Atuação na crise aérea é exemplo do poder do Fórum Nacional. Após emplacar Jobim no ministério e forçar a abertura do capital da Infraero, grupo quer abrir aviação a monopólios estrangeiros. h645o
No dia 02 de agosto de 2007, em plena crise aérea, o Fórum Nacional realizou um encontro extraordinário denominado "Transformando crise em oportunidade: segurança e desenvolvimento no sistema aéreo — diagnóstico e bases para um plano de desenvolvimento da aviação comercial brasileira".Sua estrela foi Nelson Jobim, membro do Conselho Diretor da entidade, empossado uma semana antes ministro da Defesa. 6l1p5q
Sem ligação com o setor, Jobim tampouco mantivera, até então, qualquer proximidade com a istração Luíz Inácio. Homem do círculo íntimo de F. H. — que o colocou no STF após tê-lo como ministro da Justiça —, sempre se identificara, apesar de filiado ao PMDB, com o bloco PSDB-DEM (ex-PFL). Precedida por um intenso bombardeio da imprensa monopolista ao ministro anterior, Waldir Pires, sua imposição a Luíz Inácio mostra que a ascendência dos interesses aglutinados no Fórum sobre o Estado brasileiro suplanta as rusgas existentes entre os encarregados de gerí-lo.
A conquista da Infraero 3xe64
Mais do que celebrar o sucesso dessa operação, porém, o I Fórum Extraordinário serviu para estabelecer uma lista de medidas a serem executadas por Jobim à frente dele.
Como de hábito, a apresentação desse programa foi precedida de diagnósticos a cargo de "consultores" e "especialistas". Um deles, José Carlos Mello, vice-presidente da Gol, apontou no sistema de controle de tráfego áereo "falhas humanas inimagináveis": os controladores, além de indisciplinados, não sabiam falar inglês.
Coube a outro ex-ministro de Cardoso a exposição detalhada do programa aéreo do Fórum. Num documento intitulado "Idéias para o Planejamento Estratégico da Aviação Comercial no Brasil", o brigadeiro Mauro Gandra (ex-titular da pasta da Aeronáutica e protagonista do escândalo Sivam/Raytheon, em 1995) defendeu a privatização parcial dos aeroportos, colocando como uma de suas três formas possíveis a abertura do capital da Infraero. Quase ao mesmo tempo, Luíz Inácio anunciou a venda de metade das ações da empresa.
O próximo o 1l291x
Gandra expôs também outras diretrizes definidas pelos interesses que o Fórum representa. "Poderia ser a hora de propor-se a ampliação da participação do capital estrangeiro no controle acionário das empresas aéreas nacionais para números entre 35 e 40%" — acrescentando que esta ampliação daria "mais conforto ao investidor estrangeiro que, poderia transformar muitas ações preferenciais que hoje detém, por ações ordinárias com direito a voto". Em 11 de dezembro, ao falar na Comissão de Serviços de Infra-Estrutura do Senado, a presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) nomeada por Jobim, Solange Vieira, anunciou a intenção de promover essa abertura, alterando apenas o percentual: 49%.