O poder mundial e nós 164n6r

O poder mundial e nós 164n6r

Nota da redação 1i5v5y

O Professor Adriano Benayon tem dado inestimáveis contribuições à imprensa democrática e popular através das páginas do AND e outras publicações. Algumas delas, porém, tangenciam a nossa Linha Editorial e até conflitam com a mesma, motivo pelo qual temos mantido uma polêmica em torno da figura de Getúlio Vargas e as características do Estado brasileiro sob o seu gerenciamento.

No presente texto despontam outros aspectos polêmicos como a organicidade do imperialismo, dependência ou independência de países como Rússia e a China, a estratégia para alcançar a independência nos dias de hoje, o papel de Stalin e de Trotsky na revolução proletária mundial e, finalmente, sobre o papel do levante popular-revolucionário de 1935.

Nos comprometemos com nossos leitores e leitoras abordar as referidas questões em publicações futuras em consonância com nossa Linha Editorial.

 

  1. Defino o capitalismo como um sistema econômico e político no qual capitais privados vão sendo cada vez mais concentrados nas mãos de poucos oligarcas dominantes.  Isso lhes permite conquistar não só as grandes empresas financeiras e produtivas, mas também o Estado.
  2. Isso acontece sob regimes abertamente fascistas e também sob regimes aparentemente democráticos, em que o dinheiro e a mídia, a serviço dos oligarcas, controlam o sistema político e o resultado das eleições.
  3. O capitalismo nos países centrais, mercê notadamente de guerras que envolveram os aspirantes à hegemonia, tornou-se, ao longo dos últimos 350 anos, um sistema de poder mundial, sob a hegemonia do capitalismo britânico, que depois consolidou sua associação com o norte-americano, formando o império angloamericano.
  4. Atualmente, restam duas potências não subordinadas ao império, China e Rússia, capazes de propiciar equilíbrio na balança do poder mundial. Sem esse equilíbrio, não há como país algum, no mundo, desenvolver-se.
  5. Veja-se a anomia prevalente no cenário mundial, do início dos anos 1990 até há pouco, período em que o império angloamericano cometeu  colossais genocídios: na Iugoslávia,  seguindo-se Iraque, Afeganistão, novamente Iraque, Líbia, para citar só alguns. Agora, em pauta, a Síria.
  6. O auge da tirania imperial corresponde no Brasil aos governos Collor e FHC. Na Argentina, ao de Menem, e mais exemplos vergonhosos mundo afora.
  7. O enfraquecimento e dissolução da União Soviética haviam deixado o planeta à mercê do império, secundado por seus satélites.
  8. Mas a China vem ganhando  poder em todos os campos, e a Rússia reafirma-se como potência nuclear e balística de grande porte.
  9. Isso lhes dá autonomia nas decisões políticas e econômicas, e limita um pouco a tirania exercida pelo império angloamericano em âmbito global.
  10. Se se tivessem mantido abertos à influência do  império, não teriam alcançado o status de potências mundiais. Para tanto, precisaram de regime centralizado e fechado.
  11. As histórias da Coreia do Sul e de Taiwan ilustram a mesma constatação: para se desenvolverem, tiveram governos militares  nacionalistas, devido a circunstâncias especiais:  a presença do comunismo na China e na Coreia do Norte, com apoio do Exército Vermelho da China de Mao Dze Dong. Este havia empurrado os partidários de Chiang Kai Chek para Taiwan (Formosa), onde se instalaram sob a proteção da esquadra norte-americana.
  12. Em suma, os EUA precisavam deixar fortalecer-se aqueles dois países, empobrecidos pela exploração colonial e pela ocupação japonesa, além de devastados por guerras, antes e durante a 2ª Guerra Mundial. Do contrário, seus povos seriam reunidos a seus compatriotas sob governos comunistas.
  13. Em nossa história, como na da Argentina,  houve progressos para o desenvolvimento, exatamente sob regimes autoritários, no período entre-guerras da 1ª metade do Século XX e durante a 2ª Guerra Mundial.
  14. O senador Severo Gomes, desaparecido no mar, em 1992, comentava que a arrancada para o desenvolvimento da Argentina e do Brasil fora possível graças ao relativo isolamento comercial propiciado pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918) e pela depressão dos anos 1930, seguida da 2ª Guerra Mundial (1939-1945).
  15. A melhora das estruturas econômica e social só se pode realizar sob condições de poder central forte, como, no Brasil, as dos anos subsequentes à Revolução de 1930 e no Estado Novo (1937-1945), mercê da consciência nacionalista do Exército e da visão esclarecida e  habilidade do presidente Vargas.
  16. Como tenho exposto, Vargas foi injusta e incessantemente acoimado de ditador por agentes do império, horrorizado com a perspectiva de o País atingir o desenvolvimento econômico e social.
  17. Por isso não cessavam de injuriar o presidente os adeptos do império angloamericano, fosse fascinados pela democracia de molde ocidental, fosse  a soldo daquele império.
  18. Tive, com frequência, ocasião de trocar ideias com Severo Gomes, empresário e  antigo ministro da Indústria e Comércio (MIC) no governo do general Geisel.  Também, com outros grandes brasileiros: o general Andrada Serpa, o físico Bautista Vidal (secretário de Tecnologia Industrial do MIC com Severo Gomes e criador do Programa do Álcool, Energia da Biomassa), e o Dr. Enéas Carneiro.
  19. Todos tinham consciência plena de que o desenvolvimento só é possível com autonomia nacional e que um dos requisitos para esta existir  é a autonomia industrial e tecnológica, inclusive com  domínio da energia nuclear aplicada à defesa.
  20. O que precede significa que, para o Brasil, é vital ter estratégia que: 1) contemple estarem as potências hegemônicas intervindo permanentemente em nosso País; 2) acompanhe a balança do poder em âmbito global, avaliando a  medida em que o império se veja obrigado a concentrar recursos e atenção em outras regiões.
  21. Dado o nosso recuo econômico, financeiro e tecnológico — crescente  nos últimos decênios — a chance de êxito que possa ter o projeto de sobrevivência do País depende de unir o máximo possível das forças nacionais.
  22. Estas têm sido agudamente divididas em direita e esquerda, ao longo dos últimos 85 anos. O marco foi a Revolução de 1930, a qual abriu a  perspectiva de desenvolvimento do País.
  23. Em seguida, o  império angloamericano fomentou novos separatismos e ou a investir mais intensamente em cooptar e corromper locais, notadamente na mídia, como Chateaubriand Bandeira de Mello, dono dos Diários Associados, a maior cadeia jornalística da época.
  24. Já no mandato de Vargas assumido em  1951, indagado Chatô,  por que atacava o presidente e abria total espaço na TV a Carlos Lacerda, seu virulento e audacioso adversário, respondeu: “se ele desistisse de criar a Petrobrás, eu aria apoiá-lo e lhe daria espaço em minha rede de comunicação”.
  25. Outro, foi o notório Roberto Marinho, dono de O Globo  desde 1931. Esse, desde 1964, recebeu favores oficiais e fartos recursos norte-americanos para tornar-se dominante na comunicação social.
  26. Mais tarde, o império declarou, através de Henry Kissinger, que não podia tolerar o surgimento de uma potência no Hemisfério Sul. Assim, foram cavados profundos fossos ideológicos entre brasileiros e n outros modos de intervenção.
  27. Em 1932,  Londres fomentou a falsamente denominada Revolução Constitucionalista,  em São Paulo, que se poderia ter transformado em guerra separatista do Estado onde a   industrialização despontava promissora.
  28. A constitucionalização real veio em 1934, preparada por Vargas desde antes daquela teleguiada “revolução”.  A insurreição comunista,  em 1935, tempo de grande polarização esquerda/direita, foi reflexo do cenário europeu antecedente à 2ª Guerra Mundial.
  29. Era muito pequeno o número de operários organizados, e a geopolítica dava chances nulas de êxito aos comunistas brasileiros: poder naval do império britânico absoluto no Atlântico Sul, e proximidade dos EUA.
  30. Sendo incipiente o desenvolvimento do poder militar da União  Soviética (URSS), não havia como esta apoiar o levante comunista no Brasil. Ademais, Stalin dava prioridade à infra-estrutura industrial da URSS. Não apostava na revolução internacional, ao contrário de Trotsky, alijado do poder.
  31. Entre os comandados de Prestes, infiltraram-se agentes do Intelligence Service, o M16 britânico, e os planos dos ataques eram previamente conhecidos das forças legalistas.
  32. O resultado da insurreição de 1935 foi exacerbar a polarização ideológica, de interesse exclusivo do império anglo-americano.
  33. Pior, sua memória tem servido à irracionalidade que faz reprimir, atribuindo-se-lhes ser comunistas, os que se opõem ao império angloamericano ou não fecham os olhos aos crimes deste.
  34. Seguiu-se o golpe de 1937, que instituiu o Estado Novo, repressor de comunistas e outros. A geopolítica e a influência da finança angloamericana determinaram a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial: bases no Nordeste para as FFAA dos EUA e envio da Força Expedicionária à Itália, vinculada a comando norte-americano.
  35. Entretanto, o império não hesitou em patrocinar o golpe de 1945  e as intervenções subsequentes, que prosseguem até  hoje, e  vêm logrando seus objetivos desde agosto de 1954:
    a)   desnacionalizar e a desindustrializar o Brasil, impedindo o desenvolvimento de tecnologias controladas por empresas nacionais, tanto privadas como estatais;
    b)   enfraquecer as Forças Armadas e a capacidade estratégica do País, indústrias básicas, infra-estrutura e o  domínio da energia nuclear;
    c)   desinformar e abaixar o nível de educação dos brasileiros, investindo na anticultura e na demolição dos valores éticos indispensáveis à evolução de nação próspera e equilibrada;
  36. Esse processo tem sido realizado não só durante governos claramente subordinados aos interesses financeiros angloamericanos (Café Filho, JK, Castello Branco, Collor e FHC).
  37. Também, durante  os demais. Esses,  no essencial, cederam às pressões imperiais, não obstante terem tido,  setorialmente, patriotas voltados para o desenvolvimento nacional.
  38. Destaque-se, ademais, que eleições dependentes de dinheiro grosso e grande mídia levaram a desastres de origem parlamentar, inclusive a presente Constituição e  emendas.
Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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