Uma reportagem recente revelou que os sucessivos governos brasileiros e os militares já gastaram mais de R$ 1 bilhão em dezenas de contratos com empresas israelenses. As empresas operam principalmente na área militar, e são conhecidas por fornecerem equipamentos e serviços para as operações de massacre e encarceramento na Faixa de Gaza e Cisjordânia. As informações são do portal Brasil 247. 6e5x6l
No Brasil, os serviços e equipamentos também foram usados para instrumentos de repressão ao povo. E as negociatas são feitas como se fossem política de Estado, independente do governo: apesar dos contratos terem ficado famosos no governo Bolsonaro, os negócios tiveram sua origem no governo Dilma, em meio às manifestações de 2013-14 e aos preparativos para eventos como a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.
Empresa paramilitar
Cinco das empresas examinadas na reportagem são israelenses, e uma delas é dinamarquesa, mas opera de perto em Israel em serviços que vão desde a formação de milícias de colonos em territórios ocupados até gestão de presídios. A empresa, chamada G4S, é inclusive tida como uma “concorrente” do grupo mercenário russo Wagner, por oferecer serviços de segurança privada e formação de policiais.
E os serviços são brutais: os presídios sionistas são, via de regra e independente da gestão, conhecidos pela violação máxima dos direitos dos detentos, e por casos de tortura e assassinatos. Nessa semana, o membro-sênior do grupo patriótico Hamas, Omar Daraghmeh, apareceu morto uma semana após ser preso em um presídio israelense. Sua morte foi denunciada como um assassinato, uma vez que Daraghmeh teve uma reunião em boas condições de saúde com seu advogado na manhã do dia de sua morte e seu corpo apresentou sinais de hemorragia interna.
Mesmo assim, o governo brasileiro já fechou 29 contratos com a empresa em setores como soluções em segurança privada, consultoria e outros serviços, no valor de R$ 15,5 milhões.
Monitoramento de protestos
A Elbit é outra empresa israelense famosa, e fartamente financiada pelo governo e militares reacionários brasileiros. As negociações com a empresa começaram ainda no governo Dilma, em 2013, e já no início foram voltadas para ampliar a repressão contra as massas. Naquela ocasião, foi fechado um contrato de R$ 102,6 milhões para a compra de drones que foram usados, dentre outras atividades, para o monitoramento dos massivos protestos de junho de 2013. Os drones da Elbit já foram acusados pela ong Defense Children International Palestine (DCI) de terem sido usados no assassinato de 164 crianças palestinas em Gaza no ano de 2014.
As negociatas seguiram em 2016, quando a Marinha gastou R$ 75 milhões na compra de equipamentos de comunicação, carros de combate e desenvolvimento e renovação de sistemas operativos. O Exército, com inveja do aparato repressivo, fechou em 2017 um novo contrato. Dessa vez, os militares reacionários pagaram R$ 6,3 bilhões para a compra blindados.
O vínculo da Elbit com o Brasil é tão grande que a empresa chegou a abrir uma subsidiária em solo nacional, chamada AEL Sistemas Ltda. Os contratos fechados com a filial já superaram a cifra de R$ 702 milhões, e datam desde 2012.
Espionagem e fabricação de armas
Outras empresas israelenses financiadas pelo governo brasileiro foram a Cognyte, a estatal IAI e a fabricante de armas de pequeno porte IWI. A IWI, assim como a Elbit, foi contratada pelos mais diversos governos brasileiros: os contratos com a empresa datam desde 2013, e já custaram aos cofres do governo cerca de R$ 6,6 milhões. A IAI opera no país desde 2019, e já recebeu 65 pagamentos da Aeronáutica e da PF que somaram R$ 22 milhões.
Já a Cognyte forneceu ao governo o aplicativo First Mile, usado para monitorar indivíduos por meio da geolocalização dos celulares. O aplicativo, que onerou o governo em R$ 10 milhões, foi usado por governos estaduais, pela Abin e pela Polícia Rodoviária Federal. No caso da Abin, a agência usou o aplicativo para realizar mais de 30 mil monitoramentos ilegais contra a população brasileira.