A gerência de Evo Morales, que já descumpriu inúmeras promessas feitas ao povo, entre elas a nacionalização dos hidrocarbonetos e minerais (a produção continua sendo feita por empresas estrangeiras, notadamente em zonas indígenas), se prepara agora para trair os índios e os camponeses do Território Indígena e Parque Nacional Isiboro Sécure (TIPNIS). 4g133j
Depois que uma multidão marchou à capital em 2012 contra a construção de uma estrada que invadiria aquela área (AND no. 92), o vice-gerente García Linera descartou no ano ado a realização da obra, segundo noticiaram jornais do país, entre eles o Pagina Siete.
No entanto há poucos dias, 24 de julho, a gerência anti- povo voltou atrás.
O mesmo Linera, de maneira capciosa, declarou que a construção de uma estrada no TIPNIS (a qual ele disfarçadamente chamou de via de integração) “não só deve ser debatida, mas sim analisada com critérios técnicos” (jornal Opinión, Cochabamba, edição de 25 de julho).
A manobra traidora é evidente. Aquilo que se anunciou antes como coisa cancelada, para acalmar a grande revolta popular, agora não está mais. É fácil perceber que o plano, que só beneficia as ricas classes dominantes nacionais e internacionais, continua vivo. Ele tinha apenas sido disfarçadamente adiado.
Uma prova disso é que, enquanto a gerência arquiteta fórmulas para tentar enredar o povo, os serviços da rodovia não param. Em dezembro a construção do chamado trecho 1, que liga Villa Tunari (Cochabamba) a San Ignacio de Moxos (Beni), que não corta o TIPNIS mas é vizinho a ele, já registrava um avanço de 30%. Sua previsão de término é setembro de 2015.
O TIPNIS é uma área natural protegida, situada entre a província de Moxos no departamento (estado) do Beni e a de Chapare no departamento de Cochabamba. Declarado oficialmente como Parque em 1965, abriga em si um território indígena. Possui uma extensão de 1,2 milhões de hectares, dos quais a maior parte é considerada Terra Comunitária de Origem (TCO), onde vivem cerca de 64 comunidades das nações indígenas yurakare, trinitaria, moxenha e chimane, aproximadamente umas 10 mil pessoas. O restante, 200 mil hectares, se encontram ocupados por cerca de 20 mil famílias de camponeses, que cultivam alimentos e coca. É importante esclarecer que a coca em folhas é um produto medicinal milenar, consumido por milhares de índios e não-índios na Bolívia, principalmente na zona andina, onde a planta combate os graves efeitos do chamado “mal das alturas” (soroche, no idioma aymara).
O forte rechaço dos moradores à rodovia tão defendida por Evo se deve ao perigo que esta representa à preservação do território indígena, do meio ambiente e dos recursos naturais que são patrimônio de todos os bolivianos.
(*)Fontes utilizadas: sítios na internet dos jornais Pagina Siete (4 de janeiro 2014) e Opinión (25 de julho 2014); jornal A Nova Democracia no. 92, segunda quinzena de julho 2012, matéria de Ana Lúcia Nunes.