Estudantes, professores e funcionários protestaram no dia 30/05 (sexta-feira) contra o ataque frontal ao direito de estudar, representado, por sua vez, na forma do fechamento das turmas ministradas no período noturno da Escola Estadual Antônio Carlos (EEAC), em Juiz de Fora. 6d1h4
Contando com a organização de um grêmio recém-formado (representação estudantil que não existia no colégio há anos), os alunos conseguiram, junto aos professores e demais servidores, organizar uma manifestação que reuniu cerca de 50 pessoas. A representação discente, ainda que com tempo reduzido, conseguiu agitar e propagandear o ato em todas as turmas da escola no mesmo dia.
Sob agitações, música e cartazes com palavras de ordem, ocorreu o protesto, ecoando gritos de Educação não é mercadoria!, Respeito ao servidor! e Fora, Zema!.
Ataque direto contra o ensino público de todo o estado 653y1o
Uma professora que participou do protesto relatou ao correspondente local de AND que o governo já faz ameaças de extinguir o ensino noturno há tempos. Ela disse que, recentemente, tem havido contagens dos alunos em cada sala para justificar o fechamento de turmas. A tática, segundo ela é oportunista, pois vários alunos não conseguem ir às aulas por conta de problemas no trabalho.
Depois de uma dessas contagens, uma inspetora fez um relatório determinando o fechamento de quatro turmas do ensino noturno: uma turma de primeiro ano do ensino médio; uma turma de segundo ano do ensino médio; e duas turmas de terceiro ano do ensino médio. Ademais, a inspetora ainda adicionou que não há previsão para a abertura de matrículas de Ensino para Jovens e Adultos (EJA) para turmas de terceiro ano do EEAC.
Dessa forma, de maneira arbitrária, sem diálogo com os servidores ou alunos, impossibilitando um estudo aprofundado do que ocorria na escola através da investigação sobre cada aluno faltoso e seus motivos, foi comunicado aos servidores que a medida seria aplicada a partir da próxima semana à “intervenção”. Prejudicando, assim, todos que trabalham e estudam na escola — seja pela bagunça na grade de trabalho dos efetivados, seja na renda dos professores que ali lecionam sem dedicação exclusiva (perdendo seu sustento), seja na confusão na rotina dos alunos que repentinamente trocarão de turma.
Diante desse descaso com os alunos e funcionários da escola, os professores exigiram transparência e, após certa investigação, descobriram que a ameaça da Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Juiz de Fora não é somente à EEAC, mas também ao ensino noturno de muitas outras escolas estaduais da região, como o Instituto Estadual de Educação de Juiz de Fora (a Escola Normal) e a Escola Estadual Batista de Oliveira.
A Superintendência Regional de Ensino (SRE), como uma tentativa de desmobilização do protesto, deu a possibilidade de que a escola investigasse os motivos das faltas de cada aluno, de forma individual, até o mês de julho — atividade para a qual os professores se encarregaram de forma voluntária. Entretanto, a SRE manteve a decisão de fechar ao menos uma turma do terceiro ano noturno imediatamente. O objetivo disso é claro: abafar os ânimos daqueles que lutam para que, mais tarde, seja possível desmanchar todo o ensino público, do fundamental ao superior, com menor resistência por parte dos alunos, professores e demais servidores.