No último dia 02 de agosto, Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, desapareceu após uma abordagem policial efetuada pelas Rondas Especiais (Rondesp), no bairro da Calçada, em Salvador – BA. Imagens de uma câmera de segurança mostram que os policias agiram de forma brutal, desferindo socos e pontapés. A mesma filmagem mostra ainda que o rapaz foi colocado no porta malas da viatura e levado. 2r1t2a
O simples fato da violência com que os agentes da repressão do velho Estado abordaram o rapaz já seria motivo suficiente para indignação, mas infelizmente o que ocorreu na sequência do caso é muito mais grave que uma abordagem violenta. Com o desaparecimento, o pai de Geovane, o comerciante Jurandy Silva de Santana, iniciou uma verdadeira busca para obter notícias de seu filho. Foi o pai quem conseguiu as imagens que mostram a abordagem policial.
No dia 15 de agosto Jurandy recebeu a triste notícia de que partes de um corpo encontrado na cidade eram de seu filho. No entanto, o pai não reconheceu tais partes apresentadas, pois não havia provas suficientes que pertencessem a Geovane, o corpo apresentado estava carbonizado e esquartejado. Os assassinos fizeram de tudo para evitar o reconhecimento do corpo, segundo o Departamento de Polícia Técnica. Até mesmo uma tatuagem que o rapaz tinha foi retirada com um objeto cortante. O reconhecimento do corpo só ocorreu de fato no dia 19/08 após diversas análises papiloscópicas (impressão digital) e de DNA.
Além das filmagens que mostram a ação violenta, outro fato chama a atenção: o GPS da viatura parou de funcionar justamente após a abordagem. Os policiais suspeitos são o subtenente Cláudio Bonfim Borges, comandante da guarnição que aparece nas imagens, e os soldados Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende. Os três são lotados na Rondesp da Bahia de Todos os Santos e estão presos preventivamente por 30 dias. Todos negam participação no caso.
Como já é rotineiro no velho Estado Brasileiro, a ameaça também faz parte deste caso. Alguns jornalistas receberam ligações com intimidações, para que não investigassem o assunto, e o pai de Geovane foi alertado pelo secretário interino de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado (SJCDH), Reginaldo Silva, à não andar a noite pelas ruas e tomar o máximo de cuidados em seu dia a dia, ou seja, Jurandy perde seu filho de uma forma violentamente inaceitável e ainda tem que conviver com o medo de ser a próxima vítima deste Estado fascista em que vivemos.
Com a forte repercussão do caso, representantes da gerência estadual e do comando das forças de repressão adotaram um tom de “punição aos culpados”, usando como sempre seus discursos vazios. Tais figuras tentam ar a ideia de que são casos isolados na polícia, que a corporação não aceita tais práticas. No entanto, quem vive nas periferias do Brasil sabe muito bem que não são apenas casos isolados, inúmeras são as denúncias de abusos e violências perpetrados por esta instituição fascista.