A inflação no Brasil atingiu 4,83% em 2023 após alta de 0,52% em dezembro, um problema que é expressão da política econômica brasileira controlada por latifundiários e grandes burgueses e subjugada ao imperialismo. O número de 2024 supera o do ano anterior, que fechou com inflação em 4,62%. 4j5s6s
A alta dos alimentos (7,69%) foi uma das mais consideráveis, tendo como impulso a exportação de commodities por parte do latifúndio de novo tipo (agronegócio) patrocinado pelo governo federal com isenções fiscais e programas de crédito fácil. Os itens que mais subiram (todos commodities) foram: a carne (o contrafilé subiu 20,06%), o café moído (39,6%) e o leite (longa vida subiu 18,83%).
Além dos alimentos, outros itens que tiveram alta significativa foram a gasolina, como expressão da subserviência nacional aos cartéis controladores do petróleo e dos combustíveis, e o plano de saúde, resultante do sucateamento da saúde pública e ausência de uma política reguladora dos preços dos convênios médicos.
A lista completa da alta é:
- Café: 39,6%
- Cigarro: 23,94%
- Contrafilé: 20,06%
- Leite: 18,83%
- Etanol:17,58%
- Gasolina: 9,71%
- Mensalidades do Ensino Fundamental: 8,86%
- Serviços bancários: 8,03%
- Planos de saúde: 7,87%
- Lanches: 7,56%
Carne e café em dólar 6t3v3d
A principal razão para a alta dos alimentos foi a exportação das commodities produzidas por latifundiários. Como o governo, serviçal do latifúndio, não avançou com a reforma agrária nem impôs uma regulamentação à exportação de bens plantados em solo nacional, os latifundiários enviaram os produtos para fora, onde recebem em dólar. Ainda mais que não precisam pagar imposto de exportação, graças à isenção fiscal também não revisada por Luiz Inácio (PT). O resultado é que a quantidade do produto disponível no mercado interno cai e os latifundiários e bilionários donos dos cartéis alimentícios usam a “baixa oferta e alta procura” como justificativa para aumentar o preço.
Antes mesmo de dezembro, a exportação de café em 2024 bateu recorde anual, com 46,399 milhões de sacas de 60 quilos exportadas, 3,78% a mais que a maior quantidade já registrada (44,707 milhões em 2020). Em relação a 2023, a alta foi de 32,2%.
A carne bovina também bateu recorde de exportação em 2024, com 2,89 milhões de toneladas enviadas para fora do país e um faturamento de 12,8 bilhões de dólares para o latifúndio. Foi um crescimento de 26,2% em volume e 21,3% em receita, segundo dados do dia 7/1 da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Mesmo no atacado a carne de boi cresceu e atingiu o maior preço nos últimos 3 anos e meio, segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados e Economia Aplicada, da Esalq/USP.
O povo brasileiro comeu menos carne bovina em 2024. Em compensação, o consumo de ovos disparou, com um crescimento de 9,8% em relação a 2023. Cada brasileiro comeu 11,2% a mais de ovo em 2024 que no ano anterior. O mesmo ocorreu com a carne suína, com alta de 3,8% no consumo per capita, e com o frango, com alta de 1,1%. Os dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que prevê nova alta de consumo de frango, porco e ovos para 2025 como substituição da carne vermelha.
Gasolina a preços estrangeiros sob controle de cartéis 4y5e11
O item que mais pesou na inflação de 2024 foi a gasolina. O combustível subiu porque o fim da política de Paridade de Preços Internacionais (PPI, que equipara o preço da gasolina no Brasil ao do mercado internacional) pelo governo de Luiz Inácio (PT) foi só na aparência, e o preço dos combustiveis continua a seguir as regras do mercado internacional. Além disso, como o petróleo brasileiro é negociado em dólar (por conta do acordo imperialista de Bretton-Woods, firmado após a Segunda Guerra Mundial), os cartelistas da indústria do combustível elevam o preço nacional de acordo com a alta da moeda estrangeira. Após a alta do dólar em dezembro de 2024 e janeiro de 2025, por exemplo, a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) voltou a pressionar a Petrobras para aumentar o preço do combustivel nacional.
Bilionários de saúde lucram com doenças 4p2m3y
Os planos de saúde foram o segundo item que mais encareceram em 2024, com média de alta de 7,87%. Alguns valores chegaram a ultrar 20%, de acordo com dados publicados pelo BTG Pactual. Os planos que mais subiram foram: SulAmerica (25,8%); Bradesco Saúde (22,6%); Amil (21,2%); Hapvida (15%); e Unimed (13,5%).
Não há, no Brasil, uma política dura de limitação do aumento de planos. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) impõe um teto de reajuste para planos individuais e familiares contratados pelo beneficiário. Em caso de convênios coletivos e corporativos, contudo, as negociações de aumento são feitas entre as operadoras e as empresas contratantes. No Brasil, de 51,5 milhões de pessoas conveniadas, 42,7 milhões estão ligadas a planos empresariais ou coletivos e 8,7 milhões a planos individuais ou familiares, segundo dados da ANS de novembro de 2024. Ou seja, mais de 80% dos convênios médicos não são reajustados pea ANS.
As operadores de planos de saúde justificam as altas com três razões a faixa etária (quanto mais idosa a pessoa, mais caro o plano), a inflação e a sinistralidade (frequência com o que o plano é utilizado). Ainda segundo as seguradoras, o valor dos materiais hospitalares e custos médicos tem prejudicado os lucros. Contudo, dados ados pelo jornal A Nova Democracia mostram que todas as cinco operadoras (SulAmerica, Bradesco Saúde, Amil, Hapvida e Unimed) tiveram alta no lucro em 2024. A Bradesco Saúde teve lucro líquido de R$ 14,2 bilhões nos primeiros 9 meses de 2024 (5,5% a mais que 2023). A Unimed faturou R$ 3,6 bilhões somente no primeiro semestre de 2024, um crescimento de 22,4% em relação ao mesmo período do ano anterior.
É evidente que o sucateamento do sistema público de saúde favorece a alta dos planos de saúde, uma vez que grande parte do povo brasileiro (mesmo assim uma fatia pequena, porque a imensa maioria não tem condições financeiras de pagar planos de saúde) fica refém do sistema privado para ter o ao tratamento médico.
Juros em alta o416v
Como a inflação subiu acima da meta definida pelos reacionários do Conselho Monetário Nacional (CNM), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, vai precisar escrever uma carta para justificar a alta da inflação e esmiuçar modos de contê-la.
É previsível que o economista burguês vá defender a alta da taxa básica de juros (Selic) como forma de conter a inflação. A alta vai pressionar as milhões de famílias brasileiras endividadas (77% das famílias sofrem com dívidas atualmente), mas não vai conter a inflação, uma vez que os preços dos produtos são definidos por cartéis monopolistas (e não pela simples lógica de oferta e procura) e porque os juros altos encarecem a produção, servindo a aumentar a inflação a médio e/ou longo prazo.