Apuração do Estadão revela que Luís Inácio deve incluir ao pacote de corte de gastos a adequação da política de reajuste no salário mínimo, para cumprir com o arcabouço fiscal. O anúncio deve vir após reunião da cúpula do G-20 que ocorrerá no Rio de Janeiro entre os dias 18 e 19 de novembro. 41373k
Uma lei aprovada no início do mandato determina que o salário mínimo seja ajustado, para além da inflação, de acordo com o resultado do PIB, o que acarretaria em um aumento real de no máximo 2,5%. Isso em um cenário em que o aumento da inflação atinge de maneira completamente desproporcional a massa de trabalhadores, como noticiou o AND.
Luís Inácio se encontra sob forte pressão do mercado para anunciar um novo pacote de cortes de gastos, já tendo se comprometido publicamente em manter a meta fiscal de déficit zero. O corte, inicialmente, afetaria as pastas de maior peso orçamentário para a União, como Saúde e Educação, livrando o Ministério da Defesa. Os militares, porém, foram recentemente adicionados ao pacote. Os termos ainda estão em discussão entre os ministros José Mucio e Fernando Haddad.
À medida que a proposta de redução da jornada 6×1 atinge o número de deputados necessário para ser tramitada e trás para o centro do debate nacional os direitos dos trabalhadores, fica cada vez mais complexa a situação para o Palácio do Planalto. Luís Inácio, para manter seus acordos e a “estabilidade” econômica, precisa fazer o papel de defensor intransigente dos interesses do mercado financeiro, por mais que em aparência se apresente simpático às reivindicações trabalhistas.
Na decisão por esperar a reunião da cúpula do G-20 está acusado o golpe, uma vez que o governo sabe que não pode se precipitar em questões domésticas como esta, que têm potencial mobilizador capaz de colocar o povo nas ruas bem na véspera do banquete imperialista.