Na última terça-feira (4/3), o Coletivo Estudantil Filhos do Povo – CEFP publicou em seu site uma nota em apoio aos estudantes da Unidade Habitacional Residência Universitária do Campus Bacanga – UHRU – Dom Delgado, que tem intensificado sua luta em busca de condições de moradia digna nas dependências da universidade. 6l5i6h
A nota se posiciona em favor dos moradores após episódios de repressão e denuncia o sucateamento das condições de permanência estudantil, que tem sido a pauta da mobilização dos residentes desde o final do ano ado.
A onda de protestos l2hj
Recentemente, foram lançadas uma série de notas públicas com o objetivo de expor e buscar retratação por agressões sofridas por servidores e/ou estudantes nas dependências da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAES). Tais agressões se deram durante um protesto de estudantes da Residência, que ocorreu no final da tarde do dia 21 de fevereiro, que pautou a cobrança de melhorias nas condições da residência. Os manifestantes também se opam ao fim da política de hospedagem na Casa dos Estudantes – um mecanismo que permitia aos discentes em situação de vulnerabilidade social terem moradia enquanto a vaga não era oficializada.
Em resposta, a Reitoria se posicionou, enfatizando sua disposição ao diálogo, citando a relação com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) recém-eleito como prova de sua abertura para negociações, argumentando manter canais institucionais ativos para tratar das pautas estudantis e que, portanto, não pode ser acusada de intransigência. No entanto, parte dos estudantes considera que essa postura não se reflete na prática e que as manifestações dos estudantes acabam sendo deslegitimadas.
“Com isso, dá-se a entender que a Reitoria não precisa dialogar com outros setores estudantis da UFMA. Essa postura é autoritária por natureza, pois cerceia as possibilidades de os estudantes buscarem seus direitos por outras vias, também absolutamente legítimas, como os próprios Centros e Diretórios Acadêmicos. Além disso, seria obrigação da istração Pública manter esses canais abertos a todos os estudantes e, logo, não apenas ao DCE. Infelizmente, essas práticas autoritárias eram e, como a prática agora demonstra, seguirão sendo comuns.”, esclarece a nota do CEFP.
Ainda segundo o Coletivo Estudantil, a atuação do recém-eleito DCE da UFMA tem gerado críticas por parte de setores do movimento estudantil. A principal reclamação refere-se à postura do diretório diante das recentes manifestações, com acusações de que a entidade estaria criminalizando os protestos e alinhando-se aos interesses da Reitoria.
Diante das críticas, a postura do DCE e o papel da Reitoria nas eleições estudantis seguem sendo questionados por parte dos estudantes, que defendem maior transparência e independência na representação estudantil da universidade.
“Ou seja, está acontecendo na UFMA o que todos sabiam que ia acontecer: a Reitoria escolheu um DCE para chamar de seu, para, assim, poder controlar o movimento estudantil e deslegitimar as outras organizações políticas dos estudantes. E, na verdade, esse é o papel que PDT, PT e PCdoB têm cumprido com afinco há anos, não só no movimento estudantil, mas no movimento popular como um todo: cooptar, corporativizar e imobilizar as massas”, reiterou a nota.
Sobre a Ocupação da Reitoria 6q1l4q
A Ocupação da Reitoria, realizada em outubro de 2023, trouxe à tona as condições precárias enfrentadas pelos estudantes da Residência Universitária. A mobilização resultou na de um acordo judicial entre a istração da UFMA e os manifestantes, posteriormente homologado pela Justiça Federal, obrigando a universidade a adotar medidas emergenciais para melhorar as condições de infraestrutura e alimentação dos residentes.
O movimento, liderado por estudantes independentes do DCE de então, organizado principalmente pelo CEFP, recebeu grande apoio de professores, advogados, figuras públicas e vários outros setores sociais. A organização da ocupação conseguiu mobilizar um grande número de estudantes e impedir o cumprimento da ordem de reintegração de posse obtida pela Reitoria, então sob a gestão de Natalino Salgado.
A ocupação, no entanto, enfrentou resistência dentro do próprio movimento estudantil, por parte justamente das forças políticas que hoje compõem o DCE, e foi, à época, acusada de não apoiar a mobilização e de ter buscado isolar politicamente os ocupantes. Junto a isso, somou-se a iniciativa desmobilizadora de outros grupos estudantis, que inicialmente classificaram a ocupação como inviável.
Todavia, com persistência e audácia na mobilização estudantil, os estudantes organizados em defesa de seus direitos fizeram história na universidade, conquistando um compromisso formal da UFMA de promover melhorias na residência universitária. A ocupação de 2023 tem servido de grande exemplo para as lutas mais combativas da UFMA desde então.