Centenas de camponeses organizados no Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) iniciaram uma marcha em direção à capital do Rio Grande do Sul (RS), Porto Alegre, como protesto para cobrar o avanço da reforma agrária no estado. 235w5d
Os mais de 400 camponeses, que incluem tanto assentados quanto acampados, percorreram mais de 100 km partindo de São Jerônimo, na região metropolitana, até a capital. “Faremos uma bonita marcha, com nossas famílias acampadas e assentadas do Rio Grande do Sul, nossa reivindicação é por Terra, avanço da nossa pauta junto ao governo do estado e federal. Seguiremos até Porto Alegre com toda a nossa mística e força por um Brasil mais justo”, divulgou o MST-RS em sua página de instagram.
No dia 10 de abril, camponeses ocuparam um latifúndio em Triunfo, também na região metropolitana, mas foram obrigados a recuar pelo cerco policial. Durante a ocupação, lideranças estaduais do MST denunciaram que o governo não cumpriu a promessa de dar terras às famílias que perderam suas propriedades durante a enchente de 2024. Eles também denunciaram a demora para entregar terra aos mais de 1,6 mil acampados há anos em todo o estado.
Repressão a camponeses 3ar60
A marcha faz parte do “Abril Vermelho”, período em que o MST faz ocupações pelo Brasil para pressionar o governo pela “reforma agrária”. Esse ano, mais uma vez, os camponeses foram reprimidos tanto pelas forças policiais oficiais quanto pelos grupos paramilitares do latifúndio.
Em Recife, PE, um ativista do MST sofreu uma tentativa de assassinato por atropelamento. Concomitantemente a isto, os grupos paramilitares do latifúndio agrupados sob a sigla “Invasão Zero” realizaram ataques genocidas e constantes aos povos indígenas e camponeses que ocupam áreas há anos, como foi o caso de posseiros em Machadinho D’Oeste, em Rondônia.
No Rio Grande do Sul, o Invasão Zero atua na região de fronteira nas proximidades de Bagé. Em 2024, o grupo paramilitar mobilizou pistoleiros para defender uma propriedade de 443 hectares da ocupação de camponeses. A terra já havia sido selecionada para a reforma agrária pelo Incra há quase 10 anos, e o prazo de desocupação estava muito próximo de vencer.