Manifestantes prepararam autodefesa com escudos e enfrentaram a repressão fascista, 27/8. 1o3m1t
No mês de agosto, como tem acontecido nos últimos três meses, as massas deram novas demonstrações de disposição, em especial no Rio de Janeiro. Inúmeros protestos foram convocados pela Frente Independente Popular (FIP) e agitaram as ruas levantando as seguintes bandeiras: Fora Cabral e a farsa eleitoral, fim da PM, fim das ocupações militares das favelas, fim da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (CEIV), tarifa zero para toda a população, fim das remoções e despejos de favelas e bairros pobres, moradia, saúde, educação, pelo fim dos leilões do petróleo e controle da produção pelos trabalhadores, não à construção da terceira pista do Galeão e fora TKCSA. 4i285q
Câmara ocupada 2e2925
Como noticiamos na última edição de AND, um grupo chegou a ocupar a Câmara de Vereadores, mas foi retirado pela polícia depois de 11 dias. Os manifestantes exigem que a I dos ônibus tenha em sua composição vereadores da oposição, visto que quatro dos cinco integrantes, até o presente momento, são base de apoio do prefeito. Um grupo permanece acampado do lado de fora da câmara agitando e realizando atividades.
Em 22 de agosto, dia da segunda sessão da I, manifestantes foram atacados nas galerias do plenário da câmara por integrantes de uma milícia. Vários manifestantes ficaram feridos e cinco milicianos foram presos. Horas depois, na 5ª DP, descobriu-se que parte deles “trabalha” em secretarias do governo estadual e dois dos elementos, inclusive, aparecem em fotos com Eduardo Paes e Sérgio Cabral em suas páginas no site de relacionamento Facebook. Com o anúncio da suspensão dos trabalhos, uma manifestante — a mesma que foi despida no meio da rua por policiais em um ato no Catete — atirou um sapato no vereador Chiquinho Brazão, que preside a I mesmo sendo contra sua instalação desde o início.
PM x manifestantes 1v4l22
Manifestação convocada pela FIP em 27 de agosto conclamou: ‘Fora Cabral e a farsa eleitoral’. o6v5c
Nas últimas duas semanas de agosto a PM tratou com a costumeira truculência os manifestantes. No dia 14, manifestantes se reuniram na Praça São Salvador para caminhar em direção ao Palácio Guanabara. No meio do caminho, PMs fizeram uma barreira para impedir a agem do protesto. O grupo de cerca de 300 pessoas não se intimidou e forçou o o. PMs atacaram com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha. Sete pessoas foram levadas para a 9ª DP, onde manifestantes permaneceram durante toda a noite aguardando a liberação.
Do lado de fora da delegacia, PMs do Choque o tempo todo provocavam manifestantes. Uma cinegrafista e colaboradora de AND, a estadunidense Vik Birkbeck filmou o momento em que uma inspetora da polícia civil pede calma para a PM e, quando vira as costas, é atacada com bombas de gás junto com manifestantes, jornalistas e advogados da OAB. Policiais chegaram a jogar bombas dentro da delegacia, destruindo janelas e uma porta de vidro. O delegado da 9ª DP, revoltado, deu voz de prisão ao oficial e seus subordinados. No entanto, não demorou muito para que o chefe de polícia recebesse uma ligação e liberasse os cães de guarda do gerenciamento Cabral. A Core — Coordenadoria de Recursos Especiais da Polícia Civil — chegou a ser chamada para proteger a delegacia da tropa de choque.
No dia seguinte (15), vários manifestantes, atendendo à convocação da FIP, se reuniram no Largo do Machado para repetir o trajeto do dia anterior. Diante da informação de que Cabral e Paes se reuniam com diretores da Globo no Museu de Arte do Rio, na Praça Mauá, no Centro. No local, um poderoso esquema de policiamento já esperava o grupo. Quando manifestantes tentaram se aproximar do prédio, a polícia atacou. O indígena Caiá, da etnia Waiwai, teve o pulso deslocado depois de ser espancado e preso por policiais.
Crescem os protestos 164t3l
E os protestos continuaram crescendo. No dia 19, cerca de 1,5 mil pessoas se reuniram no Centro. O ato saiu da ocupação das escadarias da Câmara e foi até a Alerj. No local, PMs tentaram revistar as pessoas, mas se depararam com algo novo. Um grupo de manifestantes se postou entre o protesto e a polícia para evitar as revistas que intimidam e tumultuam o trajeto. Diante da insistência da polícia, deflagrou-se novo confronto. Várias agências bancárias foram destruídas e cinco manifestantes foram presos. Na Avenida Rio Branco, houve confronto entre manifestantes e a polícia, que atirou bombas e balas de borracha.
A manifestação partiu em seguida para o Largo do Machado. Próximo ao local, na rua do Catete, uma mulher que tem problemas mentais — moradora de rua e figura notória nas manifestações — foi despida por PMs em uma revista. Jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas filmavam a abordagem quando policiais tentaram impedir o registro. Um PM disse “desliga essa luz que está me incomodando” e disparou um jato de spray de pimenta contra a nossa reportagem e outros profissionais. Em seguida, o que se viu foi um show de violência gratuita da polícia contra a imprensa, cena que se tornou comum nas manifestações dos últimos meses. Minutos depois, enquanto entrevistava outro jornalista, nossa equipe, mais uma vez, foi alvo de bombas e tiros de bala de borracha. “Sai! Sai senão eu vou te borrachar”, gritou um policial para nossa equipe. O PM que atirou o spray de pimenta é o sargento Paulo Giovani Reis da Silva. Ele foi afastado pelo comando da PM e será submetido a uma “avaliação psicológica”.
Na semana seguinte, dia 27, manifestantes mais uma vez se reuniram no Largo do Machado e caminharam até o Palácio Guanabara. Moradores do bairro piscavam as luzes de seus apartamentos demonstrando apoio ao movimento. Um senhor balançava uma camisa vermelha com a foice e o martelo da varanda de seu apartamento na Praça São Salvador. Ainda durante a concentração, policiais tentaram prender uma pessoa e manifestantes resistiram, fazendo um cordão humano envolvendo a massa. Houve confronto e PMs chegaram a ferir uma estudante no rosto com um tiro de bala de borracha.
Chegando à rua Pinheiro Machado, PMs bloquearam o o ao Palácio Guanabara. Um policial forçou as grades de contenção e agrediu manifestantes, que reagiram com pedras e morteiros. No confronto, manifestantes mantiveram-se firmes durante cerca de 20 minutos, forçando a PM a recuar. Quatro pessoas foram presas e levadas para a 5ª DP, na Lapa. Um grupo de cerca de 200 manifestantes seguiu para o local, mas foi interceptado a poucos metros da delegacia. Houve novo confronto e PMs ficaram debaixo de uma chuva de pedras e garrafas.
Rani Messias Castro, que filmava o protesto, foi perseguida, jogada ao chão, chutada e recebeu golpes de cassetete de policiais, tudo isso na frente de várias câmeras, que registraram mais esse ato de selvageria das tropas de repressão.
Tanto na zona Sul quanto no Centro, dezenas de agências bancárias tiveram suas fachadas destruídas pela fúria das massas. No dia seguinte, como de costume, o monopólio dos meios de comunicação despejava todo o seu ódio contra o povo anunciando “mais uma noite de baderna e vandalismo no Rio de Janeiro”.