Seis carros incendiados e um “segurança” ferido; criminalização dos camponeses sem terra que se defenderam de modo legítimo; inquérito policial e ampliação do latifúndio. Esse foi o resultado de um ataque de “vigilantes patrimoniais” a um grupo de pequenos agricultores despejado da Fazenda Esperança e Mutum, no distrito de Barrolândia, zona rural de Belmonte, no extremo Sul baiano. 4d412d
Poder 360
Diante de agressões, camponeses revidaram. Foto ilustrativa
Após uma reintegração de posse em favor da multinacional Veracel Celulose, suposta dona da fazenda, ocorrida em 27 de junho, algumas famílias expulsas das terras, sem ter para onde ir, acamparam na estrada perto da área reintegrada. Dias depois, em 2 de julho, o grupo camponês foi abordado pela pistolagem legalizada como empresa (GPS, com sede em São Paulo), que aproximou-se com seis carros e, de maneira truculenta, tentou expulsar os camponeses do local.
A reação da massa foi imediata. Em ato de legítima defesa, armados com paus, facões e foices, os camponeses enfrentaram os paramilitares que antes faziam intimidações e agiam com violência. O histórico de agressões por parte da GPS na fazenda da Veracel contabiliza muitos episódios de humilhação e intimidação. A GPS age frequentemente assim contra a população nos arredores do latifúndio de eucalipto na região. A Veracel, por sua vez, promove despejos sem autorização judicial e comanda a pistolagem legalizada em forma de empresa de vigilância patrimonial, com o mesmo modus operandi.
O episódio mais grave envolve a GPS ao incluir prisão e cárcere privado de quatro camponeses, humilhando-os com filmagem pelo celular, cujo vídeo foi divulgado pelos pistoleiros de forma criminosa nas redes sociais. As imagens mostram os pequenos agricultores rendidos no chão, sob ameaças e constrangidos a responder o que faziam na área, a dizer seus nomes e onde moravam.
A Veracel Celulose é uma empresa monopolista (fração compradora da grande burguesia) com participação de 50% do monopólio brasileiro Fibria, desde 2018 fundida com a Suzano, com os 50% da multinacional suecofinlandesa Stora Enso para o plantio extensivo de eucalipto, exclusivamente para a produção e exportação de celulose. Há mais de 20 anos, a Veracel explora a atividade em terras griladas do velho Estado, que originalmente deveriam ser encaminhadas para “reforma agrária”.
O município de Belmonte não tem delegacia e o caso está sob inquérito presidido pelo delegado Moisés Damasceno, titular da 23ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), sediada na cidade vizinha de Eunápolis, também no Sul da Bahia. A imprensa do monopólio, a soldo da Veracel, expõe o vídeo da reação dos camponeses sem mostrar as ações e provocações dos vigilantes que a causaram.
Pau D’Arco: Camponeses resistem a ameaças 4r453o
Matheus Magioli
Dezenas de trabalhadores bloquearam a rodovia em frente ao Fórum da cidade de Pau D’Arco, no Pará, em protesto contra uma nova ameaça de reintegração de posse movida contra o Acampamento Jane Júlia, situado na retomada da Fazenda Santa Lúcia, no dia 25 de junho.
Grandes faixas estampavam palavras de ordem como Terra para quem nela vive e trabalha e o nome do acampamento, “Jane Júlia”, assim batizado em homenagem à presidente da associação dos trabalhadores rurais, assassinada na chacina.
A criminosa ameaça de reintegração de posse ocorre pouco mais de 2 anos após a Chacina de Pau D’Arco, verdadeiro banho de sangue arquitetado por latifundiários em conluio com o velho Estado, que resultou no assassinato de 10 camponeses.
Esta é a quarta ameaça de reintegração enfrentada pelos camponeses desde o ano de 2015.