

A reativação do GTA foi feita em meio a críticas do Ministério Público Federal (MPF), divulgadas no último dia 23. No documento encaminhado ao governo e à Comissão da Verdade, a Procuradora Eugênia Augusta Gonzaga, afirma que a situação é de “improbidade istrativa” e que  “a comissão de mortos e desaparecidos não realiza suas obrigações legais de ofício”.

Para a presidente do GTNM, a situação não é novidade. Segundo ela, o GTA, que existe desde 2009, já gastou mais de R$5 milhões e apresentou poquíssimos resultados. Ela é contundente ao afirmar que o primeiro o para encontrar os corpos é a abertura dos arquivos, já que é necessário obter informações fidedignas sobre a localização dos cemitérios clandestinos. Ela relata que a atuação do GTA, inclusive, causa transtornos à população local ao profanar os túmulos da região sem um planejamento adequado. Como a área onde ocorreu a Guerrilha do Araguaia é imensa, somente com maiores informações é que os corpos poderiam ser encontrados. Ela também critica o fato de o Brasil não aceitar a ajuda dos técnicos argentinos, que já auxiliaram em trabalhos similares na Guatemala e na Bolívia.

Torturadores denunciados 54201w

O major da reserva Lício Augusto Maciel foi denunciado pelo sequestro de Divino Ferreira de Sousa, o Nunes, em 1973, durante a Operação Marajoara, que visava acabar com a Guerrilha do Araguaia.

Desde o dia 17 de julho, a ação está tramitando na 2ª Vara da Justiça Federal de Marabá. Há dois testemunhos de que Divino teria sido capturado com vida e levado à base militar, conhecida como Casa Azul, em Marabá, e que o responsável pela ação teria sido o major acusado pelo MPF. Segundo a denúncia do MPF, o próprio major, em depoimento realizado em 2010, à Justiça Federal do Rio de Janeiro, reconheceu a responsabilidade pelo sequestro do militante. A ação está sendo movida por um grupo de Procudadores do Pará, São Paulo e Rio Grande do Sul. Até o fechamento dessa edição de AND, a ação esperava decisão judicial.

E esse tipo de ação deve continuar nos próximos meses e anos. O Grupo Justiça de Transição do MPF vai continuar denunciando os torturadores. Os familiares de assassinados e desaparecidos também já estão preparando ações individuais na esfera criminal. Segundo Victória, em breve, também devem começar a chover ações dos presos políticos em todo o país. 

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
Agora, mais do que nunca, AND precisa do seu apoio. Assine o nosso Catarse, de acordo com sua possibilidade, e receba em troca recompensas e vantagens exclusivas.

Quero apoiar mensalmente!

Temas relacionados:

Matérias recentes:

A serviço de Israel, Egito prende dezenas de ativistas da Marcha Global para Gaza, que segue mobilizada  6c1g64

13/06/2025

Manifestantes do EUA vão protestar no ‘Dia da Bandeira’ que marca os 250 anos do Exército ianque; confrontos são esperados t3hj

13/06/2025

O imperialismo ianque treme diante do proletariado! 6a505e

13/06/2025