Latifundiários e pistoleiros deixaram, nos dias 4 e 5 de agosto, 10 indígenas feridos – três deles em estado grave – após uma série de ataques contra as retomadas indígenas Pikyxyin, Kurapa’yty e Yvy Ajere, em Douradina, interior do Mato Grosso do Sul. Os ataques ocorreram depois que as tropas da Força Nacional, estacionadas na região há dias e cientes do risco de um massacre indígena, abandonaram a área. 3m1v41
Fotos e vídeos registram as cenas do assalto: uma filmagem gravada de longe registrou as chamas do incêndio criminoso feito pelos pistoleiros. Outras fotos e vídeos mostram jovens alvejados na cabeça, na coxa e no braço e um idoso com os olhos inchados por espancamento.
Todas as três retomadas ficam na Terra Indígena (TI) Lagoa Panambi, identificada e delimitada desde 2011. A área está cercada por latifundiários e pistoleiros há pelo menos duas semanas. A Força Nacional acompanhava tudo de perto, mesmo que sem muitas ações contra os pistoleiros, conforme registrou uma reportagem de AND.
Na última semana, logo após dois ataques mais diretos contra os indígenas nos dias 1 e 2 de agosto, a Força Nacional, sem explicações, deixou a área. Os agentes estavam plenamente cientes da situação grave. “Pega teu povo e sai daqui ou vocês vão morrer”, disse um agente a um Guarani-Kaiowá em Douradina.
Com e livre, os pistoleiros atacaram as retomadas no próprio dia 3/8. Três jovens ficaram gravemente feridos, um deles com um tiro na cabeça e outro com um tiro no pescoço. Eles foram alvejados porque estavam protegendo barracos das retomadas Kurupa’yty e Pikyxyin onde estavam mais de 30 crianças e quatro bebês. Elas foram colocadas aqui porque era a área mais distante dos pistoleiros.
Os indígenas denunciam a saída inexplicada da Força Nacional, que levanta suspeitas até mesmo de um plano conjunto entre os militares e os pistoleiros. “Os agentes saíram e o ataque aconteceu. Parece que foi combinado. Queremos entender”, disse um indígena ao Conselho Indigenista Missionário (Cimi). O AND denuncia há anos a atuação conjunta de pistoleiros e forças repressivas, desde a Polícia Militar até a Força Nacional.
Depois do ataque e dos questionamentos em torno da saída injustificada das tropas, a Força Nacional acabou por voltar à área.
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A Força Nacional foi enviada para o Mato Grosso do Sul pelo governo de Luiz Inácio para, supostamente, dar proteção aos indígenas, mesmo com as acusações dos Guarani-Kaiowá de atuação conjunta entre militares e pistoleiros na região. No dia 31 de julho, o presidente se reuniu com indígenas Guarani-Kaiowá para escutar exigências. Contudo, nada foi feito para alterar o clima de guerra reacionária no estado.
As fotos abaixo incluem registros explícitos:
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