Usando uma lei anticomunista de 1952, o secretário de Estado ianque Marco Rubio anunciou nesta quinta-feira (27/03) o cancelamento do visto de mais de 300 estudantes estrangeiros por terem tomado parte nos protestos em apoio à heroica Resistência Palestina e contra o genocído promovido por Israel na Faixa de Gaza. 4l1620
A lei usada para deportar os imigrantes foi aprovada em 1952 sob a justificativa de impedir a entrada de “judeus bolcheviques” no Estados Unidos – o termo era usado para classificar as vítimas do Holocausto que buscavam refúgio fora da Europa.
Na época, o texto foi aprovado em um cenário que vários veteranos da inteligência nazista chegavam ao EUA, trocando a proteção do imperialismo norte-americano por serviços ao Estado ianque, que na época, sob gestão de Joseph MacCarthy, coordenava uma verdadeira “caça às bruxas” contra os comunistas ou quaisquer figuras do campo progressista ou democrático que eram assim classificados pelos ianques. A perseguição ficou conhecida como “macartismo”. Na época, o senador “democrata” Pat MacCarran propôs uma lei similar para “proteger” o EUA do “comunismo”, de “interesses judaicos” e outros “indesejáveis externos”. Mesmo assim, Rubio teve o cinismo de chamar os manifestantes agora enquadrados na lei de “antissemitas”.
O cancelamento dos vistos se soma aos suscessivos atos de repressão contra pessoas pró-Palestina no EUA. No dia 25/03, seis agentes ianques do Departamento de Segurança Interna (DHS) sequestraram a estudante de doutorado Rumeysa Ozturk da Universidade de Tufts, Massachusetts. Os agentes mascarados e sem identificação raptaram a estudante no horário do seu desjejum de Ramadã, na intenção criminosa de submetê-la à fome, apesar de não ter sido acusada de cometer nenhum crime. Por fim, a estudante foi enviada para ser concentrada junto a outros imigrantes a mais de 2,3 mil km de sua residência, ao estado da Louisiana, para onde também foi enviado Mahmoud Khalil, jovem sequestrado em condições parecidas.
Além disso, há o cenário mais amplo de deportações de imigrantes no EUA, como o revoltante e ilegal envio de centenas de presos venezuelanos para os campos de concentração de El Salvador. Trump justificou o ato alegando que os enviados eram membros de cartéis, mas integrantes das próprias forças de repressão ianques negaram esse vínculo após a deportação. De acordo com informações de um juíz norte-americano veiculadas na imprensa essa semana, os presos estão sendo torturados na prisão do país centro-americano.
O governo ultrarreacionário de Trump está justificando os casos como questão de “segurança nacional” para, assim, conseguir atropelar o Congresso e o Judiciário e executar as decisões de modo unilateral a partir unicamente do Poder Executivo. Essa centralização do poder nas mãos do Executivo, na forma de absolutismo presidencialista, é uma das formas da reacionarização do Estado com tendência ao fascismo – um processo de deformação da democracia burguesa, que altera sua forma para corresponder ao nível de crise econômica do sistema imperialista.
Essa cadeia de atos reacionários tem sido violentamente repudiado pelas massas norte-americanas. A massa judaica, que compôs uma parte importante dos acampamentos universitários pró Palestina, enfrentou a repressão policial com vigor e mais de uma centena foi encarcerada. Amanhã, protestos ocorrerão em frente às lojas da Tesla, do citar cargo do EUA, Elon Musk, pelo mundo inteiro.