Ellan Lustosa/AND Presença ostensiva de militares nas favelas do Rio de Janeiro é parte da guerra civil 4f3w1y
A questão criminal tem constituído o centro da istração ou governamentalização política no capitalismo contemporâneo, vídeo-financeiro. Não só no cenário político, a indústria do controle do crime é hoje uma economia potente que invade os países periféricos com arquiteturas, tecnologias e assessorias que garantem o controle brutal, por emparedamento ou pelo extermínio, de populações rotuladas como perigosas, vulneráveis ou excluídas. Na verdade o que o capital busca controlar é a potência popular e suas lutas por emancipação e protagonismo. A mídia corporativa, ancorada na nossa memória colonizada, traduz todos os conflitos políticos, todo sinal de luta de classes em criminalizações de todo tipo, das estratégias de sobrevivência às organizações políticas.
O que acontece no Rio de Janeiro hoje é mais um capítulo dessa história do medo manipulado por nossas elites genocidas. A “guerra contra as drogas” foi criada pelos Estados Unidos de Nixon e Reagan para produzir a agem do nosso “inimigo interno” do terrorista ao traficante. O alvo dos órgãos de segurança é agora a vida dos pobres em geral. Favelas e periferias são verdadeiros campos de concentração em que seus moradores são submetidos a incursões policiais sem nenhum limite, dos seus objetos aos seus corpos. Tudo isso legitimado por um judiciário e um Ministério Público, em sua maioria, insensível ao sofrimento de seu povo. Aí estão nossas prisões abarrotadas de meninos e meninas miseráveis que não tinham como se defender das garras da justiça. Quando olhamos o resultado de quarenta anos de guerra às drogas e ao crime, podemos entender quão falacioso é o discurso da segurança pública. O mais importante é entender o que ele esconde.
* Mestre em História Social pela UFF, Doutora em Saúde Coletiva pela UFRJ. É professora de Criminologia na Uerj e Secretária geral do ICC.