Em meio à pandemia do coronavírus, a Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro realizou uma operação de guerra no Complexo do Alemão, no dia 15 de maio, deixando um rastro de mortes e destruição. O saldo da operação é de 12 pessoas mortas, uma ferida, espancamento de moradores, carros destruídos, lojas arrombadas e mercadorias roubadas pelos militares. 2m3j5a
A operação, que contou ainda com atuação da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil em conjunto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM, começou por volta das 6h da manhã. Utilizando pelo menos cinco veículos de guerra blindados, os agentes da repressão promoveram terror.
Em um vídeo que circula na internet, cinco pessoas aparecem mortas no chão enquanto moradores e familiares choram desesperadamente. Os moradores foram cercados em casa, torturados e executados friamente. Seus corpos tinham marcas de facadas e tiros; os moradores tiveram ainda suas pernas e maxilares quebrados nas sessões de tortura.
Além disso, moradores denunciaram que foram eles que desceram os corpos, pois os militares se recusaram a retirá-los. Enquanto os familiares e amigos cuidavam dos corpos, levados por eles mesmos até a entrada da favela Nova Brasília, um bando de dez policiais militares foi ao local tumultuar, armados com granadas de mão, e com covardia insultaram os familiares em luto.
Por meio de redes sociais, moradores das favelas da Grota, Fazendinha, Loteamento, Alvorada e Nova Brasília demonstraram sua indignação com mais uma manhã de terror. Uma moradora, via internet, também expôs a sua revolta: “Ao mesmo tempo que não se pode aglomerar como prevenção ao coronavírus, aqui na favela a realidade é tentar aglomerar todo mundo no cômodo mais seguro da casa para se proteger da guerra. Tá rolando operação do Bope desde cedo aqui no Complexo do Alemão”.
Em outro vídeo aparece um beco destruído que, segundo moradores, foi produto de explosão de uma granada lançada pelos militares. Várias cápsulas de fuzil pelo chão do beco podem ser observadas.
“Uma pandemia dessas, um estresse enorme, e agora essa operação. As pessoas já apavoradas e agora tendo que lidar com todos esses tiros”, disse uma moradora para o monopólio de imprensa Extra.
Moradores também acusaram os policiais de arrombarem e consumirem as mercadorias de um bar. “Aqui na rua 2 eles quebraram o cadeado do bar do Joselino e entraram, ainda consumiram mercadorias”, contou um morador.
Além disso, ainda denunciaram que o carro blindado da PM, o “Caveirão”, arrastou e destruiu vários carros de moradores que estavam estacionados nas calçadas, causando um enorme prejuízo material aos trabalhadores.
Como se não bastassem todos esses transtornos e sofrimentos que os moradores do Complexo do Alemão são obrigados a ar, eles ainda ficaram sem energia elétrica, após um tiro atingir um transformador da região.