Destruição de provas e sumiço de inquéritos: Depoimento de assassino de Marielle Franco expõe corrupção nas polícias 4v6l1q

Lessa detalhou como toda a PM e Polícia Civil é envolvida em esquemas de corrupção, dentre eles destruição de provas e desaparecimento de inquéritos.

Destruição de provas e sumiço de inquéritos: Depoimento de assassino de Marielle Franco expõe corrupção nas polícias 4v6l1q

Lessa detalhou como toda a PM e Polícia Civil é envolvida em esquemas de corrupção, dentre eles destruição de provas e desaparecimento de inquéritos.

Ronnie Lessa, assassino da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, deu detalhes da profundidade da corrupção nas forças policiais em audiência no Supremo Tribunal Federal do dia 27 de agosto. O assassino explicou o envolvimento de policiais na destruição de inquéritos e provas e como a Polícia Civil pode ter fornecido a arma usada na execução da vereadora.  6w6821

Lessa afirmou que, após o assassinato, o então conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), Domingos Brazão (tido como um dos mandantes do assassinato), ordenou que a arma fosse devolvida com rapidez. Para ele, isso pode indicar que a metralhadora (uma HK MP5) foi tirada de algum arsenal da Polícia Civil e precisava ser devolvida rapidamente. 

Ele afirma ainda que um esquema para pegar e depois destruir a arma teria sido fácil com a ajuda de Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil, que responde como mandante no crime

— O que nos garante que essa arma não saiu das apreensões da Polícia Civil? Quem nos garante que já teria sido dada baixa nela, ou seja, que seria destruída? — questionou o assassino. — Nós tínhamos uma peça importante ao nosso lado, que era o doutor Rivaldo, que era o chefe da Polícia Civil e, no ado, havia sido responsável pela DFAE [antiga Delegacia de Fiscalização de Armas e Explosivos, hoje Coordenadoria de Fiscalização de Armas e Explosivos].

Com experiência própria em corrupção na PM e na Civil, Lessa disse que já teve uma pistola que foi apreendida em uma favela e depois registrada na DFAE, na época que Barbosa era chefe do setor. Ou seja, pegar armas do arsenal não é um desafio na Polícia Civil, ainda mais com colaboração dos chefetes corruptos.

De acordo com a delação, quem entregou a arma para Lessa foi Edmilson Oliveira da Silva, o “Macalé, que intermediou o contato entre o assassino e Domingos e Chiquinho Brazão. Já Macalé defende que conseguiu a arma com Robson Calixto Fonseca, o “Peixe”. 

R$ 50 mil para queimar inquéritos

O empréstimo ilegal de armas não é a única prática corrupta dos policiais. De acordo com Lessa, é comum também que haja a destruição de inquéritos ou provas para acabar com investigações ou ao menos tentar impedir sua conclusão. 

Na época que os inquéritos eram exclusivamente em papel, os policiais destruíam todos os papeis por um pagamento de R$ 50 mil, de acordo com o delator. “Era pegar o papel, jogar debaixo do braço, jogar gasolina e tacar fogo”, diz ele. Hoje em dia, com os documentos virtuais, os policiais preferem desaparecer com provas para o crime nunca ser esclarecido – ainda mais no caso de crimes cometidos por paramilitares.

E não adianta achar que é caso de “algumas maçãs podres” dentro da corporação. Na verdade, as forças policiais estão envolvidas até as entranhas em irregularidades para beneficiar determinados setores aos quais servem, notadamente as classes dominantes (que pela influência política e financeira “mexem os pauzinhos” nas corporações) e os grupos paramilitares formados por próprios policiais. 

De acordo com o próprio delator, “talvez hoje se tivesse uma intervenção, uma coisa séria, e aparecesse um cara para denunciar, provando que deu dinheiro a tantos delegados, ia ter que abrir concurso. Não ia ter espaço”. Ele acrescenta que “essa é a realidade da Polícia Civil. E não é diferente da PM, não. É a mesma coisa. As polícias no Rio de Janeiro estão contaminadas há décadas”. 

É uma realidade nacional. A influência política das classes dominantes, verdadeiros patrões das polícias, afeta qualquer força policial do país. Há diversos casos, cobertos pelo AND, de irregularidades cometidas pelas forças policiais, desde a destruição de provas e manipulação de inquéritos para acobertar os próprios policiais em crimes cometidos contra o povo, seja na participação espúria em crimes de grupos paramilitares a serviço das classes dominantes. 

Paralelamente, destaca-se que, apesar das novas informações, os furos investigativos em torno do assassinato de Marielle Franco seguem abertos, sobretudo aqueles em torno da mentoria “intelectual” do assassinato (não explicado pela investigação, que taxa como mandantes dois envolvidos que a única motivação para matar Marielle teria sido uma disputa em torno de um projeto na qual a família Brazão saiu vitoriosa, e não prejudicada pela atuação da vereadora) e da relação da família Bolsonaro com o caso, inclusive diversos envolvidos, desde Ronnie Lessa até Élcio de Queiroz (motorista do carro no dia do assassinato) e a própria família Brazão.

Ao longo das últimas duas décadas, o jornal A Nova Democracia tem se sustentado nos leitores operários, camponeses, estudantes e na intelectualidade progressista. Assim tem mantido inalterada sua linha editorial radicalmente antagônica à imprensa reacionária e vendida aos interesses das classes dominantes e do imperialismo.
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