Anuradha Ghandy: LAL SALAAM 1! 6g6u40
Um breve esboço biográfico de Anuradha Ghandy, ou camarada Janaky, destacada dirigente do Partido Comunista da Indía (Maoísta), membro de seu Comitê Central, falecida em abril de 2008 em decorrência da malária. Com base em um artigo de Rahul Pandita 2. u1a4y
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Em uma noite de abril de 2008, em algum lugar em Bombaim, um médico tentava desesperadamente entrar em contato com sua paciente, uma mulher na casa dos 50 anos, que tinha ido até seu consultório aquela manhã com febre alta. O número, ele logo percebeu, não existia. Os exames realizados naquele dia indicaram a presença de duas cepas mortais de malária na corrente sanguínea da mulher, que deveria ser internada em um hospital sem demora.
Quando ela entrou em contato com o médico, era tarde demais. Em 12 de abril, Anuradha Ghandy estava morta. Ela havia sofrido falência múltipla dos órgãos. O seu sistema imunológico já debilitado pela esclerose sistêmica, uma doença autoimune.
A notícia se espalhou com celeridade e chegou aos amigos e camaradas de Anu, como era carinhosamente chamada.
Nos dossiês do velho Estado, seu nome aparecia como Janaki, Narmada ou Varsha – membro do Comitê Central, o órgão máximo do Partido Comunista da Índia (Maoísta). Filha de um advogado da Alta Corte de Bombaim, Anuradha escolheu a vida de combates e sofrimento nas selvas traiçoeiras de Bastar,com um rifle ao seu lado e uma folha de lona para sua cama.
Seu irmão, Sunil Shanbag, um dramaturgo progressista indiano, recorda que Anuradha era estudiosa e também se destacava nas atividades extracurriculares, como a dança.
“Quando eu estava no colégio, ela me mandava cartas sobre questões como a nacionalização dos bancos. E ela tinha apenas 12 anos” – se recorda Suni,l acrescentando que, “para além desta consciência, Anuradha foi como qualquer outra menina até que ingressou na faculdade em 1972.”
O início dos anos de 1970 foram dias inebriantes para a juventude. Mao Tsetung havia inaugurado a Revolução Cultural na China. O Vietnã oferecia feroz resistência às forças ianques. O vulcão da primavera de Naxalbari3 havia entrado em erupção. Centenas de estudantes das faculdades indianas desistiram de suas carreiras para se juntar ao movimento Naxalita.
Anuradha trabalhava como professora, mas também se dedicava ao Movimento da Juventude Progressista (PROYOM), que se inspirava no movimento revolucionário de Naxalbari. Mais tarde, ela faria parte do movimento pelas liberdades civis em Bombaim.
É nessa época que Anuradha e seu companheiro Kobad Gandhy (que também viria se tornar um destacado dirigente comunista) entraram em contato um com o outro. Não se sabe quem inspirou quem, mas logo se tornaram ativistas dedicados, se apaixonaram e se casaram em novembro de 1977.
Em 1980, esquadrões Naxalitas do antigo Partido Comunista da Índia (ML) (Guerra Popular) estenderam suas ações a Andhra Pradesh, Chhattisgarh, Maharashtra, Orissa e para criar uma base guerrilheira e desenvolveram grande atividade. O compromisso do casal com a revolução era total. Eles se mudaram para Nagpur, que tem a segunda maior população favelada em Maharashtra, lar de um número significativo de dalits.
Anuradha ligou-se solidamente as massas, particularmente aos dalits. Vivia com simplicidade, trabalhou como professora e realizou intenso trabalho de agitação e organização das massas, particularmente das mulheres. Inspirou muitos jovens para se tornarem ativistas e militantes revolucionários.
Em meados dos anos de 1990, Anuradha aderiu à militância clandestina nas selvas de Bastar, onde aprendeu os dialetos dos povos tribais e converteu-se em uma grande comandante guerrilheira.
Um dirigente Naxalita, que presenciou sua chegada em Bastar, se recorda que ela não se poupava em qualquer exercício militar: corria, rastejava, pulava. “Ela escorregava e caia muitas vezes durante a caminhada na lama, mas ela se levantava e sorria.”
A vida dura da selva cobrou de seu físico. Anuradha sofreu ataques frequentes de malária.
Ela sofreu, junto com os povos tribais e camponeses, a grande seca ao sul de Bastar em 1998-99 e com eles comeu seu parco arroz que “tinha mais pedras do que grãos.” Durante sua permanência em Dandakaranya, Anuradha ajudou os guerrilheiros a compreender a superioridade do trabalho coletivo e o papel que as cooperativas podem desempenhar no aumento da produção agrícola.
Além de mobilizar e organizar os povos tribais e camponeses, Anuradha assumiu a responsabilidade de elaborar planos de estudo para a formação ideológica e política das mulheres. Estudou os problemas enfrentados pelas mulheres guerrilheiras, escreveu e traduziu material de propaganda Naxalita (maoísta) sobre a luta pela emancipação das mulheres. Ensinou a linha política, a ideologia e assuntos mundiais, questões de saúde, aos analfabetos locais. Era muito interessada e gostava de debater com seus camaradas sobre filmes e cultura popular.
No IX congresso do PCI (Maoísta) em 2007, Anuradha foi eleita membro de seu Comitê Central. (Seu companheiro e camarada de armas, Kobad, veterano dirigente maoísta, foi preso em Nova Deli em 20 de setembro de 2009).
Foi com base no trabalho de Anuradha que o PCI (Maoísta) preparou o primeiro documento maoísta sobre a política de castas na Índia. Ela também elaborou documentos sobre marxismo e a questão feminina. Foi em Jharkhand, dando cursos às mulheres tribais sobre a questão da opressão das mulheres, que ela contraiu malária cerebral, o que levou à sua morte. Em Bastar, Anuradha combateu as ideias patriarcais ainda predominantes no seio partido.
Antes de sua morte, ela estava trabalhando junto a outros quadros femininos para que as militantes assumissem maiores responsabilidades de direção no PCI (Maoísta).
1– Saudação utilizada entre os revolucionários indianos que quer dizer “Saudações veremelhas!”
2– Rahul Pandita é escritor e um jornalista. Ele é um dos autores do livro Bastar: A história não contada do movimento maoísta na índia.
3– Grande revolta camponesa ocorrida em 1967 na aldeia de Naxalbari, liderada por Charu Mazumdar, dirigente do Partido Comunista da Índia (Marxista-Leninista).
Ações guerrilheiras e propaganda armada 2oo21
Em 8 de dezembro, cinco militares das forças armadas reacionárias ficaram feridos em uma emboscada realizada por combatentes do Exército Guerrilheiro Popular de Libertação (EGPL), dirigido pelo Partido Comunista da Índia (Maoísta), em uma zona do distrito de Sukma, Chhattisgarh.
Segundo informações do próprio governo, houve uma forte troca de tiros entre um grupo misto da Força Tarefa Especial e Grupo de Reserva do Distrito e os guerrilheiros maoístas quando os militares realizavam uma operação de contrainsurgência na região.
As tropas reacionárias foram atacadas quando realizavam a delimitação de uma área do bosque. Equipes de resgate foram enviadas para resgatar os feridos e perseguiram, sem sucesso, os guerrilheiros do EGPL, que se retiraram imediatamente após o ataque impedindo qualquer ação de represália dos militares.
Em 10 de dezembro, combatentes do EGPL atacaram um acampamento das forças armadas reacionárias no distrito de Narainpur e aniquilando um soldado da Força Armada de Chhattisgarh (CAF). Segundo informações da imprensa indiana, um grupo de guerrilheiros naxalitas (como são conhecidos os maoístas na Índia) abriram fogo contra um grupo de militares que faziam a segurança do acampamento da CAF em uma aldeia de Ambai.
Em 12 de dezembro, o PCI (Maoísta) fixou cartazes nas zonas rurais de Pirtand e Dumri contra as eleições reacionárias de panchayat (instituição do governo local).
A imprensa indiana noticiou a convocatória por parte do PCI (Maoísta) para uma Semana de Luta (de 21 a 26 de dezembro), incluindo um Bandh (paralisação geral) para este último dia, em protesto contra a exploração das mineradoras de bauxita no estado de Andhra Pradesh.
Um comunicado assinado pelo Comitê Zonal da região fronteiriça de Andhra-Odisha do PCI (Maoísta) foi publicado no último 6 de dezembro, fazendo um chamamento a população para defender os recursos naturais e os bosques, frente a destruição das mineradoras, e denunciando os partidos políticos burgueses como responsáveis por enganar o povo com falsas promessas. O comunicado também chama para a formação de Comitês Revolucionários para apoiar a Guerra Popular.