O reacionário Exército brasileiro já prepara como serão acomodados militares da reserva e da ativa que forem condenados pelas agitações golpistas de 2022, dentre eles Jair Bolsonaro (PL). As informações são da jornalista Monica Gugliano, do jornal monopolista Estadão. 1d6n2g
O Alto Comando das Forças Armadas (ACFA), que tenta se distanciar de Bolsonaro para se manter livre da desmoralização golpista, teme que a prisão de Jair Bolsonaro em instalações militares possa levar a manifestações em frente ao quartel em questão.
Extraoficialmente, os membros do Exército têm dito que o ideal seria o final do julgamento até dezembro, sem entrar em 2026, para evitar a exaltação típica de “anos eleitorais”.
Eles temem que o julgamento, amplamente publicizado na imprensa, reforce a liderança bolsonarista entre as tropas. A mesma preocupação é compartilhada por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como o próprio Alexandre de Moraes.
Moraes defende que a condenação ocorra somente na 1a turma do STF, onde há menos ministros afeitos a Bolsonaro. A ideia é fazer um julgamento rápido e unânime.
O mais provável, segundo a jornalista Gugliano, é que Bolsonaro seja condenado a cumprir pena em uma unidade militar. Já que o chefete da extrema-direita foi presidente, as instalações serão semelhantes às usadas pelo general Braga Netto. O general reservista está instalado no quarto do comandante da 1a Divisão do Exército, na Vila Militar, Rio de Janeiro, e tem o a armário, frigobar, televisão, ar-condicionado e banheiro exclusivo.
O tema foi tratado no programa A Propósito, do jornal A Nova Democracia. Nele, o Diretor e Editor-chefe de AND, Victor Bellizia, comparou a provável instalação de Bolsonaro com as “prisões de ouro”, reservadas aos criminosos de guerra condenados no Peru.
O Diretor-geral também comentou que, quanto mais publicidade a prisão tiver, mais chances Bolsonaro tem de reunificar a sua base social fascista. “Essa base segue grande, segue numerosa, segue com as mesmas posições, mas se encontra relativamente desmobilizada se comparada com um período anterior”, comenta ele.
Se o julgamento não produzir o efeito de reunificação dessa base, Bolsonaro ficará mais perto de cumprir muitos anos de cadeia. “Que Bolsonaro será preso é muito provável. Mas se ele vai cumprir a pena, e por quanto tempo, é o que está em jogo”.
Bolsonaro quer enfraquecer denúncia 4q3j3
Jair Bolsonaro, por sua vez, tem tentado enfraquecer a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). Em entrevistas recentes, o chefete da extrema-direita afirmou que o tenente-coronel da reserva, Mauro Cid, foi “torturado” e que o 8 de janeiro de 2023 foi uma “armação da esquerda”.
A estratégia de Bolsonaro é desmoralizar o processo e a condução da delação premiada de Mauro Cid ao mesmo tempo que agita a base social fascista para, posteriormente, tentar reverter a decisão.
‘Centrão’ quer sucessor b4969
Ao mesmo tempo, representantes da oligarquia financeira e da direita latifundiária concentrados no chamado “centrão”, estão exigindo que Bolsonaro escolher um “sucessor” para 2026. A insistência é para que seja Tarcísio de Freitas.
O presidente da agremiação Progressistas (PP), Ciro Nogueira, disse que se o nome for Tarcísio de Freitas, o anúncio precisa sair até o final do ano.
Marcos Pereira, presidente do Republicanos, seguiu o mesmo tom. A justificativa é que a “centro-direita” precisa de “tempo para se organizar”.
O “centrão” avalia que a chapa mais competitiva seria Tarcísio de Freitas como presidente e Michelle Bolsonaro como vice. Por outro lado, o governador goiano Ronaldo Caiado disse que formará uma chapa com o cantor Gusttavo Lima para 2026.
Isso tem incomodado Jair Bolsonaro e seus cupinxas mais próximos. Em outras entrevistas recentes, Bolsonaro insistiu que “o sucessor só eu” e que só escolherá um sucessor “depois de morto”.
Bolsonaro na encruzilhada f3m21
“Aqui está condensada a encruzilhada que está torrando a cabeça de Bolsonaro”, disse o Diretor-geral e Editor-chefe de AND, no memso programa A Propósito. “Por um lado, a desaprovação do governo, a eleição de Trump, as manifestações de Trump e Musk em favor de Bolsonaro e contra o STF, a unificação do centrão em torno de Bolsonaro: todos esses são aspectos favoráveis para Bolsonaro. Por outro lado, o chefete da extrema-direita precisa continuar aglutinar essa direita latifundiária, o centrão, ser uma liderança unificada, mas não pode concorrer. E precisa ter alguém de sua absoluta confiança para não ser roubado de sua posição”, comenta ele.
“O anúncio de Caiado e Lima são um problema grave para Bolsonaro, porque Bolsonaro era uma liderança na extrema-direita que aglutinava toda essa direita pela capacidade de mobilização. Caiado agora deixou claro que pode se alçar e arrebatar parte dessa base de Bolsonaro”, continua.
A saída de Bolsonaro é mostrar que ainda consegue aglutinar o “centrão”, mas o problema é a falta de alguém de confiança que, no futuro, não se distanciará de Bolsonaro após ter arrebatado sua base.