A resistência da população contra a repressão tem sido cada vez mais frequente em SP. 5s2u5i
A violação dos direitos do povo pelo Estado segue se intensificando. Um dos exemplos é o direito à moradia digna, negado a milhões de famílias. E as que se atrevem a exercer esse direito legítimo estão sujeitas a todas as brutalidades que o velho Estado pode cometer no interesse dos monopólios e da especulação imobiliária. 6624k
Em São Paulo, na manhã do dia 16/11, a tropa de choque da PM foi acionada para realizar a reintegração de posse na Ocupação Estaiadinha, localizada no centro da cidade, onde viviam mais de 600 famílias.
A estratégia antifavelas e de crescimento controlado dos governos PT/PSDB reflete o viés fascista de sua política, onde a solução para a moradia são tratores e violência policial. Quarteirões inteiros desaparecem em questões de horas, a população é expulsa e aqueles que resistem contra a máquina repressora do Estado são alvejados, surrados e presos.
Moradores da Ocupação Estaiadinha realizaram intensos protestos para tentar garantir o direito às suas casas; faixas da Marginal Tietê e ruas do entorno da região foram interditadas com barricadas em chamas e manifestantes saíram em eata contra a remoção da comunidade.
Foram mobilizadas excessivas tecnologias de repressão para intimidar as famílias da ocupação. Helicópteros da PM com homens fortemente armados sobrevoavam o local e jogavam bombas contra os moradores. Nos protestos realizados dias depois ao despejo não foi diferente; podia-se ouvir o barulho das bombas a quilômetros de distância.
Cerca de 250 famílias ficaram acampadas na Avenida do Estado por não terem para onde ir. A ação policial também foi constante para remover estas pessoas do local. No dia 23/11 foi realizado um protesto contra a expulsão dos moradores que ficaram completamente sem amparo.
— Estamos em uma guerra. Aqui temos muitas crianças, pessoas doentes e de idade, mas para eles não têm importância, jogaram bombas de helicópteros para nos machucar terrivelmente e implantar o medo em todos nós. Eles querem nos ver na miséria, sem casa e sem comida; mas nós vamos resistir e lutar o quanto for possível. Moradia digna é direito de todos — expõe Maria Alves Silvestre.
O conceito de transformação urbana é pautado para atender aos interesses imediatos das classes proprietárias e engendrado como instrumento crescente de marginalização dos pobres.
Para o sociólogo Ricardo Trindade Amâncio, militante dos movimentos por moradia, que estava presente no despejo e nos protestos contra a remoção da Ocupação Estaiadinha, a especulação imobiliária é impulsionada pela reprodução da miséria.
— Todos os sistemas de planejamento das metrópoles brasileiras herdaram e reproduzem com afinco as marcas físicas das cidades coloniais escravistas; por isso todos os governantes estão permanentemente engajados num conflito perene contra os pobres. E a ocupação dos latifúndios, seja nos espaços urbanos ou no campo, ainda é o principal símbolo do humano e da resistência ao modelo ideológico de repressão e desigualdade social – coloca Ricardo.
Os governos de Dilma/Alckmin/Haddad — famosos por seus muitos laços com o capital estrangeiro e especuladores — visam constantemente ampliar gastos com as forças de repressão e reduzir os impostos sobre a renda e as propriedades de grandes empresários, enquanto despejam milhares de pessoas de suas casas.
O depoimento de um morador da Favela do Pantanal, onde cerca de 700 pessoas foram despejadas no dia 21/10, e que não quis se identificar com medo da represália policial, demonstra que a tática da opressão violenta e cruel é imprescindível numa sociedade onde banqueiros, latifundiários, políticos, etc., detêm toda a riqueza produzida.
— Enquanto tentava me refugiar das bombas de gás lacrimogêneo, fiquei perto de um grupo de policiais que, naquele momento, por causa da confusão, ficaram de costas para mim. Falaram em voz alta que não era preciso se preocupar em machucar qualquer pessoa, pois a lei estava do lado deles e que, realmente, a corporação precisava de provas mostrando que a polícia executou a operação como se tratasse de uma verdadeira guerra — finaliza.