Um mês e uma semana após a morte de Yevgeny Prigozhin, ex-cabecilha do Grupo Wagner, o presidente russo Vladimir Putin reuniu-se no dia 28 de setembro com um dos comandantes militares do mesmo grupo mercenário, Andrei Tochev, em um encontro que contou com também com a presença do vice-ministro da Defesa Iunus-Bek Ievkurov. Na reunião, que ocorreu em meio a contraofensiva ucraniana na guerra de agressão, Putin discutiu a contratação de Tochev para o Ministério da Defesa russo e a coordenação sobre o Grupo Wagner. 4t352z
O encontro é uma tentativa do presidente imperialista russo de solidificar o controle sobre as tropas mercenárias, dois meses depois do motim liderado por Prigozhin ter escancarado a desintegração militar na frente invasora – e assim, diminuir também as críticas que ele e a cúpula militar recebem constantemente pela responsabilidade nas perdas militares no campo de batalha, sobretudo as mortes de comandantes, que já totalizaram nove até hoje. “Você mesmo lutou nessa unidade por mais de um ano. Você sabe o que é, como é feito, sabe das questões que precisam ser resolvidas com antecedência para que o trabalho de combate continue da melhor e mais bem-sucedida maneira”, disse Putin à Tochev.
A tentativa de ampliar esse controle já havia sido tentada antes, mas fracassou. Meses antes da morte de Prigozhin, o presidente russo e seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, tentaram aplicar uma medida que forçava um juramento de lealdade do grupo mercenário ao Ministério da Defesa russo junto com a de contrato no qual o Grupo se subordinava ao Ministério, requisito que foi recusado pelos mercenários.
Por isso mesmo, Tochev foi escolhido a dedo por Putin. Além de ter ampla influência sobre as tropas mercenárias, sendo um dos comandantes militares mais proeminentes da organização, Tochev tem experiência acumulada em guerras imperialistas. O comandante reacionário participou da invasão ao Afeganistão, da guerra de agressão à Chechênia e também da intervenção militar russa na Síria. Em 2016, ele foi condecorado como Herói da Rússia por seu papel na Síria.
Assim, Putin tenta restabelecer o mando único sobre as tropas em terreno – as oficiais e as mercenárias – unificando-as todas através do Ministério da Defesa. Prigozhin, que era um empecilho neste objetivo, já não figura mais entre os vivos para protestar – e já não figura por ter protestado. Putin pressiona para que Tochev seja menos petulante que seu ex-chefe, oferecendo-lhe um acordo de submissão. Mas, poderá isso impedir a desintegração da frente invasora? Putin aposta que sim.